Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: APOIO MATRICIAL NA ESF LOTHAR FRANZ
Marinês Finco, Ricardo Dantas Lopes, João Luiz Gurgel Calvet da Silveira, Judite Hennemann Bertoncini

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, com processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica. Por possibilitar este cuidado compartilhado a equipe da Unidade de Saúde ESF Lothar Franz, de Blumenau/SC optou em fazer parte do projeto do apoio matricial em Saúde Mental a partir de 2010. Objetiva-se relatar a experiência do apoio matricial em saúde mental. O processo de trabalho inclui a definição de um cronograma anual de encontros. Nos primeiros anos foram realizados quatro encontros ao ano, e em 2015 foi acordada a realização de três encontros ao ano, pois todos os casos foram discutidos e estão com bom seguimento. Os encontros ocorrem trimestralmente, com a vinda da equipe de matriciamento até a Estratégia de Saúde da Família. Esta equipe é composta por um membro de cada Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-AD - álcool e drogas, CAPSi – infantil, e CAPS II), e os encontros têm a duração de no máximo duas horas. Há um acordo pactuado com a gestão e com o Conselho Local de Saúde para que a Unidade de Saúde fique fechada durante o matriciamento, possibilitando a participação de todos os servidores da equipe. São selecionados previamente os casos a serem discutidos no encontro. A coordenação envia e-mail para a equipe do apoio matricial, para que os prontuários dos usuários dos CAPS sejam trazidos no dia do matriciamento. Durante os encontros há a discussão caso a caso. As equipes expõem as informações obtidas e as condutas já tomadas, e após esta primeira conversa, diferentes impressões e pontos de vista são demonstrados, definindo-se em conjunto as condutas a serem tomadas. Em algumas situações selecionadas a opção definida no encontro é a realização de uma visita domiciliar conjunta, pois segundo o Ministério da Saúde, estas são capazes de aumentar o número de pistas importantes para olhos e mentes abertos, auxiliando consideravelmente a tomada de decisões. A visita domiciliar é um importante recurso quando os profissionais se sentem em um “beco sem saída” na forma de conduzir um caso. Outra estratégia comumente usada é o contato telefônico, que é utilizado quando há o surgimento de uma situação nova que demande conhecimento clínico ou de processo de trabalho especializados em saúde mental por parte da equipe de ESF, ou de conhecimento da família ou da comunidade por parte do CAPS. O contato é feito através do profissional da equipe de matriciamento que em cada CAPS torna-se referência pelo estreitamento dos vínculos, resultado das reuniões de matriciamento. Após a efetiva implementação da estratégia de matriciamento, nota-se a consolidação das discussões de casos, efetivação da educação permanente, aproximação dos serviços, fortalecimento de vínculo, com responsabilidade compartilhada, com melhor entendimento dos fluxos de referência, aumento da resolutividade e da qualidade de vida dos usuários e familiares.

Palavras-chave


Estratégia de Saúde da Família; Trabalho; Matriciamento; Saúde mental.

Referências


BRASIL. Guia prático de matriciamento em saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.