O trabalho assume uma dimensão ligada às necessidades de produção dos meios de manutenção e desenvolvimento da vida biológica e social do trabalhador e outra realizada através do trabalho livre e criativo (FRIGOTTO, 2002). O trabalho em saúde é um lugar de permanente tensão na medida em que os interesses podem ser diversos e, sendo espaço de produção, por natureza há encontro de diferentes atores: trabalhadores, usuários e governo instituído (MERHY, 2003). Assim, a educação permanente em saúde (EPS) pode ser entendida como aprendizagem-trabalho, que acontece no cotidiano das pessoas e das organizações, a partir de problemas enfrentados na realidade e leva em consideração conhecimentos e experiências que as pessoas já têm, propondo-se que os processos de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo de trabalho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Por isso, a EPS configura-se como ferramenta de gestão ao reconhecer a análise do trabalho como objeto central da aprendizagem e das mudanças nos sujeitos e suas práticas nas instituições, visando qualificar a produção de saúde (CASTRO et al, 2012). O município de Pau dos Ferros/RN tem desenvolvido um projeto em parceria com a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte para qualificar profissionais de saúde do município com metodologia participativa de composição de grupos, encontros presenciais a partir da proposição de temas geradores e atividades de dispersão com projetos de intervenção, uma iniciativa de instituir uma política de educação permanente e valorização do trabalhador no município e tendo como objetivos: refletir temas centrais à organização da Atenção Básica (AB); discutir/construir estratégias de qualificação do trabalho na AB; e instrumentalizar os trabalhadores da AB para realização de atividades específicas. Essa prática é uma verdadeira análise do ‘estado da arte’ em termos do conhecimento e da tecnologia disponível para o enfrentamento do problema selecionado, por permitir aos participantes pensar em formas inovadoras de organização das atividades previstas, com os recursos disponíveis (TEIXEIRA, 2002). Como resultados, as equipes de saúde têm realizado estudos de territorialização e instituído práticas de acolhimento com escuta qualificada, além da organização de uma mostra de trabalhos produzidos durante o curso. Isto reforça a necessidade de reavaliar processos de trabalho, por meio de uma cadeia integrada de cuidados progressivos à saúde.