Rede Unida, Encontro Regional Norte 2015

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MELHORA DA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA DE ZERO A 72 MESES NA UBS/ESF JOSEPHINA DE MELLO, MANAUS, AM
ODALMIS FERNANDEZ DE LA ROSA, Camila Dallazen, Ernande Valentin do Prado

Última alteração: 2016-05-30

Resumo


Introdução

Este resumo expandido é parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Melhoria a Atenção À Saúde da Criança de zero a 72 meses na Unidade de Saúde da Família Josephina de Mello, Manaus-AM, apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNASUS), em 2015.

A parte acadêmica do curso foi desenvolvida a partir de três semana de ambientação, período em que foi possível conhecer os colegas de curso, orientadores e o ambiente virtual. Depois foram 12 semanas de análise situacional onde foi possível conhecer a Unidade, a equipe, a comunidade, sua estrutura: problemas e potencialidades. Em seguida foram mais 10 semanas de planejamento e confecção do projeto de intervenção, período em que, com base na análise situacional e em conjunto com a equipe, opta-se pela implantação e/ou reorganização de uma ação programática típica de atenção básica, saúde da criança, recomendada pelo Ministério da Saúde. A parte fundamental do curso, no entanto, são as 12 semanas de intervenção, período em que se coloca em prática tudo que foi planejado anteriormente. O que passo a relatar, em seguida, são os resultados alcançados com essa intervenção.

Desenvolvimento

A Atenção Básica é a porta de entrada preferencial aos serviços de saúde e o Programa de Saúde da Criança é a estratégia usada para o cuidado deste grupo. Desta forma, a consulta de puericultura constitui um momento privilegiado para orientar os pais e responsáveis em relação aos cuidados com seus filhos, esclarecer dúvidas e realizar o diagnóstico e tratamento de problemas de saúde apresentados (BRASIL, 2012).

Os objetivos da intervenção foram: melhorar a atenção à saúde da criança; ampliar a cobertura do Programa de Saúde da Criança; melhorar a qualidade do atendimento à criança; melhorar a adesão ao Programa de Saúde da Criança; melhorar o registro das informações, e; mapear as crianças de risco pertencentes à área de abrangência.

No início da intervenção, a equipe L-141 não conhecia com exatidão o número total das crianças entre zero e 72 meses pertencentes à área de abrangência. Por isso, foi realizado uma análise situacional que durou 12 semanas. Mesmo assim, por falta de dados confiáveis, foram utilizadas estimativas estatísticas a partir do número da população, 3.554 pessoas, sendo estimada uma população em torno de 177 crianças na faixa etária de zero a 72 meses. Destas, 41 crianças eram menores de um ano, cadastradas residentes na área e estavam sendo acompanhadas pela equipe. Pela estimativa, apenas 15 crianças estavam com consultas em dia, representando 37 %.

Nossa meta era alcançar a cobertura das 177 crianças em três meses, cumprindo com os passos do protocolo e o planejamento realizado com apoio do curso e do orientador. Durante o primeiro mês de intervenção foram incluídos um número menor de crianças, incrementando-se progressivamente nos meses subsequentes. Finalizamos o terceiro mês com 145 (81,9 %).

Conseguimos atender, além das crianças da área, 19 crianças de fora da área adstrita. Elas são de áreas de vazio assistencial, mas que procuravam a Unidade de Saúde, sendo cadastradas e acolhidas como fora de área. Porém, não foram inseridas na planilha de coleta de dados por ser este um dos critérios de exclusão do projeto. Estas crianças recebem o mesmo atendimento que as cadastradas na equipe, com a limitante de não receber atendimento nas visitas domiciliares. Essa observação é importante, pois o Sistema Único de Saúde deve oferecer atendimento universal, portanto, não se justifica deixar de atender a população pela formalidade de adstrição.

As ações que mais auxiliaram no cadastramento destas crianças no programa foi a convocação realizada nas visitas domiciliares, consultas, atividades coletivas, captação de crianças que compareceram à Unidade de Saúde em busca de diferentes serviços, além do monitoramento da data provável de parto das gestantes acompanhadas.

