Rede Unida, Encontro Regional Norte 2015

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Reflexões do processo de aprendizagens na trajetória da tutoria no curso de Especialização de Educação Permanente em Saúde em Movimento
Nara Maria Reis Carneiro Koide

Última alteração: 2016-05-30

Resumo


O presente trabalho apresenta reflexões e percepções do curso de especialização em Educação Permanente em Saúde (EPS) em Movimento, através de narrativa da experiência de formação como tutora, contextualizando as percepções como facilitadora do processo de ensino aprendizagem na EPS em Movimento a partir de seu objetivo de ativar processos de educação permanente em saúde nos territórios, reconhecendo práticas e saberes existentes no cotidiano do trabalho, incentivando assim a produção de novos sentidos no fazer saúde.

A aposta do curso é na potência do encontro entre os diversos atores no território, reconhecendo que estes são permeados por processos de aprendizagem e de troca de experiências cotidianas. Partimos, assim, da aposta de que todos produzem saberes nos seus encontros cotidianos, e por isso, todos fazem EPS. O que esperamos é ampliar nossos radares para produzirmos novos olhares sobre a EPS, possibilitando que novos mundos se apresentem. E nessa proposta cabe ao tutor ter habilidades para trabalhar com disparadores e problematizações que motivem os alunos a reconhecerem práticas e saberes existentes nos seus espaços de atuação. Cabe também levar a reflexão a partir do que pensam e o que fazem com suas percepções e de que forma podem inserir a execução da EPS como mecanismo de inovação nas práticas que podem ser qualificadas e direcionadas para o cuidado com o usuário. Na perspectiva de despertar os trabalhadores a compreenderem os princípios e diretrizes do SUS como a base para o processo de atenção em saúde, que requer posturas acolhedoras e participativas, tanto entre os coletivos do trabalho em saúde, quanto dos trabalhadores com os usuários. Como eixos norteadores para esses processos de mudança, a Política de EPS apresenta a articulação do quadrilátero do SUS: ensino – serviço – gestão – controle social (CECCIM & FEUERWERKER, 2004) esclarecem que a importância do “quadrilátero da formação” tem-se pela relevância da integração podendo ser uma experiência inovadora com a finalidade de aproximar a formação dos trabalhadores das reais necessidades de saúde. O início das atividades com os alunos, trazia inúmeras apreensões relacionadas com as expectativas da participação dos alunos, quem eram os mesmos e como envolver os mesmos nas atividades de um curso onde não havia um roteiro de conteúdos e atividades pre-estabelecidas. Então o desafio era despertar nos alunos a vontade de inventar, de produzir, de criar de encontro, de novidade, de também visitar e reconversar com o velho, com o sabido, olhá-los novamente, com novos olhos, talvez arriscar com óculos de outras cores, ou quem sabe um caleidoscópio. Desejo de encontros que reconheçam a diferença não como algo ruim, mas como uma possibilidade de novas descobertas. Desse modo, como afirma Merhy (2005), todo processo da Educação Permanente tem de ter a força de gerar no trabalhador, no seu cotidiano de produção do cuidado em saúde, transformações da sua prática, o que implicaria força de produzir capacidade de problematizar a si mesmo no agir, pela geração de problematizações. Para problematizar, é importante a disseminação da capacidade pedagógica entre os trabalhadores da saúde, entre os gestores de ações, serviços e sistemas de saúde e formadores, abrigando representantes do controle social em saúde. A mudança é realizada por sujeitos que devem ser protagonistas, os trabalhadores são os protagonistas das organizações de saúde, porque além de ter sonhos, utopias e ideais, detém nas suas ações a produção do cuidado. Merhy (2005, p. 173) diz que “aí está o cerne de um grande novo desafio: produzir auto-interrogação de si mesmo no agir produtor do cuidado; colocar-se ético-politicamente em discussão, no plano individual e coletivo, do trabalho”. A mudança das práticas de gestão e de atenção passa pela capacidade de dialogar com as práticas e as concepções vigentes e problematizá-las “não em abstrato, mas no concreto do trabalho de cada equipe - e de construir novos pactos de convivência e práticas que aproximem os serviços de saúde dos conceitos da atenção integral, humanizada e de qualidade, da equidade...” (CECCIM, 2005, p. 165).

E dessa forma, o desafio é formar especialistas que sejam disseminadores da prática da Educação Permanente em Saúde em Movimentos contínuos, aptos na construção e ressignificação do conhecimento na perspectiva de utilização da Educação Permanente em Saúde, como canal permanente de diálogo e encontro, para o fortalecimento de vínculos com o território e canal de qualificação do cuidado qualificado e resolutivo.

 


Palavras-chave


Educação Permanente em Saúde; Narrativa; Educação em Saúde

Referências


CECCIM, R. B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 9, n. 16, p. 161-168, 2005.

_______; FEUERWERKER, L. C. M. O quadrilátero da formação para a área da saúde: ensino, gestão, atenção e controle social. Physis, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 41-65, 2004.

MERHY, Emerson Elias. O desafio que a educação permanente tem em si: a pedagogia da implicação. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 9, n. 16, p. 172-174, 2005.