Rede Unida, Encontro Regional Nordeste I 2015

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O paradoxo da residência em saúde da família e comunidade no serviço de saúde: potência no campo da atenção primária e esvaziamento após sua finalização
Itala Maria de Queiroz Maia, Neusa Goya

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


A concretização do SUS envolve a organização e o funcionamento do sistema via potencialização da Atenção Primária à Saúde (APS). Um dos caminhos para isso é a formação de profissionais pela Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) que, por meio da educação permanente, possam ser-estar qualificados para o cuidado ampliado em APS. Este processo formativo visa a articulação entre os conhecimentos de cada categoria profissional e contribuir para a reorganização da APS. A Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), em 2013, lançou sua primeira seleção para profissionais integrarem o quadro da Residência Integrada em Saúde (RIS), difundindo a formação-vivência da Residência na capital e em 24 municípios cearenses. Este estudo, de abordagem qualitativa, analisou as percepções de profissionais de saúde da família acerca da RMP Saúde da Família e Comunidade e suas implicações nas práticas de trabalho da APS em cinco equipes do Saúde da Família em Horizonte-CE, cenário da RIS. O trabalho de campo aconteceu em junho e julho de 2015. Os sujeitos participantes da pesquisa foram profissionais de 5 Unidades Básicas de Saúde (UBS) apoiadas pela equipe do NASF à qual eu fazia parte como profissional-residente. Foram aplicados 21 questionários com 3 questões abertas e 4 fechadas junto aos profissionais das 5 UBS e entrevista em profundidade com um profissional de cada uma dessas UBS, totalizando 5. O método de análise foi a hermenêutica-dialética. O estudo apontou que a parceria entre profissionais do serviço e profissionais-residentes ampliou a oferta e resolutividade da APS, potencializou a integralidade do cuidado e formação de vínculo entre profissionais e usuários, na medida em que fortaleceu a escuta e o atendimento de suas necessidades em saúde. A inserção dos profissionais-residentes agregou serviços dentro da própria UBS, reduzindo o deslocamento do usuário para outras unidades. Contudo, a mudança da área de cobertura das equipes de saúde pela RIS-SFC, reduzindo de 5 para uma UBS coberta pelo NASF, apontou fragilidades da gestão municipal que, muitas vezes, mantém determinados serviços pelo trabalho do profissional-residente e na sua ausência gera um esvaziamento do cuidado em saúde que vinha sendo prestado. O estudou apontou para a urgência na discussão em torno dessa realidade, cada vez mais frequente, dado o subfinanciamento do SUS, sob pena do paradoxo da potência e do esvaziamento do cuidado em saúde trazerem mais prejuízos para a população.


Palavras-chave


Residência Integrada em Saúde; Saúde da Família e Comunidade; Atenção Primária em Saúde

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