Rede Unida, Encontro Regional Nordeste I 2015

Tamanho da fonte: 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO SOFRIMENTO PSÍQUICO POR GÊNERO NO MUNICÍPIO DO NATAL.
Ulicelia Nascimento de Azevedo, Maurício Roberto Campelo de Macedo, Isa Hetzel de Macedo, Isabelle Nascimento de Oliveira, Yuri Bezerra

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


INTRODUÇÃO: As abordagens sobre saúde no que diz respeito ao sofrimento psíquico e as abordagens de gênero são escassas. As representações sociais referentes ao sofrimento psíquico são individuais, mas podem ser construídas socialmente por meio das experiências relacionadas ao que foi ouvido, sabido e sentido sobre esse tipo de sofrimento, além de regulações sociais vigentes na época. OBJETIVO: Identificar representações sociais sobre o sofrimento psíquico por gênero em usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS na cidade do Natal-RN. MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa do tipo estudo de caso, exploratória, com uso de técnicas qualitativas. A amostra foi do tipo intencional, constituída por usuários das UBS do município de Natal-RN, de ambos os sexos com idades entre 18 e 60 anos. Foi levada em consideração a representatividade do discurso dos sujeitos incluídos (através do método de saturação de informações) e da representatividade dos cinco distritos sanitários do município. A coleta dos dados já foi concluída, porém ainda encontra-se em processo de análise, apresentando aqui um primeiro esboço de alguns aspectos da pesquisa original ao qual está atrelada. RESULTADOS: Um total de 100 usuários foram entrevistados, 20 em cada UBS selecionada, uma em cada distrito sanitário, respeitando os critérios de idade e a proporção de 50% para cada gênero. Os resultados preliminares demonstram que a maioria dos participantes concentrou-se na faixa etária de 35 e 50 anos (67,6%), casados (75%), com ensino fundamental incompleto (57%), e de baixa renda (85%). Quanto às representações sociais do sofrimento psíquico, foi possível observar que as mulheres reconhecem melhor o “sofrimento psíquico” e esse está ligado aos seguintes campos: vivências relacionadas à família (relação conjugal e maternidade), à jornada de trabalho dupla, preocupações estéticas e preocupação com a violência urbana. Nos homens, o sofrimento psíquico está relacionado aos medos dos fracassos profissional e financeiro, ao estresse gerado nos ambientes de trabalho, o medo da violência urbana, além da correlação entre sofrimento psíquico e utilização de álcool e outras drogas. CONCLUSÃO: Os achados apresentados demonstram diferenças sutis entre o sofrimento psíquico relatado por homens e mulheres. A interpretação dessas diferenças se constitui como um desafio para abordagens e tratamentos específicos no campo da saúde mental. DESCRITORES: Representações Sociais, Sofrimento Psíquico, Gênero, SUS.


Palavras-chave


Representações Sociais, Sofrimento Psíquico, Gênero, SUS.

Referências


ALMEIDA FILHO, N. Urbanização e Doença Mental, In: Revista da Associação Psiquiátrica da Bahia, 1(1): 61-78, 1980.

AZEVEDO, D.M. & MIRANDA, F.A.N. “A Representação Social de Familiares nos Centros de Atenção Psicossocial”, In: Escola Anna Nery (impr.), 15 (2): 354- 360. abr-jun 2011.

BOTTI NCL, ANDRADE WV. A saúde mental na atenção básica – articulação entre os princípios do SUS e da reforma psiquiátrica. Cogitare Enferm. 2008; 13(3): 387- 94.

BERLINCK, M. (1999). A dor. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2(3), 46-58.

BIRMAN, J. Mal-Estar na Atualidade: a psicanálise e as novas formas de subjetivação. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1999. 12

BRASIL, E.G.M., COSTA, E.C. & JORGE, M.S.B. “Representações Sociais de Usuários e Trabalhadores de um Centro de Atenção Psicossocial da Região Nordeste”, In: Revista Baiana de Saúde Pública, v.36, n.2, p.368-385 abr./jun. 2012.

CECARELLI, P. O SOFRIMENTO PSÍQUICO NA PERSPECTIVA DA PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 3, p. 471-477, set./dez. 2005

CORREIA, V.R., BARROS, S. & COLVERO, L.A. “Saúde mental na atenção básica: prática da equipe de saúde da família”, In: Revista Escola de Enfermagem da USP, 45(6):1501-6, 2011.