A intervenção tinha metas de cobertura e de qualidade, sendo que as metas de qualidade foram pactuadas em 100%. No entanto, nem todas conseguimos cumprir em apenas três meses.

A meta de primeira consulta na primeira semana de vida, por exemplo, finalizou o terceiro mês com 36 crianças (24,8%). Porém, há que considerar que essa meta foi afetada pelo número de crianças que não haviam sido visitadas no primeiro mês de vida. Ressalta-se que 100% das crianças nascidas neste período da intervenção receberam a visita domiciliar na primeira semana de vida. As ações que mais auxiliaram nestes resultados foi o acompanhamento das gestantes nas consultas e visitas domiciliares, monitorando a data provável do parto permitindo o atendimento dos recém nascidos nos primeiros sete dias de vida.

O monitoramento do crescimento chegou, no terceiro mês à 100% das crianças cadastradas no programa, ou seja, 145. Todas as crianças que faltaram às consultas agendada passaram por busca ativa, conseguimos recuperá-las e avaliá-las no mês subsequente.

Nos três meses da intervenção a equipe conseguiu monitorar as três crianças com déficit de peso (100% das cadastradas no programa nesta condição). Uma delas, registrada como faltosa, tem deficiência, pelo que foi avaliada na UBS depois de fazer visita domiciliar (VD), sendo encaminhada para o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), neuro-pediatria, fonoaudiologia e fisioterapia. Foi atualizado o calendário vacinal e recebeu a primeira consulta odontológica programática. Ficou agendada para consulta com prioridade nos meses seguintes.

Todas foram acompanhadas pela equipe com maior frequência conforme critério clínico. Receberam atenção diferenciada pelos profissionais do NASF, principalmente pela nutricionista para garantir segurança alimentar. Segundo critérios de inclusão, as crianças foram incluídas nos programas “Leite de meu Filho” e “Bolsa Família”.

Apresentou déficit de peso uma criança de 02 anos de idade, com histórico de prematuridade (26 sem), baixo peso ao nascer (960g), sepse neonatal, Hemorragia Intracraniana, enterocolite necrotizante, raquitismo da prematuridade, imperfuração anal com colectomia mais Ilectomia. Está recebendo acompanhamento no Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (ICAM). Foi realizada Visita Domiciliar por ser família vulnerável com baixa renda. Orientou-se sobre hábitos alimentares saudável, deixando orientação para o fortalecimento das extremidades, cuidado com a criança, cuidadoras e resto da família.

Ao longo da intervenção a equipe conseguiu monitorar as três crianças com excesso de peso (100% dos casos cadastrados no programa).

O acompanhamento do desenvolvimento chegou, no terceiro mês, a 100% das crianças cadastradas no programa. Duas crianças são portadoras de síndromes paralíticos. Foram encaminhadas para neuro-pediatria, fonoaudiologia e fisioterapia. Um dos desafios de nossa equipe é inserir nossas crianças com deficiências nas instituições de educação especial depois de conseguir avaliação especializada.

Todas as crianças com déficit, excesso de peso e alterações no desenvolvimento foram acompanhadas com maior frequência pelos profissionais da ESF e o NASF, recebendo atenção diferenciada.

No terceiro mês foi possível vacinar 100% das crianças cadastradas no programa, segundo idade. Nas duas primeiras semanas da intervenção a equipe apresentou dificuldades na atualização do esquema vacinal pela reforma da UBS. A sala de vacina ficou fechada por quase um mês depois da Unidade reabrir as portas à assistência. As ações que mais auxiliaram nestes resultados foram as consultas de puericultura e visitas domiciliares desenvolvidas pela equipe, atendimento da demanda espontânea, procura da sala de vacina, serviço odontológico e por apresentar situações agudas referente a saúde. Além das acompanhadas pelos Programas “Leite de meu Filho” e “Bolsa Família”.

