Tamanho da fonte: 

Apresentação: Buscando apoiar a inserção da Estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e ampliar a abrangência, a resolutividade, a territorialização, a regionalização, bem como a ampliação das ações da APS no Brasil, que em 2008 o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) (BRASIL, 2009). Recentemente o município de Reriutaba-CE (região noroeste do estado) recebeu uma equipe de Residentes em Saúde da Família através da Escola de Saúde Pública do Ceará, formada pelas seguintes profissionais; duas enfermeiras, uma fisioterapeuta, uma nutricionista e uma psicóloga. Antes da chegada dessa equipe, não existiam equipamentos de apoio à saúde da família, o Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Contudo os processos de trabalho que envolvem os NASF passam por uma reestruturação da rotina de todos os trabalhadores o que pode ser compreendida com uma ação que estimule potencialidades para a produção de mudanças (VOLPONI, 2014). Nesse contexto pergunta-se: Como iniciar um trabalho eficaz junto as equipes de referência, se nem todos os trabalhadores, compreendem o que de fato se trata o trabalho dessas equipes de apoio? Diante disso, foram sugeridas oficinas junto a todos os profissionais da ESF do município. Assim a equipe NASF de residentes em saúde da família e a equipe de saúde coletiva construiu uma oficina de introdução ao processo de trabalho do NASF. Objetiva-se neste estudo relatar a experiência da oficina de início de trabalho do NASF aos profissionais da Atenção Básica ressaltando a importância do processo de trabalho da equipe multiprofissional e seus objetivos dentro da Estratégia de Saúde da Família. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa sobre a construção das oficinas do processo de trabalho do NASF. Foram utilizadas metodologias ativas de caráter horizontal respeitando a construção de saberes mútuos. As oficinas aconteceram com duração de 3 horas na Unidade Básica de Saúde Dr. Osvaldo Honório Lemos, Sede I, na cidade de Reriutaba-CE, ministradas pelas profissionais residentes da equipe NASF do munícipio, nos dias 27 de maio e 01 a 03 de junho de 2015. As oficinas foram divididas por categorias profissionais para que a rotina das unidades não fosse alterada. Foram feitas então; 1 oficina com profissionais médicos e 3 oficinas com todos os ACS. Resultados e/ou impactos: A primeira oficina teve como público alvo médicos das oito ESF. 90% destes profissionais são cubanos e já ansiavam por iniciar um trabalho voltado à experiência multiprofissional, já que, em suas experiências em seus país de origem, isso é uma prática rotineira e valorizada. Inicialmente foram distribuídas um pequeno texto de dramatização para que fosse feita através da escolha de dois integrantes do grupo a leitura dramática do mesmo. O texto reproduzia um ambiente de trabalho em que dois profissionais de diferentes posturas questionam a eficácia das metodologias ativas e da promoção da saúde dentro da rotina de trabalho. Logo após a leitura do texto de forma dramatizada os participantes do grupo foram convidados a questionar sobre essa nova maneira de se propor saúde. Após a discussão as profissionais residentes que compõem a equipe NASF e Saúde Coletiva prosseguiram a oficina em uma exposição dialogada sobre a origem dos núcleos de apoio e os fluxos de trabalho em cada núcleo profissional. A segunda oficina foi direcionada aos Agentes Comunitários de Saúde do município. A escolha deste público não foi aleatória; entendemos que estas duas profissões são deveras importantes para que a Estratégia de Saúde da Família ocorra como o Ministério da Saúde preconiza e defende.  Em um momento posterior ocorreram em três dias os turnos destinados à construção das oficinas de processo de trabalho do NASF com os agentes comunitários de saúde do município. Destacamos que como a oficina foi aplicada em categorias profissionais diferentes algumas adaptações foram feitas para que não ocorressem dúvidas ou interferências nos saberes. Para a oficina dos ACS foi reproduzido o mesmo texto de dramatização e exposição dialógica conforme a necessidade de trabalho destes. No meio da oficina as residentes fizeram uma pausa para que fosse feito uma dinâmica com a brincadeira de “Escravos de Jó” onde foram potencializadas as ações grupais e a força do trabalho em equipe, ressaltamos que este foi um momento de integração intensa, onde muitos profissionais se emocionaram em poder estar ali em grupo para aprender novas formas de se redescobrir como profissional de saúde. Após cada oficina, realizou-se um processo avaliativo, de forma dialógica, em que os atores participantes das oficinas trouxeram suas expectativas de antes da realização da mesma e da nova percepção de um novo modo de trabalhar a Estratégia de Saúde da Família; compreendendo os fluxos de trabalho, as principais funções do NASF, os processos de referência e contrarreferência e as visitas domiciliares. Considerações finais: As oficinas foram um instrumento potencializador importante no entendimento dos processos de trabalho do NASF esclarecendo os fluxos de trabalho de cada núcleo profissional para os trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família. Como objetivo principal de uma equipe NASF dentro de um município, ressaltamos a importância de ampliar as possibilidades de efetuar uma Atenção Básica com mais qualidade e com linhas de cuidado eficazes aos usuários. Deste modo reafirmamos a importância das equipes NASF na Estratégia de Saúde da Família como um equipamento impar na luta por um SUS equânime.

Educação Continuada; Estratégia Saúde da Família ;