Última alteração: 2014-11-09
Resumo
A experiência trata de um ano de vivências dentro de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no interior do Rio Grande do Sul que mudou meus objetivos dentro da medicina, fortificou muito em minha vida acadêmica o real significado do tripé de sustentação do SUS: Equidade, Universalidade, Integralidade; e sem dúvidas tornou-me consciente da realidade da população brasileira e do dever de curar/acalentar o ser por inteiro e não apenas a sua patologia momentânea.
A primeira tarefa foi observar atentamente o funcionamento da gestão em saúde e tudo que ela envolve dentro da UBS. Fomos apresentados a praticamente todas as manobras de gestão dentro do SUS , desde agendamento de consultas até elaboração do Plano Municipal em Saúde. Após a criação de vínculo com a equipe, começamos a montagem do diagnóstico da comunidade. Vários foram os encontros com as agentes comunitárias de saúde para obtenção de dados, assim como pesquisas no portal DATASUS. Nesse primeiro semestre também montamos o diagnóstico da comunidade de um acampamento indígena.
No segundo semestre, após obtenção do conhecimento sobre a realidade e as dificuldades locais montamos projetos de intervenção que contribuíssem na UBS. Após debates se chegou a conclusão que as áreas merecedoras de nossa atenção eram: conselho municipal em saúde; acampamento indígena; agentes comunitárias de saúde. No conselho municipal em saúde, identificou-se um pequeno desconhecimento da função do órgão dentro da UBS pelos seus membros. Então, montamos apresentações que resumiram os dados do município e as políticas e ações que o estado preconiza que caberiam a UBS local. No acampamento indígena o projeto focou na amenização de danos, e após encontros com a comunidade se tentou junto a prefeitura municipal pequenas estratégias para melhorar a qualidade de vida, como instalação de caixa de água e coleta de lixo mais frequente. Com as agentes comunitárias percebemos que se sentiam nada valorizadas e como elas relataram sentiam-se “o fim da linha do sistema”, realizamos encontros com elas, onde as ouvimos e após criamos uma apresentação com dados e diversos slides sobre motivação, sendo o mais importante a criação do Diário de Campo onde as orientamos como relatar corretamente o que escutam nas casas visitadas. E, o mais gratificante foi ouvir da enfermeira responsável que as agentes melhoraram em muito o rendimento após nosso projeto de intervenção.
Sem dúvidas essa inovação na formação médica, onde aprendemos desde o primeiro semestre a importância da equipe multiprofissional, aprendemos sobre o Sistema único de Saúde brasileiro e nos apaixonamos por ele com a vontade imensa de contribuir na sua melhora nos faz quebrar a cultura do ser médico atrás da mesa e fechado dentro do consultório da UBS nos levando a sermos participativos e fundamentais na gestão da saúde e principalmente aprendemos que podemos fazer muito mais que prescrever receitas.