Última alteração: 2015-10-26
Resumo
Trata-se de um relato de experiência vivenciado por uma equipe de Saúde da Família do Distrito Sanitário III no município de João Pessoa. A ideia surgiu como estratégia diante da grande demanda populacional territorial que ultrapassava os limites populacionais preconizados pela Portaria Ministerial 2.488 (BRASIL, 2012). No intuito de garantir agenda para atenção às gestantes, foi proposto um atendimento coletivo utilizando a metodologia das rodas de conversas que têm por objetivo promover reflexões que contribuam para a promoção de sujeitos ativos e não mais subsumidos pela passividade. A construção coletiva do processo de trabalho pressupõe estimular as trocas, incentivar a criatividade, pensar nas vivências como potencialidades, e buscar questionamentos e respostas no coletivo (CAMPOS, 2000). O atendimento em grupo tinha a intenção de fornecer um atendimento de qualidade e com tempo necessário para abarcar as peculiaridades do período pré-natal. Semanalmente o pré-natal técnico era realizado concomitantemente à roda de gestantes. O grupo era realizado dentro do consultório de enfermagem no qual era colocado mais cadeiras e afastado a mesa. Neste espaço pequeno reuníamos cerca de 8 a 10 gestantes por encontro e seus acompanhantes. A criação de espaços de educação em saúde sobre o pré-natal é de suma importância, afinal, nestes espaços, as gestantes podem ouvir e falar sobre suas vivências e consolidar informações importantes sobre a gestação. Pode-se observar que a criação do grupo de gestantes com a dinâmica da roda de conversa, foi muito satisfatória, com participação ativa das mesmas, as gestantes com vivências anteriores de parto ajudavam àquelas gestantes de primeira viagem. Observou-se que as mulheres participantes das rodas retornavam para partilhar a vivência do parto e se tornaram mães mais assíduas nas consultas de puericultura. A dinâmica da roda de conversa é uma metodologia que desenvolve a criação de vínculos, troca de experiências, além de ser terapêutico a medida que as participantes expunham suas dúvidas, angústias, experiências e reflexões compartilhando os caminhos para a superação. A partir da execução desse tipo de atenção coletiva, observamos alguns êxitos, entre eles superar a visão tecnicista de saúde, valorização do diálogo e geração de autonomia das gestantes/parturientes que relataram o quanto se sentiram mais seguras e realizadas durante o trabalho de parto pois puderam utilizar os conhecimentos que transitaram pela “roda”.
Palavras-chave
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
CAMPOS, G. W. S. Um método para análise da co-gestão de coletivos: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda. São Paulo: HUCITEC; 2000.