Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O perfil dos cuidadores de pacientes pediátricos com fibrose cística
Stella Pegoraro Alves, Denise Bueno

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


O objetivo deste trabalho foi identificar o perfil do cuidador principal de pacientes pediátricos com Fibrose Cística, assim como os caminhos percorridos e as dificuldades enfrentadas pelos mesmos perante o tratamento. Estudo transversal, descritivo e prospectivo, no qual foi realizada, durante a consulta farmacêutica, entrevista com cuidadores de pacientes com Fibrose Cística acompanhados em um Centro de Referência de um Hospital Universitário do Sul do Brasil, no período de dezembro de 2014 a maio de 2015. Foram coletadas informações gerais sobre os cuidadores, assim como informações sobre o entendimento da patologia, os medicamentos em uso do paciente e a dinâmica do tratamento em domicílio. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, do Grupo de Pesquisa e Pós Graduação da instituição na qual o estudo foi realizado. Dos 78 pacientes incluídos no estudo, 3 relataram que não possuíam cuidador, sendo totalizados 75 entrevistados. A maioria (98,7%) era do sexo feminino e 96% dos casos os cuidadores configuraram-se na figura materna. Apenas 14 entrevistados (17,9%) informaram revezar os cuidados. A idade variou de 20 a 64 anos, sendo a média de 37,3 anos. A maioria (29,3%) possuía o ensino médio completo e 51% não trabalhava fora do domicilio. Mais da metade dos cuidadores (64%) demonstrou possuir bom entendimento sobre Fibrose Cística, 25,3% entendimento regular e 10,7% entendimento ruim da doença. Foi relatado que 56,6% dos pacientes são acompanhados somente nesse Centro de Referência. Sobre os medicamentos a média é de 6,5 medicamentos prescritos por paciente de um total de 485, desses, os entrevistados souberam relatar a utilização correta de mais de 80% deles. Sessenta e um entrevistados referiram dificuldade de aquisição de um ou mais medicamentos, totalizando 98 medicamentos, sendo a maioria polivitamínicos importados pela Secretaria Estadual de Saúde. Muitos relatam dificuldades para obter informações sobre a falta de medicamentos por parte dos serviços de saúde assim o incômodo com a complexidade dos envios das receitas de medicamentos e laudos para os órgãos competentes. Para o paciente não interromper o tratamento com o medicamento em falta, 22,4% dos entrevistados informaram recorrer às Associações de Fibrose Cística, porém 24,5% permaneceram sem o medicamento até uma possível normalização. As dificuldades no tratamento, além da aquisição dos medicamentos, foram relatadas por 32% dos entrevistados: 11,5% informaram dificuldade na administração dos medicamentos, 10,3% na realização da fisioterapia e outros 10,2% relataram outras dificuldades como na alimentação do paciente, realização de atividades físicas e renovação das receitas.  Observou-se o gênero e a figura materna representando nesse contexto de cuidado em saúde, um papel importante na continuidade do tratamento. A exigência de uma atividade exclusiva do cuidador altera o cotidiano familiar, gerando sobrecarga e impactos na vida desses. As associações de Fibrose Cística para os pacientes apareceram como alternativas na busca dos cuidadores ao itinerário terapêutico do medicamento quando existe dificuldade de acesso.

Palavras-chave


Fibrose Cística; Cuidadores; Assistência Farmacêutica