Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O cuidado de enfermagem em saúde mental: relato de experiência
Tatiane Geralda André, Viviane Carrasco

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


Introdução: A saúde mental no Brasil foi marcada por um período de grande sofrimento, pois os chamados “loucos” ou “doentes mentais” eram internados contra a sua vontade em instituições carcerárias (manicômios) privando-o do convívio de seus familiares e da sociedade. Nesse cenário a Estratégia de Saúde da Família (ESF) atua na desinstitucionalização, constituindo uma ferramenta para trabalhar a saúde mental na atenção básica, evitando o isolamento e a perda do convívio familiar e social do portador de doença mental. O objetivo desse estudo foi descrever o cuidado de enfermagem desenvolvido na atenção básica (ESF), ao paciente portador de transtorno mental no município de Dourados/MS. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo acerca de um relato de experiência que apresenta os desafios e as atividades vivenciadas durante as aulas práticas da disciplina de Saúde Mental, do Curso de Enfermagem, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, no período de março a novembro de 2014, no município de Dourados/MS. Resultados: Considera-se a atenção básica a porta de entrada de todo Sistema de Saúde, inclusive no que diz respeito às necessidades de saúde mental dos usuários. Busca-se resgatar a singularidade de cada usuário, investindo no seu comprometimento com o tratamento, tentando romper com a lógica de que a doença é sua identidade e de que a medicação é responsável pelas melhoras; investindo nas suas potencialidades; auxiliando na formação de laços sociais e apostando na força do território como alternativa para a reabilitação social. Neste contexto, o enfermeiro na ESF tem como papel: a promoção da saúde mental, a prevenção da doença mental, ajuda ao doente mental para enfrentar as pressões de sua patologia e também a assistência ao paciente, à família e à comunidade. Foi possível observar que no campo de aula prática no qual foi realizado o estudo, as ações de saúde mental eram isoladas e não aconteciam de forma plena por parte da equipe multiprofissional, por recursos humanos reduzidos. A atenção à saúde mental necessita de ampliações das ações preconizadas pelo Ministério da Saúde, treinamentos e educação em saúde visando à qualidade da assistência prestada aos pacientes portadores de alterações psicológicas e distúrbios mentais. Considerações finais: As aulas práticas em Saúde Mental contribuíram para o conhecimento aprofundado sobre ações desenvolvidas na Atenção Básica dentro da perspectiva de restaurar e prevenir doenças e agravos mentais. Diante disso, a vivência prática desperta a importância de trabalhar a Saúde Mental nas unidades de saúde, pois, com isso pode gerar mudança na maneira de ver o sujeito que precisa de tratamento mental, pelos próprios profissionais. Na ESF em questão, constatou-se a necessidade de um suporte para pessoas com transtornos mentais. Dessa forma seria importante a capacitação desses profissionais de saúde, para que os mesmos tivessem mais clareza de como agir em relação aos doentes mentais. Talvez o medo, o estigma sobre essa temática, não favorece que esses profissionais tenham um olhar amplo e diferenciado e com isso podem corroborar para lacunas na assistência ao paciente com transtorno mental.

Referências


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