Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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A diversidade cultural dentro do hospital geral: a construção de um olhar que enxergue as diferenças
Tanise de Oliveira Fernandes, Heloisa Martinez Furniel

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Este trabalho tem o objetivo de problematizar as práticas realizadas ao longo da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) do Hospital Universitário da Grande Dourados/HUGD. A RMS é um programa de pós-graduação lato sensu, destinado às profissões da saúde e caracterizada pelo ensino em serviço. A RMS deve ser orientada a partir das necessidades e realidades locais e regionais, e norteada pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). A localidade em que o HUGD se encontra tem como peculiar característica a diversidade da sua população, representada por diferentes culturas, dentre elas as populações paraguaias e indígenas (das etnias Guarani Kaiowá e Terena). O HUGD recebe pessoas que representam essa diversidade que caracteriza a população da região de fronteira, e de uma cidade em expansão. A partir da experiência da RMS foi possível identificar fatores a serem problematizados neste trabalho, tais como: o despreparo para lidar com a diversidade étnica, cultural e linguística, o olhar fragmentado sobre o sujeito, o predomínio de concepções e intervenções em saúde que não respeitam ou consideram a percepção indígena sobre o processo de saúde e adoecimento. Essa diversidade cultural muitas vezes é vista pelos profissionais de saúde como entraves ao trabalho. No entanto, é necessário fomentar uma discussão que possibilite pensar sobre esta diversidade cultural, bem como sobre os estranhamentos que são gerados pelo encontro com o outro. É importante possibilitar que a diversidade não seja entendida como um entrave, mas sim enquanto uma potencialidade para o trabalho de acordo com os preceitos do SUS com o enfoque na integralidade e equidade. O trabalho com a saúde indígena é permeado por diferenças culturais, linguísticas e sociais, de forma que as discussões sobre essa temática tornam-se imprescindíveis para possibilitar um olhar crítico que dê subsídios para melhorar a qualidade e a resolutividade das intervenções realizadas. Portanto, pensar a saúde indígena é algo de grande complexidade, é necessário considerar as questões culturais e sociais envolvidas nessas comunidades e como elas irão influenciar no processo de adoecimento e saúde deste público de usuários. A aproximação ao seu território e cultura possibilita ampliar a compreensão sobre estes sujeitos, enriquecendo o olhar dos residentes para o cuidado em saúde.

Palavras-chave


diversidade; hospital geral; residencia multiprofissional