Ao longo da intervenção foi possível realizar suplementação de ferro em 100% das crianças de 6 a 24 meses cadastradas no programa, finalizando o terceiro mês com 51.

No primeiro mês, nenhuma criança tinha recebido a primeira consulta odontológica programática, evoluindo para 71 crianças (60,7%) no terceiro mês. A realização desta consulta foi afetada pela reforma da UBSF. A Equipe de Saúde Bucal ficou parada nas primeiras cinco semanas, atrapalhando a intervenção. Isso aconteceu pelo fato do consultório não estar pronto para fazer os atendimentos, iniciando estes apenas na semana seis.

Para conseguir os resultados obtidos durante a intervenção os atendimentos odontológicos foram planejados no mesmo dia da consulta de puericultura, conseguindo avaliar as crianças entre 6 e 72 meses que compareceram no consultório, além de agendar as crianças encaminhadas segundo critério clínico. Também foi uma alternativa o acolhimento das crianças nesta faixa etária que buscarem a UBS para atendimento odontológico, com posterior agendamento para garantir a continuidade do tratamento até a alta odontológica.

No terceiro mês da intervenção foi possível conseguir que a totalidade das crianças cadastradas no programa tivessem o registro atualizado na ficha de acompanhamento/espelho da saúde da criança, conseguindo melhorar o registro das informações da equipe.

Foi realizada avaliação de risco das 145 crianças cadastradas no programa ao finalizar o terceiro mês da intervenção. A equipe conseguiu dar atendimento priorizado para as crianças de alto risco. Aquelas identificadas com transtorno de locomoção ou com deficiência foram avaliadas na visita domiciliar pela Equipe de Saúde da Família, Equipe de Saúde Bucal e profissionais do NASF. Também foram agendadas consultas especializadas para aquelas que precisaram avaliação por pediatria, neurologia, fisioterapia, psicologia clínica, entre outras.

A intervenção promoveu aleitamento materno às 48 crianças durante a primeira consulta de puericultura (33,1%). Pode-se observar que existem crianças que foram inseridas na planilha com mais de seis meses, porém estão fazendo acompanhamento pela equipe desde o nascimento.

Neste período foram cadastradas 15 crianças recém-nascidas, todas avaliadas na primeira semana de vida. Assim, foi possível supervisionar a amamentação e a técnica correta. Além de explicar para as mães a importância do aleitamento materno para o crescimento e desenvolvimento da criança.

O desenvolvimento da intervenção planejada pela UFPEL foi surpreendente. Permitiu-me conhecer a situação real de saúde deste grupo populacional.

Conclusão

A intervenção propiciou o cadastro da área adstrita, conseguindo ampliar a cobertura de atenção à saúde da criança de 0 a 72 meses. A qualidade do atendimento foi melhorada. As crianças abaixo dos três meses começaram o acompanhamento na primeira semana de vida. Foi monitorado o crescimento e desenvolvimento da totalidade das crianças, identificaram-se as crianças com baixo e excesso de peso e ofereceu-se a este atendimento priorizado. Foi oferecido atendimento médico e odontológico, atualização do esquema vacinal, prescrição de sulfato ferroso e vitamina A, exame de rotina, avaliação especializada segundo necessidade da criança, acompanhamento planejado pela Equipe de Saúde Bucal, priorizando as crianças de alto risco. Além de ser melhorados os registros pela equipe. O atendimento a Saúde da Criança desenvolvido nesta intervenção está tendo continuidade pela equipe de saúde e será expandida para as demais ações programáticas.


Palavras-chave


atenção primária à saúde; saúde da família; saúde da criança; puericultura; saúde bucal

Referências


BRASIL. Cadernos de Atenção Básica 33: Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

Ministério da Saúde [homepage na Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [Acesso em 2004 maio 31]. Atenção integrada às doenças prevalentes na infância: internações e custos proporcionais por grupos de patologias de crianças menores de 5 anos, SUS, Brasil [3 telas]. Disponível em:http://www.saude.gov.br/editora