Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
AS CONCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ACERCA DO CUIDADO
Laí­s Carolini Theis, Cláudia Regina Lima Duarte da Silva, Deisi Maria Vargas, Vilma Margarete Simão, Camila Pappiani, Fernanda Vicenzi Pavan

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A partir das reflexões sobre a integralidade do cuidado, observa-se que nas práticas em saúde, existe uma visão ainda muito fragmentada e focada na doença. A falta de interação entre os profissionais de saúde, descrita por Ayres (2007), e o frágil compromisso com o bem-estar dos sujeitos destinatários das ações em saúde, foram reduzindo a prática do cuidado, que, com o tempo, passou a ser considerada apenas um mero complemento do tratar. Já o tratamento, conforme Collierè (2003) é relacionado a procedimentos padronizados, estabelecidos por critérios diagnósticos. As instituições de saúde costumam qualificar os tratamentos como cuidados, na tentativa de minimizar a ausência dos mesmos em um ambiente ainda fragmentado, burocrático e centrado na doença. Embora muitos profissionais da saúde considerem que desenvolvam ações de cuidado na sua prática, nota-se que não há clareza a respeito do conceito e das características do cuidado. As concepções variam muito de acordo com as perspectivas e as práticas das diferentes profissões atuantes na área da saúde. Observa-se que essa situação está relacionada às perspectivas teórico-filosóficas na formação dos profissionais e dos documentos norteadores das políticas de saúde. O cuidado prestado pelos profissionais relaciona-se a linha adotada, direcionando mais para a doença do que para ações de prevenção e de promoção da saúde. A partir dessa reflexão, realizou-se um estudo qualitativo, desenvolvido através da disciplina “Processo Saúde-Doença e Integralidade do Cuidado”, do mestrado de Saúde Coletiva da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Santa Catarina. Baseando-se na teorização sobre a prática da integralidade, foram entrevistados seis profissionais que atuam na área da saúde, dentre eles: três psicólogos, um enfermeiro, um técnico em enfermagem e um terapeuta ocupacional, com idades entre 28 e 40 anos, acerca de suas percepções sobre o cuidado como prática na saúde. As entrevistas foram semiestruturadas, e as falas dos sujeitos foram discutidas em grupos através de análise de conteúdo e socializadas em sala de aula. Evidenciou-se que os profissionais apresentam percepções bastante diversificadas, e ao mesmo tempo contraditórias a respeito do cuidado. Sendo definido como: uma característica específica do profissional de saúde; como inerente à condição humana; como segurança; diferente de tratamento; relacionado à autonomia, e também ao acolhimento. Este estudo mostra a importância de problematizarmos a compreensão de cuidado, pois esta influencia a prática profissional e pode favorecer mudanças nas intervenções profissionais na direção do cuidado integral, assim como construir espaços de possibilidades mais criativas e singularizadas na saúde.

Palavras-chave


Integralidade em Saúde; Processo Saúde-Doença; Relações Interprofissionais

Referências


AYRES, J.R.C.M. Uma concepção hermenêutica de saúde. Physis - Rev. Saúde Coletiva: Rio de Janeiro, v.17, n.1, p.43 – 62, jan. 2007.

COLLIÈRE, M. F. Cuidar: acompanhar as grandes passagens da vida: Origem da natureza dos cuidados. In: Cuidar... A primeira arte da vida. 2ª ed. Loures: Lusociência, 2003. p. 169-197.