Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Potência de vida revelada nas narrativas de pacientes internados em uma enfermaria de oncohematologia
Magda Souza Chagas

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: Os encontros que tem ocorrido entre pacientes e profissionais em grande parte das instituições de saúde no Brasil explicitam a necessidade de voltarmos atenção à escuta aos pacientes. É possível perceber que avançamos nas tecnologias duras a passos largos ao longo do século XX e início do século XXI. De um lado o avanço tecnológico oferece diagnósticos mais rápidos com oferta de precisão e terapêutica de alta complexidade, de outro a relação usuário-profissional de saúde está cada vez mais pobre e desgastada. A clínica e o olhar que impõe ao corpo com órgãos ainda estão limitados para atender a complexidade que acompanha uma pessoa que procura o serviço de saúde, na busca do atendimento das suas necessidades. O presente trabalho surgiu da incursão a um serviço de onco-hematologia no estado do Rio de Janeiro, no ano de 2014. As narrativas coletadas junto aos pacientes/usuários, não tiveram como foco nem o diagnóstico, nem o tratamento. A proposta foi conhecer a pessoa, o que fazia fora no hospital e seus desejos. As conversas revelaram a vida que cada um buscava para si, as elaborações para manterem-se na vida mesmo diante de diagnósticos aparentemente restritivos, limitadores ou incorporados com significado de morte. Objetivos Registrar em narrativas, outras possibilidades de expressão, de vivências nos serviços de saúde, que não apenas sofrimento e tristeza, a partir da vivência de usuários/pacientes com diagnósticos de doenças crônicas hematológicas. Metodologia A metodologia adotada foi qualitativa com desenho etnográfico, com uso de diário de campo e entrevistas semiestruturadas como ferramentas, onde a pesquisadora participou do cotidiano da enfermaria de cuidados e experimentou ser a pesquisadora que observava o outro ao mesmo tempo foi objeto de observação tanto por usuários, profissionais e familiares. Foram definidos 3 casos e a partir dos mesmos foram realizadas entrevistas e registradas narrativas no diário de campo elaborado pela pesquisadora. A análise adotada foi a perspectiva da análise institucional, em que o diário de campo é um dos recursos usados na intervenção. Resultados As narrativas estavam carregadas de potência de vida, de invenções diárias de novos sentidos de/para vida, tanto do usuário (paciente) como da família. Ao longo da formação e já na prática profissionais da saúde concentram o uso das informações repassadas pelos usuários (narrativas) para diagnóstico e tratamento. A análise das narrativas revela a potência de vida que podemos encontrar nas pessoas e nos processos de cuidado. As pessoas que participaram desta pesquisa optaram por viver a vida no enfrentamento, mas não se prendem à diagnósticos pois os mesmos não conseguem expressar o infinito que carregam. Conclusão Os encontros que tem ocorrido entre pacientes e profissionais em grande parte das instituições de saúde no país tem explicitado a necessidade de voltarmos atenção à escuta aos pacientes. O avanço tecnológico não esteve acoplado à melhoria da relação entre usuários e profissionais de saúde. Incorporar a história de vida é dar espaço no agir diário dos serviços de saúde a uma configuração de modelo de atenção em defesa da vida.

Palavras-chave


Narrativa; Cuidado; Tecnologia em saúde; Relação médico/paciente

Referências