Rede Unida, Encontro Regional Nordeste I 2015

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“Quem conta um conto?”: o fortalecimento da autonomia e do protagonismo dos sujeitos implicados no processo de produção da saúde no município de Pau dos Ferros/RN.
Francisco Edmilson Dias Araujo, Magno Marcio de Lima Pontes, Patrícia Leite Santos, Maria Tereza Vieira Holanda

Última alteração: 2015-10-28

Resumo


A estruturação de redes no Sistema Único de Saúde (SUS) busca fortalecer processos de cooperação, ampliando o grau de cogestão entre atores, pactuando as responsabilidades sobre a produção de saúde (TEIXEIRA, 2005). O fomento de redes cooperativas em diversas instâncias do SUS é objetivo principal das ações da Política Nacional de Humanização (PNH), com a criação de métodos operativos de atuação (BRASIL, 2009). As rodas de conversa, o incentivo às redes e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças são ferramentas experimentadas a partir das orientações da PNH; incluir os trabalhadores é essencial para que eles reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças. Esse processo de fortalecimento das práticas de saúde no município de Pau dos Ferros/RN iniciou-se no segundo semestre de 2014, a partir do projeto intitulado “Oficinas do Cuidar”. Inicialmente foram realizadas reuniões com categorias profissionais específicas e então percebida a necessidade de olhar o servidor como capaz de ser protagonista do sistema. A partir disso, encontros com equipes de saúde avaliaram processos de trabalho, agendas, fluxos de vivências cotidianas de cada grupo e como se davam essas práticas, efetivando-se uma metodologia processual de conscientização, dialógica, vivencial, participativa e transformadora. A intervenção de cuidado foi voltada para apresentar e vivenciar as relações no trabalho, apresentando a PNH com objetivo de produzir mudanças nos modos de gerir e cuidar. Atualmente, estão sendo desenvolvidas oficinas com os profissionais das Unidades com uso da metodologia “Tenda do Conto”, experiência exitosa da PNH no Rio Grande do Norte, que busca abrir diálogo por meio da simulação de uma sala de estar à moda antiga e uma mesa sob a qual se colocam objetos trazidos pelos participantes e que carregam consigo algum significado, ficando os trabalhadores livres para expor seus relatos e sentimentos. Como retratam Gadelha e Freitas (2010), na tenda do conto há uma tentativa de desvencilhar-se do que imobiliza, estimulando a formulação de novos problemas e oportunidades de saídas dos espaços tradicionais, denotando que há outra dinâmica no processo de cuidar em saúde. Essa prática tem estimulado a cultura do diálogo entre as pessoas e incentivado o trabalhador a olhar mais para si, cuidando de si para cuidar dos outros, criando-se uma cultura de respeito com foco centrado na gestão compartilhada e no diálogo permanente.

Palavras-chave


Humanização; Vivências; Gestão do Trabalho

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Redes de produção de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

 

GADELHA, Maria Jacqueline Abrantes; FREITAS, Maria de Lourdes. A arte e a cultura na produção de saúde: a história da tenda do conto. Revista Brasileira de Saúde da Família, Brasília, v. 2, p.53-58, 2010.

 

TEIXEIRA, Ricardo Rodrigues. Humanização e Atenção Primária à Saúde. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2005, vol.10, n.3, pp. 585-597. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csc/v10n3/a16v10n3.pdf> Acesso em: 07 out. 2015.