Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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Práxis fisioterapêutica na Estratégia de Saúde da Família - Relatos e atos
JANAINNY MAGALHÃES FERNANDES

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Introdução: Uma das ênfases da Residência Integrada em Saúde, da Escola de Saúde Pública do RS, é a Saúde Coletiva na Atenção Básica (AB). No âmbito da fisioterapia, além da atuação profissional na atenção à saúde cinético-funcional, a residência busca contemplar a prática na Estratégia de Saúde da Família (ESF) a partir da atenção integral e interdisciplinar, do controle social, da educação permanente e da gestão em saúde.

Descrição da experiência: Em uma ESF de uma comunidade vulnerável em Porto Alegre-RS, a atuação fisioterapêutica foi estabelecida a partir de uma organização de acordo com as atribuições e competências deste profissional na AB. As atividades da fisioterapia são dinâmicas e constam de: -Acolhimento, que ocorre tanto em local fixo, estruturado (sala de acolhimento) como no cotidiano, dentro ou fora da Unidade; -Agenda/consulta de fisioterapia, onde pacientes encaminhados pelos profissionais ou que desejam consulta são atendidos de acordo com suas necessidades; -Visitas domiciliares individuais ou compartilhadas com mais de um profissional; -Ginástica laboral e saúde do trabalhador, que ocorre entre os turnos com os profissionais da Unidade; -Ações de prevenção e promoção de saúde, através do Programa Saúde na Escola que utiliza da metodologia educação entre pares com os estudantes; HIPERDIA, denominado grupo Atitude, com ações educativas e de práticas integrativas e complementares com idosos hipertensos e diabéticos; Grupo do Movimento, com atividades cinesioterapêuticas e práticas corporais de prevenção, promoção e reabilitação; Grupo “Em busca da Felicidade”, com usuários de Saúde Mental, através da educação popular em saúde, construção de projetos de vida e diálogos de subjetividades; Horta Comunitária, com produção do cuidado de forma coletiva e participativa, através da plantação, cultivo, colheita e estímulo ao protagonismo comunitário; -Educação Permanente, com dinâmicas participativas entre a equipe baseadas em problematizações do cotidiano do serviço; -Vigilância em saúde, através do levantamento e controle de situações de doença, vulnerabilidades, ações e noticiários do território; -Controle social, com a participação nos conselhos de saúde e ações voltadas para a articulação, mobilização e empoderamento dos usuários; -Gestão, a partir da organização do processo de trabalho, corresponsabilização, realização de referências, contrarreferências e acompanhamento dos usuários na rede de atenção à saúde e gerenciamento de conflitos relacionados ao cotidiano do trabalho.

Impactos: A atuação da fisioterapia na equipe mínima da ESF permitiu mostrar aos profissionais e à comunidade um pouco do seu papel no âmbito da AB, com práticas inovadoras e baseadas em evidências no contexto do uso das tecnologias leves, na humanização, nas subjetividades do cuidado e no enfoque da promoção e prevenção da saúde para além das especificidades de núcleo. Além disso, as vivências comunitárias permitiram à residente um olhar mais ampliado, interdisciplinar, focado em um trabalho vivo e com significado, em defesa da vida.

Considerações finais: A oportunidade da atuação fisioterapêutica no cenário da ESF oportunizou questionar os novos e qualificar os velhos desafios da prática fisioterapêutica no âmbito da AB, permitindo um trabalho em redes, numa visão ampliada e não dissociada entre a micro e a macropolítica do trabalho em saúde e cidadania.


Palavras-chave


fisioterapia; saúde da família;

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Residência multiprofissional em saúde: experiências, avanços e desafios / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2ª edição. Brasília – DF, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Adolescentes e jovens para a educação entre pares: metodologias. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 40 p. : il. – (Saúde e prevenção nas escolas, v. 3) (Série B. Textos Básicos de Saúde).

SANTOS, M.L.M et al. Competências e atribuições do fisioterapeuta na Atenção Primária à Saúde. Fisioterapia Brasil - Volume 15 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2014.