Última alteração: 2015-10-29
Resumo
A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, desenvolvidas por meio do exercício de práticas gerenciais democráticas e participativas, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária; e adota Estratégia Saúde da Família (ESF) como caminho para a reorientação do modelo assistencial. Nesse contexto, a gestão é crucial para realizar os desafios de mudança inerentes às propostas e modelos da APS/ESF, precisando equacionar aspectos relativos à valorização da vida, o aperfeiçoamento dos profissionais, o desenvolvimento tecnológico, a redução de riscos, a satisfação dos usuários e o uso racional dos recursos.
Este trabalho objetivou analisar a gestão da ESF.
Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com caráter descritivo. Participaram do estudo as equipes da ESF e os gerentes das UBS correspondentes, totalizando amostra de 26 pessoas de 09 estabelecimentos de saúde. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas, posteriormente analisadas pela técnica de análise temática, resultando na constituição de três categorias analíticas: o conhecimento da gestão das necessidades de saúde; a capacidade de articulação setorial e resolutividade.
Os resultados revelaram: baixo conhecimento da gestão sobre as necessidades de saúde, mas vislumbrada como um fator que seria indispensável no processo de trabalho de gestão na ESF de qualidade; insuficiente capacidade de articulação da gestão, sendo percebida como ponto crítico porque compromete a realização de ações relevantes no contexto do SUS; e baixa resolutividade, expressa em respostas ineficazes aos problemas demandados pelas ESF culminando na insatisfação do usuário.
Trabalhadores e gerentes da UBS, apesar das dificuldades encontradas em seus processos de trabalho, acreditam na criação de espaços de interlocução, planejamento e avaliação com a sociedade como possibilidade para superar as dificuldades vivenciadas.