Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: UM RELATO SOBRE A ATUAÇÃO DE RESIDENTES DA SAÚDE DA FAMÍLIA COM ADOLESCENTES
Valeria Baccarin Ianiski, Camila Fabiana Lemos, Roseli Mai, Vivian Heimerdinger, Linda Cristina Sangoi Haas

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma política intersetorial da Saúde e Educação, a qual foi instituída através do decreto presidencial nº 6.286 em 05 de dezembro de 2007. A mesma constitui-se numa política intersetorial entre os Ministérios da Saúde e da Educação, na perspectiva da atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino público básico, no âmbito das escolas e unidades básicas de saúde, sendo realizada pelas Equipes de Saúde e Educação de forma integrada, proporcionando saúde e educação de maneira integral. A articulação entre escola e Rede Básica de Saúde é a base do PSE (BRASIL, 2007). A educação em saúde deve constituir parte essencial na promoção da saúde, na prevenção de doenças, como também contribuir para o tratamento precoce e eficaz das mesmas, minimizando o sofrimento e a incapacidade, atuando sobre o conhecimento das pessoas e a capacidade de intervir sobre suas vidas (DIAS et al., 2009; PONTE et al., 2006).  O processo de educação em saúde é um dos pilares da promoção e prevenção de agravos à saúde que preconiza a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2007). Os usos das tecnologias leves do cuidado ocorrem através da escuta, do acolhimento e da formação do vinculo, fortalecendo o protagonismo dos sujeitos envolvidos na construção do seu cuidado, o que se torna essencial no processo de trabalho multidisciplinar o qual promove a corresponsabilidade e a cogestão do cuidado (MERHY, 2007). Logo, este relato busca elucidar a vivência de residentes multiprofissionais da Saúde da Família sobre o trabalho multidisciplinar realizado no ambiente escolar com adolescentes através de um método de trabalho mais dinâmico e interativo. Desenvolvimento Este trabalho trata de um relato de experiência sobre a vivência de residentes das áreas de enfermagem, nutrição e psicologia na inserção do projeto piloto “O Jogo da Vida”, no Programa Saúde na Escola, como estratégia de educação em saúde. O jogo é desenvolvido quinzenalmente, com duração de uma hora por encontro, em uma escola estadual inserida no território de saúde do município de Santa Rosa. O Jogo da Vida baseia-se em uma adaptação do tradicional jogo de tabuleiro, no qual não há número limitado de jogadores. As questões do jogo envolvem as fases do ciclo da vida (infância, adolescência, vida adulta e a velhice) englobando os temas sugeridos pelo programa, como sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, alimentação saudável, violência e o abuso de álcool e outras drogas, levando os participantes a refletirem sobre suas vivências bem como, aproximar a equipe de saúde dos educandos. Na adaptação utilizada construiu-se um tapete que possui oitenta casas, o qual foi “decorado” pelos participantes. Cada casa corresponde a uma pergunta de tal forma que todos os temas propostos sejam abordados. Os estudantes são divididos em dois grupos, devido ao fato de haver perguntas específicas para cada gênero, o que poderia causar situações de constrangimento entre os participantes. Para iniciar o jogo cada participante coloca sobre a primeira casa um objeto que lhe represente. Todos os participantes, inclusive os residentes, respondem a todas as perguntas, avançando juntos nas casas, interagindo no jogo do começo ao fim. As questões seguem uma ordem numérica, sendo lida pelo educando de forma voluntária, assim, os mesmos leem a pergunta e iniciam a seção de respostas, discussões e reflexões. Impactos: A Estratégia de Saúde da Família tem o intuito de motivar práticas de saúde humanizadas, o fortalecimento, a construção de vínculos entre profissionais, usuários e comunidade, além do reconhecimento da saúde como um direito. A educação em saúde não possui somente a finalidade de informar, mas de agregar saber de forma que o indivíduo desenvolva autonomia e responsabilidade sobre o cuidado de si (MACHADO et al., 2007; MANTOVANI et al., 2014; GERMANI et al., 2011). O conceito de educação em saúde está ancorado no conceito de promoção da saúde, que trata de processos que abrangem a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer (MACHADO et al., 2007). O acesso à informação é algo fácil hoje em dia, porém, muitas informações chegam à população de maneira distorcida, induzindo-os aos erros. Apesar do fácil acesso, a falta de diálogo entre o setor saúde, escola, educandos e pais ainda se caracteriza como um obstáculo a ser superado. A escola por muitas vezes acaba assumindo funções que extrapolam o seu papel na formação do sujeito, ficando a família de fora do processo de educação e constituição do mesmo. Esta nova proposta de abordagem com os educandos, de forma lúdica e interativa fez com que ocorresse maior aproximação entre o educador e educando e entre o educando e o profissional de saúde, promovendo trocas de vivências e tão logo, a quebra de barreiras pré-estabelecidas, as quais tinham por efeito um distanciamento entre educador e educandos. O Jogo da Vida apresentou-se como uma estratégia de cuidado a saúde de maneira intrínseca, pois, indiretamente, os adolescentes expõem seus conhecimentos e dúvidas sobre as temáticas abordadas, possibilitando que os profissionais ali presentes expunham o conhecimento de maneira não autoritária ou ditadora, com uma linguagem de fácil entendimento, mas com o propósito do cuidado, prevenção e promoção da saúde. Considerações Finais: Essa dinâmica possibilitou aos residentes uma reflexão acerca do modelo de trabalho interdisciplinar que vem sendo desenvolvido pela residência multiprofissional em conjunto com a estratégia de saúde da família e a escola, enquanto espaço disseminador de conhecimento e aprendizagem. Torna-se cada vez mais desafiador trabalhar com o público adolescente, todavia, buscar alternativas interativas onde o jovem será o protagonista do seu cuidado é algo inovador e que merece um olhar diferenciado. O Jogo da Vida possibilitou maior estabelecimento de vínculo entre os educandos e esclarecimento sobre questões e situações que transcendem a vida diariamente. Trabalhar cada etapa da vida permite trabalhar as questões intrínsecas a esta fase, desta forma os principais objetivos do PSE foram trabalhados de forma dinâmica, interativa e prazerosa fortalecendo o vínculo entre profissionais, educandos e escola.

Palavras-chave


Equipe Interdisciplinar de Saúde; Atenção primária a saúde; Serviços de saúde escolar

Referências


Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2007.

DIAS, Valesca Pastore; SILVEIRA, Denise Tolfo; WITT, Regina Rigatto. EDUCAÇÃO EM SAÚDE: O TRABALHO DE GRUPOS EM ATENÇÃO PRIMÁRIA. Rev. APS, v. 12, n. 2, p. 221-227, abr./jun. 2009.

GERMANI, Alessandra Regina Müller; ROSA; Jonathan da; BARTH, Priscila Orlandi. A sala de espera no agir em saúde: espaço de educação e promoção em saúde.  Perspectiva, Erechim. vol.35, n.129, p. 121-130, março/2011.

MACHADO, M.F. A. S. et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS – uma revisão conceitual. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.12, n.2, 2007.

MANTOVANI, Maria de Fátima et al. Representações de educação em saúde para a equipe da Estratégia de Saúde da Família. Ciência, Cuidado e Saúde. 2014 Jul/Set; vol.13, n. 3, p. 464-470.

MERHY, E. E. Saúde – A Cartografia do trabalho vivo. Editora: HUCITEC Edição:4; 2007, 192p.