COSTA, JF. Psicanálise e contexto social: imaginário psicanalítico, grupos e psicoterapias, Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1989.

CORRÊA, S. Gênero e Saúde: campo em transição. São Paulo, 2002.

FREUD, S. (1987). Neurose de transferência: uma síntese. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1928).

GAMA, AF; SANTOS, ARB; FOFONCA, E. Teoria das representações sociais: uma análise crítica da comunicação de massa e da mídia. Revista eletrônica temática. Ano VI, n. 10 – Outubro/2010

HERZLICH, C. A Problemática da Representação Social e sua utilidade no campo da doença. PHYSIS-Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, IMS UERJ, v.1, n. 2. p. 23-36, 1991.

JODELET, D. (org). Les représentations sociales. Paris, PUF, 2003. LEÃO, A. & BARROS, S. “As Representações Sociais dos Profissionais de Saúde Mental acerca do Modelo de Atenção e as Possibilidades de Inclusão Social”, In: Saúde & Sociedade, São Paulo, v.17, n.1, p.95-106, 2008.

MACEDO, M.R.C. & HETZEL DE MACEDO, I.M. Representações Sociais do Sofrimento Mental em Natal. Relatório de Pesquisa. Natal, DSC-UFRN, 2004.

MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1987. 291 p. Organização Mundial da Saúde. Relatório sobre a saúde no mundo 2001: saúde mental – nova concepção, nova esperança. Genebra: OMS; 2001.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Relatório sobre a saúde no mundo 2001. Saúde Mental: nova concepção, nova esperança. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 2001

PASSOS, E. PITOMBO, L. B. . Alguns aspectos da relação entre a história e a clínica no movimento da reforma psiquiátrica. In: Ana Maria Jacó-Vilela; Antonio 13 Carlos Cerezzo; Heliana de Barros Conde Rodrigues. (Org.). Clio-Psyché paradigmas: historiografia, psicologia, subjetividades. Rio de Janeiro: Relume Dumará, v. 1, p. 217-224 (2003).

PEREIRA, AA; REINALDO, AMS; ANDRADE, DCL. Formação dos Enfermeiros em Saúde Mental que atuam na Atenção Primária à Saúde: contribuições teóricas. Revista Sanare, V.14, n. 01. Sobral, 2015

PERES, G.M., MOSER, K.L., OLTRAMARI, L.C. & RODRIGUEZ, J. “Representações Sociais do Louco/Loucura para Estudantes de Nível Fundamental”, In: Saúde & Transformação Social, Florianópolis, v.3, n.2, p.96-103, 2012.

SANTOS, AMCC. Gênero e Saúde Mental: a vivência de identidades femininas e masculinas e o sofrimento psíquico na sociedade brasileira contemporânea. Disseração de Mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.

RIBEIRO, K.C.S., MEDEIROS, C.S., COUTINHO, M.P.L. & CAROLINO, Z.C.G. “Representações sociais e sofrimento psíquico de adolescentes com sintomatologia depressiva”, In: Psicologia: teoria e prática, v. 14, n. 3, p. 18-33, 2012.

ROSSO, A.J. & CAMARGO, B.V. “As Representações Sociais das Condições de Trabalho que Causam Desgaste aos Professores Estaduais Paranaenses”, In: ETD – Educ. Tem. Dig., Campinas, v.13, n.1, p.269-289, jul./dez. 2011.

SANTOS, A. M. C. C. Articular saúde mental e relações de gênero: dar vozes aos sujeitos silenciados. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, jul./ago. 2009, p. 1177-1182.

SPINK, M.J.P. O conceito de representação social na abordagem psicossocial, In: Cadernos de Saúde Pública, 9(3): 300-308, jul-set, 1993.

TORRE, E. H. G.; AMARANTE, P. Protagonismo e subjetividade: a construção coletiva no campo da saúde mental. Ciência & Saúde Coletiva, volume 6, número 1, 2001.

VASCONCELOS, M.G.F., JORGE, M.S.B., GUIMARÃES, J.M.X. & PINTO, A.G.A. “Saúde Mental no Contexto do Programa Saúde da Família: Representações Sociais de Usuários e Familiares”, In: Revista Rene. Fortaleza, v. 9, n. 3, p. 9-18, jul./set.2008.