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A educação dialógica  fundamenta-se essencialmente por meio da reflexão e da troca de experiências e saberes entre os sujeitos e destes com o mundo com vistas à construção de uma consciência crítica, que conduza a uma práxis transformadora da realidade social. O objetivo deste trabalho é apresentar uma experiência de releitura das intenções e possibilidades de uso do mural na formação em Nutrição para atuação no SUS. A construção de murais interativos tem sido utilizada como estratégia de formação, em uma perspectiva inovadora, problematizadora, crítica, dialógica e participativa, desde 2011 na disciplina Educação Alimentar e Nutricional e a partir de 2014 implementada no Estágio Supervisionado em Saúde Pública do Curso de Graduação em Nutrição da UNIRIO e da UFF, respectivamente. Compreendendo que as paredes podem ser um espaço de interlocução onde as diferentes vozes circulantes se expressam, trabalha-se com a concepção ampliada da alimentação e saúde. Assim, os murais são concebidos com intencionalidades complementares: com os estudantes, no processo de ensino-aprendizagem para o uso desta estratégia  no seu cotidiano e futuro profissional, com o público leitor, para a construção do conhecimento e circulação de informações e para ambos, como dispositivo para o pensamento reflexivo e crítico sobre a multidimensionalidade da alimentação e da saúde. Esta estratégia envolveu até o momento cerca de 10 docentes, 230 discentes e público leitor. A partir do tema gerador a cada semestre são definidos coletivamente subtemas. Os estudantes  divididos em grupos, ficam responsáveis pela elaboração e ocupação do mural por 2 a 3 semanas. Neste processo de formação, de acordo com a temática e reflexões teórico-metodológicas são debatidos e definidos os conteúdos, as estratégias de comunicação, os dispositivos de interação com público e a expressão plástica do mural. É incentivado o uso de múltiplas linguagens: ensaio fotográfico, músicas, cordel, desenhos, colagens, maquetes, experiências sensoriais.  A partir das avaliações os estudantes apontam como potencialidades desta estratégia: o trabalho em equipe e a discussão coletiva; a leitura de jornais e revistas; o reposicionamento político-ideológico sobre as temáticas frente à abordagem científica biologicista; o olhar crítico sobre a mídia; bem como as formas inovadoras de educação, comunicação e expressão plástica. Como dificuldades apontaram o pensar mais abrangente, a criatividade no fazer manual, a criação de dispositivos de interação. Quebrar o paradigma tradicional e construir outras formas de educação e comunicação calcada na construção coletiva, interação e criatividade estética e na abordagem dos conteúdos, tem se mostrado um desafio. Esta estratégia de formação tem se mostrado inovadoras para os sujeitos, docentes e futuros trabalhadores. A cada semestre vêm sendo aprimorada e tem se constituído como inspiração para outras universidades e serviços, podendo ser uma ferramenta de ação-reflexão-ação em saúde coletiva no SUS.

Formação em saúde; Estratégia educativa; Murais