Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Trabalho de Campo Supervisionado II: uma experiência curricular de inserção na APS
Patty Fidelis de Almeida, Matheus Oliveira Bastos, Michele Agostinho Condé, Natália Janoni Macedo, Julia de Matos Feteira, Felipe Pacelli Botelho, Rodolpho Luiz da Silva

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


O componente Trabalho de Campo Supervisionado II é desenvolvido na segunda fase do curso de Medicina da Universidade Federal Fluminense e, a partir da diversificação de cenários de ensino-aprendizagem, propõe o desenvolvimento de competências em três grandes eixos: território, processo de trabalho e cuidado integral à saúde, sobretudo no campo das unidades de APS. O objetivo do trabalho é analisar o papel de TCSII na formação dos alunos do curso de Medicina no que se refere às possíveis contribuições e alcance da disciplina para a formação de profissionais mais sensíveis às demandas do SUS, capazes de reconhecer os múltiplos determinantes do processo saúde/doença e a importância do trabalho em equipe. É apresentado relato de experiência de um grupo estudantes de medicina, no contexto da disciplina de TCS II, em uma unidade do Programa Médico de Família de Niterói, durante o ano de 2014, respectivamente, 3º e 4º períodos do curso. Nos dois semestres, os alunos acompanharam a rotina do PMF, focados nos três eixos que caracterizam a disciplina. Da experiência do campo, acompanhada por meio de análise de conteúdo dos relatos escritos das vivências e reflexões cotidianas, emergiram categorias utilizadas para descrever e analisar as contribuições da inserção sistemática na APS, como um dispositivo de mudança na formação em saúde, particularmente na formação médica. Cinco foram as categorias que emergiram do campo e que servem como eixo condutor para apresentar as principais contribuições da APS como dispositivo de transformação da formação em saúde: Reconstrução do conceito de complexidade em saúde e de hierarquia da rede – desconstrução do imaginário que remete a APS a um nível de baixa complexidade e aproximação à realidade do processo de constituição das Redes de Atenção à Saúde de regionalização e os atravessamentos provocados pelos fluxos informais; Organização do processo de trabalho na APS e a longitudinalidade do cuidado – o conhecimento ampliado sobre o usuário possibilitado pelo vínculo permite realização de diagnóstico e tratamento mais assertivos assim como a organização do processo de trabalho da equipe amplia ou limita as possibilidades de atuação na APS; Inserção no território e o papel do Agente Comunitário de Saúde – reconhecimento da importância da visita domiciliar para o desenvolvimento da Vigilância em Saúde e o papel e importância do ACS; Quem é o médico da APS? - percepção das implicações da atuação da APS de profissionais sem residência em MFC; Outros espaços de aprendizagem: atuação em ações de promoção da saúde – evidenciou-se o espaço das práticas promocionais como dispositivo de transformação social e deslocamento de um olhar prescritivo para uma escuta empática, mobilizadora de afetos, dimensão relegada no processo de formação. A APS como cenário de aprendizagem é um espaço potencial para oferecer uma nova perspectiva de formação. Ainda assim, observamos que, de certo modo, o currículo do curso de Medicina reproduz o ideário de desvalorização da APS, circunscrevendo-a a um período no qual ainda não foram cursadas disciplinas clínicas, reforçando o imaginário de que a APS é lugar apenas de atividades preventivas e promocionais.

Palavras-chave


Educação em saúde, currículo, Atenção Primária à Saúde