Última alteração: 2015-10-30
Resumo
INTRODUÇÃO: As abordagens sobre saúde no que diz respeito ao sofrimento psíquico e as abordagens de gênero são escassas. As representações sociais referentes ao sofrimento psíquico são individuais, mas podem ser construídas socialmente por meio das experiências relacionadas ao que foi ouvido, sabido e sentido sobre esse tipo de sofrimento, além de regulações sociais vigentes na época. OBJETIVO: Identificar representações sociais sobre o sofrimento psíquico por gênero em usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS na cidade do Natal-RN. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso, exploratória, com uso de técnicas qualitativas. A amostra foi do tipo intencional, constituída por usuários das UBS do município de Natal-RN, de ambos os sexos com idades entre 18 e 60 anos. Foi levada em consideração a representatividade do discurso dos sujeitos incluídos (através do método de saturação de informações) e da representatividade dos cinco distritos sanitários do município. A coleta dos dados já foi concluída, porém ainda encontra-se em processo de análise, apresentando aqui um primeiro esboço de alguns aspectos da pesquisa original ao qual está atrelada. RESULTADOS: Um total de 100 usuários foram entrevistados, 20 em cada UBS selecionada, uma em cada distrito sanitário, respeitando os critérios de idade e a proporção de 50% para cada gênero. Os resultados preliminares demonstram que a maioria dos participantes concentrou-se na faixa etária de 35 e 50 anos (67,6%), casados (75%), com ensino fundamental incompleto (57%), e de baixa renda (85%). Quanto às representações sociais do sofrimento psíquico, foi possível observar que as mulheres reconhecem melhor o “sofrimento psíquico” e esse está ligado aos seguintes campos: vivências relacionadas à família (relação conjugal e maternidade), à jornada de trabalho dupla, preocupações estéticas e preocupação com a violência urbana. Nos homens, o sofrimento psíquico está relacionado aos medos dos fracassos profissional e financeiro, ao estresse gerado nos ambientes de trabalho, o medo da violência urbana, além da correlação entre sofrimento psíquico e utilização de álcool e outras drogas. CONCLUSÃO: Os achados apresentados demonstram diferenças sutis entre o sofrimento psíquico relatado por homens e mulheres. A interpretação dessas diferenças se constitui como um desafio para abordagens e tratamentos específicos no campo da saúde mental. DESCRITORES: Representações Sociais, Sofrimento Psíquico, Gênero, SUS.
Palavras-chave
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