Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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Formação para a alteridade: o encontro com a diversidade na atenção em Saúde.
Graziela Turdera, Adriele Freire de Souza

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Introdução: Este trabalho visa problematizar a formação para lida com a diversidade que caracteriza os usuários de Saúde da região de Dourados, a partir da experiência das autoras no programa de Residência Multiprofissional em Saúde. A rede de atenção de Dourados atende além da cidade citada, outros 35 municípios que formam a região da Grande Dourados. Constituem também a parcela de usuários os indígenas que vivem em sua maioria na Reserva Indígena de Dourados (com aproximadamente 15 mil pessoas) e os usuários advindos do Paraguai, uma vez que este país compartilha uma fronteira-seca a menos de 100 km da cidade. Esse contingente caracteriza a pluralidade cultural, social e econômica com a qual os profissionais de saúde lidam cotidianamente em seus espaços de atuação.

Descrição da Experiência: Durante a participação no programa, que tem uma ênfase de atenção à Saúde Indígena, os encontros com usuários advindos de outros sistemas culturais e sociais que não os compartilhados pela maioria se dão a todo momento. Esses encontros tendem a ser marcados pelo estranhamento, pelo desconhecimento e pela insegurança uma vez que se trata de pessoas que dão um sentido muito particular ao processo de adoecimento e à passagem por um ambiente hospitalar. As técnicas ocidentais (não indígenas) para pensar a saúde e os processos curativos desconsideram elementos que para a Saúde Indígena são importantes no tocante de um bem viver.

Impactos: Pensando as especificidades dos indígenas da etnia Kaiowá, por exemplo, apenas uma das várias etnias que compõem a região, o campo de saúde inclui os rezadores, a temática dos feitiços, as ervas medicinais, processos ritualísticos e as relações com pessoas de destaque no sistema de organização social desse coletivo. Todo esse leque cultural não é costumeiramente debatido ou compreendido pelos profissionais que atuam diretamente com essas pessoas. Logo, o cuidado tende a ser pautado no que os não indígenas entendem por saúde, o que por vezes resulta em ações verticalizadas de informação e violências para com o sujeito da alteridade indígena.

Considerações finais: Considera-se importante e urgente a promoção de espaços de discussão e construção de conhecimento para não só atender as particularidades características dos usuários do sistema regional de Saúde, mas também incluir a pauta da alteridade em constantes projetos de formação e capacitação dos profissionais, para que assim as políticas indigenistas de saúde possam fomentar uma verdadeira inserção desse usuário, com respeito a sua singularidade, além de oportunizar o conhecimento e o protagonismo indígena nos cuidados para com sua saúde. Com isso, dá-se um passo para fortalecer o respeito à diversidade e combater os preconceitos que impedem encontros mais harmoniosos e acabam por excluir determinados sujeitos dos campos políticos da Saúde.


Palavras-chave


Psicologia, Diversidade, Saúde Indígena