Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Psicólogo de Saúde da Família: Estudo das Demandas por Apoio Matricial
Tatiane Tavares Menezes, Isabel Domingos Martinez dos Santos, Helena Maria Seidl Fonseca

Última alteração: 2015-11-27

Resumo


O presente trabalho retrata a experiência vivida no campo de prática em Unidades de Saúde da Família, no município do Rio de Janeiro, por duas psicólogas residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz. Para isso, foram levantadas as principais demandas que, no período de um ano e meio, justificaram a solicitação de apoio matricial das residentes pelos trabalhadores da equipe mínima da ESF. Nesses casos era identificada a necessidade de intervenção de um profissional da saúde mental ou em especifico do psicólogo. Sendo assim, dentre as principais demandas levantadas foram encontradas: pedido de avaliação psicológica para crianças em virtude de queixas escolares como: hiperatividade falta de atenção, agressividade e dificuldades de aprendizagem. Foi solicitado encaminhamentos de crianças e adolescentes para especialidades médicas, como psiquiatria e neurologia; necessidade de atendimento e discussão de casos complexos envolvendo famílias que apresentavam diversas questões como dificuldades de lidar com a infância ou a adolescência de seus filhos. Geralmente em situação de conflitos relacionados à autonomia, disciplina, sexualidade e integração entre os pares, e ainda, situações de violência doméstica contra crianças, problemas jurídicos com curatela e tutela de crianças ou pessoas com transtorno mental grave. Atendimento de adultos que apresentavam sinais e sintomas de transtornos ansiosos como síndrome do pânico, ansiedade generalizada e quadros de insônia, além de transtorno bipolar, depressão leve e moderada, relatos de alucinações e delírios, deficiência mental e demência. Atendimento a adultos em uso e abuso de álcool e outras drogas, em processo de luto pela perda de familiares, além de sofrimento emocional decorrente de adoecimento físico como cegueira, HIV positivo e neoplasias, um tema muito frequente nos atendimentos realizados é a violência vivida no território e usualmente há relatos de tentativas de suicídio pelos usuários. Solicitação de organização e maior conhecimento sobre as prescrições de medicações controladas. Acredita-se que trazer à luz essas demandas evidencia o processo saúde-doença (mental) na coletividade e no território o que contribui para o estabelecimento de diálogos futuros a respeito de como a psicologia na perspectiva do apoio matricial vem contribuindo para a construção do cuidado em Saúde Mental na ESF. Como impasse, destaca-se a formação do profissional psicólogo para o atendimento a diversidade de demandas que se apresentam. Conclui-se apontando o quanto a residência multiprofissional em Saúde da Família vem constituindo-se como espaço profícuo para a necessária articulação entre ensino-serviço na produção de um cuidado integral em saúde como diretriz do SUS e atribuição da Atenção Básica.

Palavras-chave


Saúde da Família; Residência; Psicologia