Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
EDUCAÇÃO PERMANENTE: UMA ESTRATÉGIA EFICAZ COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NA MELHORIA DOS PROCESSOS DE TRABALHO EM SAÚDE
andreia rejane rodrigues ferreira
Última alteração: 2015-10-19
Resumo
APRESENTAÇÃO: A educação permanente em saúde, como estratégia sistemática e global, pode abranger em seu processo várias ações específicas de capacitação e aprendizagem e requer elaboração, desenho e execução a partir de uma análise estratégica e da cultura institucional dos serviços de saúde em que se insere. Neste sentido, é entendida nesse trabalho como uma estratégia eficaz para os desafios da gestão, no que se refere à melhoria dos processos de trabalho e de educação em saúde no município de Nova Olinda do Norte-Am. As metodologias inovadoras aplicadas nas práticas de serviço de toda a equipe, bem como a trajetória percorrida, são propostas para melhorar e intensificar as ações em saúde, pois muito se espera das equipes, contudo precisamos compartilhar das mesmas experiências que deram resultados satisfatórios e reconhecer o ambiente de trabalho como fonte de inspiração e aprendizado, embasados na tríade: usuário, trabalhador de saúde e gestão. A proposta é resgatar a relação do compromisso e de corresponsabilidade entre os profissionais de saúde e usuários do serviço com a finalidade de melhorar a ação compartilhada de todos os entes envolvidos do SUS e assim potencializar o processo de trabalho a partir da construção de saberes. DESENVOLVIMENTO: Identificação, explicação e análise do problema: A gestão de saúde de Nova Olinda do Norte, está habilitada para a gestão plena na Atenção Básica, sendo os serviços de média e alta complexidade de responsabilidade da gestão estadual. O município possui 85% dos profissionais de saúde com vínculo empregatício de caráter temporário, pois ainda não realizou concurso público para a contratação dos mesmos. Quando tratamos da questão do vínculo de emprego, nos deparamos com os primeiros nós críticos da nossa temática. A insegurança, a instabilidade e a rotatividade de profissionais, gera uma descontinuidade nos processos de trabalho, que permanentemente precisam ser revistos, não por razões operacionais ou de cunho organizacional, mas principalmente por recondução de gestores que trazem consigo metodologias próprias de trabalho ou pouca experiência que afetam significativamente o cotidiano e comprometem a adesão e comprometimento da equipe. A educação permanente além de ser uma prática educativa que possibilita a formação de todos os profissionais, envolvendo a gestão compartilhada e as experiências vivenciadas pela troca de saberes, resgata a relação do compromisso e de corresponsabilidade entre os profissionais de saúde e usuários do serviço com a finalidade de melhorar a ação compartilhada de todos os entes envolvidos no âmbito do SUS e nas suas redes de atenção e serviços. Dependendo das estratégias utilizadas, esse processo educativo pode torna-se uma ferramenta que propiciará eficácia na melhoria dos processos de trabalho ou poderá ser um custo a mais, onerando despesas, desperdiçando tempo laboral, desinteresse no aprendizado e ineficiência nos resultados. Proposta de Intervenção: A proposta é resgatar a relação do compromisso e de corresponsabilidade entre os profissionais de saúde e usuários do serviço com a finalidade de melhorar a ação compartilhada de todos os entes envolvidos do SUS e assim potencializar o processo de trabalho a partir da construção de saberes, através da Educação Permanente em Saúde. Para orientar nosso trabalho, buscamos na Política Nacional de Educação Permanente o esboço para orientar nossas estratégias e atingir nosso objetivo. O modelo apresentado tem como objetivo utilizar a problematização como eixo em que se integram as diversas ações específicas, sistematizando uma sequência que vai da prática à informação, da informação à aquisição de competências e capacidades, da aquisição à programação de soluções práticas. “Considerar esta sequência é de vital importância, porque o acesso a informações e conhecimentos tem muito pouco significado se antes não se tiver refletido e identificado, na prática, os problemas.” (Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, 2006). Se desejamos alcançar os princípios do SUS e se quisermos melhorar os serviços e o ambiente de trabalho, precisamos de profissionais devidamente valorizados e investidos de todas as ferramentas possíveis para o desenvolvimento salutar, e isso requer uma permanente ação educadora. 2.3 – Proposta de avaliação das ações planejadas Para avaliação e acompanhamento das ações, faz-se necessário a construção de indicadores a serem utilizados para medir o grau de cumprimento das ações e/ou dos resultados, são eles: PROBLEMA 1: Ausência de compromisso e corresponsabilidade entre os profissionais de saúde e usuários do serviço. INDICADOR: Criação dos Colegiados Gestores Locais nas Unidades Básicas de Saúde, a partir da resolução do CMS, no mês de outubro; PROBLEMA 2: Descontinuidade nos processos de trabalho. INDICADOR: Organização dos protocolos de atendimento; Número de oficinas realizadas; PROBLEMA 3: Ausência da ampla e ativa participação dos profissionais, seja na concepção dos conteúdos propostos ou na organização das estratégias nos processos de Educação Permanente. INDICADOR: Participação de todos os profissionais nas reuniões de planejamento das atividades mensal, em cada Unidade Básica de Saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: No cotidiano, muitos são os problemas enfrentados nos ambientes de trabalho, impactando na qualidade das atividades laborais e processos de trabalho. Dentre esses problemas, destaca-se a carência de espaços de diálogo e gestão compartilhada, onde o trabalhador incorpore o seu papel como protagonista (sujeito) nos processos decisórios de planejamento e implementação no seu local de trabalho, aliado ao desconhecimento dos instrumentos legais e normativos que permeiam questões relacionadas à sua própria prática profissional. Acreditamos que resultados positivos poderão ser alcançados, à medida que conseguirmos a demonstração dos processos e resultados obtidos na prática, mediante novos desenhos institucionais inovadores e eficazes. A avaliação de resultados tem importância na análise dos sucessos alcançados e das limitações enfrentadas no decorrer da aplicação do projeto, facilitando a construção de novos apoios e o desenvolvimento de novas práticas onde todos os profissionais se sintam envolvidos como parte integrante e motivados nesse processo de trabalho, porque aprender e compartilhar são ferramentas nas atividades do cotidiano, proporcionando crescimento nas práticas em serviço. Ao mesmo tempo, espera-se contagiar os gerentes de equipe a serem também um agente de transformação e inovação no seu local de trabalho e progredir com espírito de coordenador. Em nossa realidade, as equipes de saúde promovem momentos de reflexão sobre o trabalho realizado em parceria com a Ouvidoria e Conselho Municipal de Saúde, buscando melhorar o desempenho e satisfação da comunidade, motivando-nos a enfrentar as possíveis resistências de alguns profissionais que ainda encaram sua função como meros operadores ou repetidores de práticas previamente estabelecidas.
Palavras-chave
Educação Permanente em Saúde, Gestão do Trabalho em Saúde, Processo de Trabalho em Saúde
Referências
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