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Ações de alimentação e nutrição na atenção primária: o olhar dos gestores da rede municipal de saúde de Fortaleza
Última alteração: 2015-10-30
Resumo
Apresentação: As ações de alimentação e nutrição na atenção primária enfrentam grande desafio em viabilizar um modelo de assistência que atenda, cure e oriente com base em práticas promotoras de saúde e a inserção do profissional nutricionista ainda é insuficiente para atender toda a população (JAIME et al., 2011; BRASIL, 1999). O presente trabalho tem como objetivo conhecer as ações de alimentação e nutrição desenvolvidas nas Unidades de Atenção Primária em Saúde através dos gestores da rede municipal de Fortaleza, Ceará. Desenvolvimento: O estudo foi descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. A coleta dos dados foi feita no período de fevereiro a agosto de 2015, através de entrevista semiestruturada com gestores em 85 unidades de saúde nas seis regionais de Fortaleza. A amostra representou 92,0% do total geral de unidades da cidade. Resultados: Foram entrevistados 85 gestores, um em cada unidade, sendo a maioria do sexo feminino (81,1%), com idade média de 44,5 anos. Quanto ao grau de escolaridade, 71,7% possuem ensino superior completo, sendo a maioria enfermeiros e dentistas, possuindo 48,2% especialização e 11,7% com mestrado na área de saúde. Em relação ao preparo e qualificação para exercer a gerência, apenas 20% realizaram capacitação em gestão e 80% não possuíam qualquer curso na área de gestão. O tempo médio de trabalho na Atenção Primária à Saúde foi de 15 anos e como gestor quatro anos. Poucas unidades de saúde (17,6%) apresentaram nutricionista e em apenas 15,2% delas não são realizadas nenhum tipo de ação de alimentação. Para os que responderam realizar ações de alimentação e nutrição em sua unidade, 51 gestores (60,7%) afirmaram realizar ações de caráter universal e 20 (23,8%) de caráter específico. Quanto aos grupos atendidos por tais ações, em 79,8% das respostas são gestantes, 75% crianças, 60,7% adultos, 50% adolescentes, 79,8% idosos, 52,4% anciões e 7,1% outros. A ausência de profissionais capacitados (67%) e de estrutura física e operacional adequada (34,1%) foram as principais dificuldades apontadas pelos gestores para desenvolver as ações de alimentação e nutrição nas unidades de saúde. Compromisso dos profissionais (63,5%), integração das equipes de trabalho (60%), e participação ativa da comunidade (34,1%) foram destacadas como as principais facilidades encontradas. A sugestão mais referida para a melhoria das ações foi a presença do nutricionista na unidade (61%). Considerações finais: Os dados mostraram que a maioria dos gestores não possuem cursos específicos de gestão em saúde e estes não são pré-requisitos para gerir as unidades, o que pode interferir no modo de operacionalização das estratégias nos serviços de saúde. A maioria das unidades não possui nutricionista, e os gestores reconhecem a importância desse profissional para ampliar as ações desenvolvidas.
Palavras-chave
Atenção Primária à Saúde; Programas e Políticas de Alimentação e Nutrição; Gestão em Saúde.
Referências
JAIME, P. C.; SILVA, A. C. F.; LIMA, A. M. C.; BORTOLINI, G. A. Ações de alimentação e nutrição na atenção básica: a experiência de organização no Governo Brasileiro. Rev. Nutr., Campinas, v. 24, n. 6, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 710, de 10 de junho de 1999. Aprova a Política Nacional de Alimentação e Nutrição - PNAN e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 14, 11 jun. 1999.