Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Percepção dos Residentes: princípios e concepções da educação interprofissional na residência multiprofissional em saúde
Isis Alexandrina Casanova, Lídia Ruiz Moreno, Nildo Alves Batista

Última alteração: 2016-03-07

Resumo


Uma das prioridades, na atualidade, das Instituições de Ensino Superior (IES) é formar profissionais de saúde capazes de trabalhar em equipe e na integralidade do cuidado do ser humano, em consonância com as diretrizes emanadas dos Ministérios da Educação e Saúde. Assegura-se assim um profissional de saúde que não abre mão da especificidade de uma área do conhecimento e do trabalho cooperativo e nesse contexto se insere a Educação Interprofissional (EIP). Objetivo: analisar a percepção dos residentes quanto aos princípios e concepções da EIP presentes nos Programas da Residência Multiprofissional em Saúde (PRMS). Casuística e método: foram incluídos PRMS que abrangessem três profissões de diferentes áreas da saúde em funcionamento no Estado de São Paulo. De quatorze IES convidadas, duas aceitaram colaborar, totalizando 23 PRMS e, destes, somente 13 se propuseram a participar. Este estudo apresentou uma abordagem quali-quantitativa, de caráter exploratório descritivo com residentes do último ano (R2) dos PRMS. Utilizou-se de instrumento em escala atitudinal do tipo Likert com 20 assertivas compondo três dimensões: D1: aprendizagem compartilhada, D2: formação para o trabalho em equipe e D3: desenvolvimento de competências para prática colaborativa, e três questões abertas, sendo para este estudo, analisada a questão relacionada à formação para o trabalho em equipe. As assertivas da escala Likert foram validadas e, para cada uma, quatro possibilidades de resposta (concordo, concordo totalmente, discordo e discordo totalmente), análise na escala Likert está baseada em três intervalos de pontuação: 1 a 1,99 zona de perigo; 2,00 a 2,99 zona de alerta e 3,00 a 4,00 zona de conforto. Para a análise da questão aberta foi utilizado a técnica da análise de conteúdo, denominada análise temática. A pesquisa foi aprovada sob o CEP da Unifesp sob o registro 429.129/2013. Resultados: A população total correspondeu a 121 (R2), com 21 e 24 meses de curso. Destes, 76 responderam ao instrumento Likert entre dezembro de 2014 a março de 2015. As médias das dimensões analisadas situaram-se na zona de conforto: aprendizagem compartilhada: 3,20; formação para o trabalho em equipe: 3,23 e desenvolvimento de competências para prática colaborativa: 3,31. A análise temática das respostas sobre a formação para o trabalho em equipe permitiu identificar as categorias: atendimento conjunto; tomada de decisão compartilhada no tratamento; integralidade do cuidado com centralidade no paciente; reconhecimento dos limites e especificidades de cada profissão e integração entre as mesmas. As fragilidades descritas foram: dificuldades e desafios para manter o trabalho conjunto na equipe; crítica ao modelo hospitalar centrado no médico, falta de integração de algumas equipes com pouco envolvimento dos profissionais na discussão e dificuldade na construção da identidade profissional. Conclusão: Há uma forte tendência dos profissionais pesquisados de perceberem positivamente a importância e a valorização da formação para o trabalho em equipe vivenciada na aprendizagem compartilhada e na prática colaborativa, que surgem na RMS, orientada pelas necessidades dos usuários e, pelo trabalho em equipe. Existem ainda, desafios e fragilidades que precisam ser superados, apesar do grande potencial dos PRMS.

Palavras-chave


residência não médica; educação interprofissional;formação de recursos humanos em saúde

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