Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O OLHAR DO TRABALHADOR EM SAÚDE SOBRE A MODALIDADE DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Thais Paulo Teixeira Costa, Janete Lima de Castro

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


APRESENTAÇÃO: A sociedade moderna parece viver um conflito desenfreado com o tempo e, nessa relação turbulenta, a tecnologia aparece como mediadora de ansiedades. A ordem dos relógios, aparentemente, passa a impulsionar novos desejos e sonhos de tal forma que duas palavras aparecem como protagonistas: Inovação e Tecnologia. Na sociedade do conhecimento e da informação, ressaltada por Castells (1), a educação assume o papel de destaque na medida em que se reconhece que o conhecimento é o combustível da tecnologia, como afirma Toffler (2). Tendo essa afirmação como ponto de partida, é possível dizer que inovação, a tecnologia e a educação estão intrinsecamente relacionada. Nesse contexto, a qualificação da força de trabalho não pode ser vista apenas como uma demanda do próprio trabalhador, mas também como uma necessidade dos serviços de saúde que precisam de trabalhadores que compreendam as exigências de um tempo de constantes mudanças.   Na área da gestão do trabalho e da educação na saúde, a situação não se apresenta de forma diferente. Nesse sentido, o setor responsável pela coordenação da área assume a importante missão de viabilizar a política de educação permanente na instituição e garantir a existência de instrumentos e estratégias de gestão do trabalho, na perspectiva de valorização do trabalhador e da qualificação dos serviços prestados à população. Logo, ressalta-se que os profissionais do referido setor devem estar capacitados para cumprirem a missão estabelecida. Com o propósito de qualificar os citados profissionais, foi concebido o Curso de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (CGTES), fruto de uma parceria consolidada entre o Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por meio do Observatório de Recursos Humanos, estação de Trabalho da Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde, coordenada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana da Saúde/Representação do Brasil. De acordo com Castro, Vilar e Liberalino (3), CGTES se caracteriza por ser direcionado à qualificação de gestores do trabalho e da educação do Sistema Único de Saúde, utilizando a modalidade de Educação a Distância (EAD) como uma estratégia educacional capaz de atingir maior número de profissionais envolvidos direta e indiretamente, nesse campo de atuação. Nesse sentido, Castro et al. (4), alerta que a “EaD tem o potencial de ampliar, cada vez mais, a inclusão educacional. Contudo, o foco não deve ser apenas ofertar cursos e ampliar a abrangência de cada curso", mas sim, "propiciar aos alunos uma aprendizagem que tenha como característica a autonomia e a interatividade". Para Belloni (5), a EaD surge como caminho incontornável, como uma nova solução de melhoria da qualidade do ensino, no sentido de adequá-lo ao século XXI. Tendo como base os posicionamentos dos autores citados e o contexto de realização do CGTES, apresenta-se o objetivo deste trabalho: identificar os motivos que levam o trabalhador e o gestor de saúde a eleger um curso desenvolvido na modalidade de Educação a Distância para sua capacitação. MÉTODO DO ESTUDO: Este artigo é parte de Trabalho apresentado para Conclusão de Curso de Graduação em Gestão de Sistema e Serviços de Saúde/Saúde Coletiva da UFRN. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso. A pesquisa de campo foi realizada nos meses de julho e agosto de 2015. Foram sujeitos da investigação os alunos do curso de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, da UFRN, da turma do estado de Goiás. A entrevista foi a técnica de coleta de informação utilizada. Foram entrevistados todos os alunos que se disponibilizaram a conceder a entrevista e foi utilizado o critério de saturação das respostas. As entrevistas foram realizadas " ao vivo" ou via Skype", dependendo da disponibilidade do entrevistador e do entrevistado. Foi elaborado um roteiro com questões abertas para fins de orientação do entrevistador. Todas as entrevistas foram transcritas na íntegra e analisadas por meio da técnica de Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (6). O projeto de pesquisa foi submetido ao comitê de ética, conforme determinado pela Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde. Os sujeitos da pesquisa foram informados quanto aos objetivos do estudo e quanto à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que trata da participação voluntária e anônima. RESULTADOS: A análise das entrevistas revelou que a EaD pode ser uma estratégia a ser utilizada pelos programas de educação permanente das instituições de saúde na perspectiva de garantir a participação dos gestores e equipes gestoras nos processos de capacitação, devido a sua flexibilidade de horário e da possibilidade de realizar os estudos em qualquer espaço, sem, no entanto, esquecer o critério da qualidade. Os dados empíricos da pesquisa corroboram estudos como o de Fiuza e Sarriera (7) que destacam a flexibilidade de horário e a possibilidade de conciliar outros afazeres com os estudos, como alguns dos elementos que atraem o aluno para os cursos desenvolvidos a distância. Portanto, considerando que a força de trabalho do SUS está distribuída em todos os municípios, e que muitos dos trabalhadores e/ou gestores têm dificuldade para serem liberados pelo serviço, essas características da EaD são muito valiosas para os programas de educação permanente das instituições de saúde. Outro dado importante, evidenciado, destaca que associação das Tecnologias Educacionais com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação podem propiciar aos alunos uma aprendizagem que tenha como características a interatividade e autonomia. CONSIDERAÇOES FINAIS: A demanda por conhecimento se intensificou com as alterações decorrentes do mundo globalizado e seus constantes avanços tecnológicos. Nesse contexto, a EaD se apresenta como uma possibilidade para o ensino não só no Brasil, mas em todo o mundo. No setor saúde, a EaD pode fortalecer a Política Nacional de Educação Permanente, possibilitando uma formação de qualidade aos trabalhadores que encontram-se nos mais distantes serviços de saúde, oportunizando trocas de experiências em diversas realidades. Ao concluir este trabalho, compreende-se que os alunos, ao escolherem a EaD, reconhecem que ela se ajusta às suas necessidades de ser um trabalhador ou gestor da saúde sem, no entanto, prejudicar a qualidade necessária aos processos educacionais. Acredita-se que este estudo poderá contribuir nas avaliações dos cursos a distância, como também para a reflexão das instituições de saúde sobre as potencialidades da Educação a Distância enquanto uma estratégia que poderá apoiar as políticas de educação permanente do SUS.

Palavras-chave


(Educação a distância; educação permanente; aluno; motivos de escolha; saúde)

Referências


  1. CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede. - ( A era da Informação: economia, sociedade e cultura, v.1), São Paulo: Paz e Terra, 1999.
  2. TOFFLER, Alvin. O choque do futuro. Rio de Janeiro: Record, 1999.
  3. CASTRO, Janete Lima de. VILAR, Rosana Lúcia Alves de. LIBERALINO, Francisca Nazaré. Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Natal: EDUFRN, 2012
  4. CASTRO, Janete Lima de; et al. Educação a Distância: uma estratégia para educação permanente dos trabalhadores de saúde. In: Inovação Tecnológica em Educação a Distância: uma abordagem convergente. HEKIS.Hélio Roberto; et al. Natal: EDUFRN, 2013.
  5. BELLONI, Maria Luiza (2012). Educação a distância. Campinas, SP: Autores Associados.
  6. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2008.
  7. FIUZA, Patricia Jantsch; SARRIERA, Jorge Castellá. Reasons for student adhesion and permanence in distance high education. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 4, p. 884‐901, 2013.