Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A “Gincana Formativa” como mecanismo de metodologia ativa: um relato de experiência
André de Castro Rocha, André Luís dos Santos

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


1 – Introdução: no atual contexto social, no qual os meios de comunicação estão potencializados pelo avanço das novas tecnologias e pela percepção do mundo vivo como uma rede de relações dinâmicas e em constante transformação, tem-se discutido a necessidade de urgentes mudanças nas instituições de ensino superior visando, entre outros aspectos, a reconstrução de seu papel social. Na área de saúde, surgem questionamentos sobre o perfil do profissional formado, principalmente, com a preocupação relativa à tendência, à especialização precoce e ao ensino marcado, ao longo dos anos, por parâmetros curriculares baseados no relatório de Flexner. A ênfase na sólida formação em ciências básicas nos primeiros anos de curso, a organização minuciosa da assistência médica em cada especialidade, a valorização do ensino centrado no ambiente hospitalar enfocando a atenção curativa, individualizada e unicausal da doença produziram um ensino dissociado do serviço e das reais necessidades do sistema de saúde vigente. Dessa forma, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) apontam para uma mudança nesse cenário, estabelecendo em sua descrição que o graduando em medicina deva ter autonomia no processo de ensino-aprendizagem, valendo-se do estudo prévio e do aprendizado prático, mesmo que em situações simuladas, a fim de se avaliarem os erros eventualmente cometidos. As metodologias ativas utilizam a problematização como estratégia de ensino-aprendizagem, com o objetivo de alcançar e motivar o discente, pois diante do problema, ele se detém, examina, reflete, relaciona a sua história e passa a ressignificar suas descobertas. A problematização pode levá-lo ao contato com as informações e à produção do conhecimento, principalmente, com a finalidade de solucionar os impasses e promover o seu próprio desenvolvimento. Ao perceber que a nova aprendizagem é um instrumento necessário e significativo para ampliar suas possibilidades e caminhos, esse poderá exercitar a liberdade e a autonomia na realização de escolhas e na tomada de decisões Assim, este relato de experiência se propõe a descrever como se deu a realização da “Gincana Formativa” aplicada na FMUFG para os discentes do segundo período do curso de medicina e analisar criticamente os aspectos suscitados pela atividade no contexto atual das demandas da área da saúde no país, verificando sua produtividade quanto ao cumprimento dos objetivos almejados e o seu papel como mecanismo de metodologia ativa no novo cenário educacional da área da saúde. 2 - Desenvolvimento: a Gincana Formativa foi uma atividade bastante diferente do que os acadêmicos de Medicina da Universidade Federal de Goiás estavam acostumados a participar. A turma foi dividida em 11 grupos, sendo cada um deles composto por 10 alunos. A primeira tarefa proposta a cada grupo foi colher uma anamnese numa Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), buscando qualquer tipo de paciente, e qualquer tipo de história clínica. Após colhida a anamnese, os alunos deviam se basear no caso clínico apresentado nela, e formular objetivos de aprendizagem. Os objetivos de aprendizagem nada mais eram que assuntos relacionados à doença apresentada no caso clínico, mas que estavam ligados às disciplinas da grade curricular, que são elas: anatomia, fisiologia, histologia, bioquímica, semiologia e imagenologia. Portanto, cada grupo formularia 6 perguntas, que deveriam estar, cada uma delas, dentro de algum dos objetivos criados pelo grupo. Após a formulação dos objetivos de aprendizagem, das perguntas e das respostas, os 11 grupos tiveram que disponibilizar, via internet, as suas histórias clínicas para que todos os grupos pudessem lê-las e estudá-las, assim como os objetivos de aprendizagem para que todos pudessem se preparar para os 6 aspectos que poderiam ser cobrados nas perguntas. O final da gincana aconteceu de forma presencial, todos os grupos se reuniram na faculdade para a atividade. Para iniciar a atividade dois grupos foram sorteados e deveriam se “enfrentar” num duelo de perguntas e respostas. Sob a forma de sorteio, um determinado grupo X escolhia duas disciplinas, que estavam representadas pelo seu respectivo objetivo de aprendizagem, para desafiar um determinado grupo Y com as suas perguntas. O grupo Y tinha 3 minutos para elaborar suas respectivas respostas e após o término do primeiro desafio, os papéis se invertiam. Ao final dessa rodada, o grupo X dava lugar a um grupo Z, e iniciava-se uma outra rodada, até que os onze grupos tivessem participado da atividade. 3 - Resultados e Impactos: para John Dewey, filósofo, educador, pesquisador norte-americano e criador da Teoria da Indagação, são determinados problemas ou situações os responsáveis por gerarem dúvidas capazes de promoverem descoberta, experimentação e reflexão dos estudantes. Daí surge a importância da necessidade de se aprender a aprender do graduando em medicina, que passa a participar do processo de ensino-aprendizagem de forma ativa, construindo conhecimento e integrando conteúdos. Esse foi o principal ponto positivo da Gincana Formativa, a integração de conteúdos e a participação ativa destes no processo de aprendizagem. A proposta de se retirar de um caso clínico, objetivos que estivessem relacionados com as diversas disciplinas da grade curricular dos alunos de medicina foi bastante proveitosa. Além disso, o trabalho em equipe também deve ser evidenciado nessa atividade. Trabalhar em equipe de modo integrado significa conectar diferentes processos de trabalho, com base no conhecimento do trabalho do outro e valorização da participação deste na produção de cuidados. Significa construir consensos quanto aos objetivos e resultados a serem alcançados pelo conjunto de profissionais, bem como quanto à maneira mais adequada de adquiri-los. Significa também a utilização das interações entre os agentes envolvidos, com vistas ao entendimento e ao reconhecimento recíproco de autoridades de saberes e da autonomia técnica. Outro resultado bastante importante da realização dessa atividade foi a diversidade encontrada nos pacientes abordados nas histórias clínicas, desde crianças até idosos, negros e brancos. Isso fez com que os alunos pudessem conhecer mais sobre o perfil das enfermidades encontradas em indivíduos diferentes, e assim lidar melhor com as particularidades de cada indivíduo. 4 - Considerações Finais: a metodologia de ensino ativa colocada em prática com a Semana Integradora na FMUFG demonstra a preocupação por parte dos docentes em acompanhar as profundas mudanças curriculares para melhorar a formação do profissional da área da saúde. Assim, apesar de alguns problemas técnicos e de falta de organização, a experiência da Gincana Formativa foi bastante enriquecedora, tanto para os alunos quanto para os professores participantes, uma vez que todos os envolvidos tiveram que estudar bastante sobre o assunto para que os “duelos” não servissem apenas como uma brincadeira de perguntas e respostas, mas para que houvesse uma discussão que trouxesse alguma forma de aprendizado para os alunos. São atividades como essa que transformam a educação médica e a humanizam cada vez mais, com o intuito de formar profissionais mais preocupados com o bem-estar do paciente e dessa forma, segue-se lutando e acertando nas escolhas do presente para se sonhar com as perspectivas de um futuro melhor.

Palavras-chave


(metodologia ativa)

Referências


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