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Os cursos no âmbito da saúde são conhecidos historicamente por seguir um modelo engessado de ensino, onde são priorizados aspectos biológicos em detrimento dos sociais. O ensino arcaico somado a estigmas e preconceitos sobre a não resolutividade da assistência e precarização do sistema resulta em interesse reduzido pelo setor público – especificamente pelo Sistema Único de Saúde – na maioria das universidades. Isso se dá devido à distância ainda recorrente entre o ensino-aprendizagem proposto pela academia e o entendimento sobre a importância da atuação diante das reais necessidades da população, onde estão contidos elementos sociais, políticos e econômicos, de gênero, culturais, entre tantos outros aspectos. Ou seja, é fundamental dispormos de ferramentas que levem o profissional de saúde ao encontro com a realidade da população a fim de abordar o que a compõe, criando um sentido ampliado de saúde. Com o objetivo de apontar a possibilidade de novas abordagens teórico-práticas, demonstraremos como o VER-SUS Sergipe contribuiu para a formação político-pedagógica diferenciada. Vivências e Estágios na Realidade do SUS (VER-SUS) é um projeto da Rede Unida e estratégia do Ministério da Saúde, que proporciona através da imersão no sistema e contato com a comunidade, a aproximação dos estudantes e profissionais de saúde com o cotidiano do SUS. O presente relato traz a experiência da construção metodológica do projeto VER-SUS Sergipe, além de salientar as mudanças observadas e elencadas pelos viventes após a vivência. A vivência em Sergipe se deu entre os dias 16 e 27 de Junho de 2015 na Escola de Formação “Canudos”, Assentamento Moacir Wanderley, no Povoado Quissamã. Para o VER-SUS Sergipe, a Educação Popular representou o alicerce metodológico, pois é entendido que sob o aspecto do protagonismo dos diversos sujeitos é possível a construção do conhecimento de forma coletiva e fundamentada no processo dialético, direcionando da mesma maneira a associação entre o conhecimento da realidade, experiências, e conhecimentos do processo de formação, contribuindo assim para uma metodologia ativa. Ao todo participaram 50 viventes de diversos cursos e regiões do Brasil, disseminando nos espaços a contribuição multiprofissional e interdisciplinar – itens essenciais no planejamento das ações e políticas do SUS. A articulação com os atores sociais se deu através de espaços expositivos em plenária onde foram discutidos temas como: Reforma Sanitária Brasileira, Como Funciona a Sociedade, Opressões, Movimentos Sociais e Análise da Conjuntura Brasileira, além da vivência em unidades de saúde, assentamentos do MST e ocupações do MOTU. Foi observado que tais discussões despertaram os ideais dos viventes para a militância em defesa do direito à saúde, potencializando a mobilização social. O que pôde ser observado em suas atuações em mobilizações pós-VER-SUS, tais como Conferências de Saúde, Centros Acadêmicos e Diretórios Estudantis. Assim, o VER-SUS Sergipe teve grande contribuição para a saúde pública e para a Educação em Saúde, visto que foi o primeiro momento de engajamento e defesa das políticas do SUS para a maioria dos viventes, e os estudantes que buscam esse conhecimento são os profissionais integrais e humanizados do SUS que almejamos.

VER-SUS; formação; Educação Popular