Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
Gestão de conflitos: mapeamento dos conflitos interprofissionais no ambiente de urgência hospitalar
Nayara Mary da Silva Pena Bento, Isabella Diniz Faria, Carla Regina Carvalho S. Gonçalves
Última alteração: 2015-10-30
Resumo
A convivência interpessoal no ambiente laboral é uma experiência cada vez mais desafiadora, uma vez que a civilização é marcada pela pluralidade de crenças, valores e culturas. No ambiente hospitalar, os conflitos podem ser encontrados entre profissionais, promovendo um desgaste nas relações interdisciplinares e consequente prejuízo no processo de trabalho. Dentro desse contexto, foi realizada a presente pesquisa, com o objetivo de mapear os conflitos existentes no setor de urgência e emergência de um hospital de média complexidade, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, e promover reflexões quanto às estratégias de resolução dos mesmos. Trata-se de um estudo piloto exploratório descritivo, de caráter quali-quantitativo, realizado de agosto a setembro de 2015. A amostra foi constituída por 15 profissionais lotados no setor de urgência e emergência (pronto-socorro). A coleta de dados foi realizada a partir da aplicação de um questionário semiestruturado para os profissionais do hospital, respeitando todos os preceitos éticos. O questionário possui 12 questões norteadoras, divididas em 5 eixos principais: identificação dos conflitos; interferência do conflito no processo de trabalho; estratégias de resolução adotadas; envolvimento da Instituição na resolução do conflito e reflexões sobre a experiência e resolução do conflito. Após análise dos dados coletados, foi possível observar que da amostra total de 15 profissionais, 10 destes informaram terem vivenciado situações de conflito no setor de urgência e emergência. Dentre os principais motivos podem ser citados a dificuldade de comunicação, sensação/abuso de poder, falta de responsabilidade dos profissionais, divergências na conduta profissional, fofocas e intrigas. A maior parte destes profissionais descrevem a experiência de forma negativa. Dentre estes profissionais, 9 acreditam que tais conflitos não impactam em seu processo de trabalho e 6 acreditam que eles geram desarmonia e incômodos entre os trabalhadores, causando desestímulo e cansaço, promovendo atritos, dificultando o trabalho em equipe, dentre outros. Embora alguns profissionais tenham criado estratégias próprias de resolução de conflitos ou tenham indicado estratégias adotadas pela instituição, muitos consideram o nível de contribuição e participação da instituição ruim. Os conflitos reincidiram em 90% dos casos, mostrando que não foi adotado estratégias de resoluções de conflitos eficazes. Considera-se que os conflitos podem se tornar negativos quando não bem gerenciados ou construtivos à medida que sugerem novas possibilidades. Torna-se imprescindível avaliar o contexto destes conflitos na Instituição, de forma a aferir o impacto deste, para então geri-lo de maneira adequada e eficiente. Considera-se que esses resultados trazem uma reflexão sobre a importância de se tratar o conflito enquanto um propulsor para novas reflexões da prática profissional em saúde. A gestão de conflitos pode se tornar uma boa ferramenta para impulsionar o crescimento pessoal, a inovação e a produtividade, promovendo uma cultura de paz e um ambiente harmonioso para os trabalhadores no ambiente hospitalar. Descritores: Estratégias, Conflito, Profissionais de saúde, Serviço Hospitalar de admissão de pacientes.
Palavras-chave
Conflito; Profissionais de saúde; Urgência e Emergência.
Referências
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