Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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Formação para Multidisciplinaridade: a Psicologia no campo de atuação de Saúde.
Adriele Freire de Souza, Graziela Britez Turdera

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Introdução: Este trabalho visa problematizar a formação do profissional psicólogo para a multidisciplinaridade, a partir de um relato de experiência vivenciado em um programa de Residência Multiprofissional em Saúde. As autoras, psicólogas formadas em diferentes instituições, com diferentes características (pública/privada), tiveram um ponto em comum no fato de que durante suas formações na graduação discutiram a multidisciplinaridade mais com seus próprios pares do que vivências com graduandos de outras profissões. Logo, a prática da multidisciplinaridade foi colocada como desafio durante a atuação profissional.

Descrição da Experiência: Durante dois anos, as autoras participaram do programa de Residência Multiprofissional em Saúde, convivendo diariamente com profissionais de outras áreas no desafio de produzir Saúde num espaço atravessado pela pluralidade de olhares. Esse fato nos coloca frente ao principal eixo de problematização dessa proposta: a pluralidade de olhares permite uma diversidade de tratamentos possíveis dependendo da perspectiva que se coloca. O hospital e as unidades de saúde por qual se percorrem durante o programa de residência são constituídos por práticas e vieses consolidados em decorrência de se pensar sobre o corpo, o adoecer e a saúde de uma forma positivista: o sintoma, as práticas quantitativas, técnicas curativas, o outro como objeto em detrimento do sujeito.

Impactos: O adoecimento trata-se de um processo que é o desdobramento de vários elementos que se entrelaçam: sociais, econômicos, políticos, além de orgânicos. O cenário da multidisciplinaridade coloca-nos em encontros conflitivos ao nos deparamos com o fato de que não sabemos ainda trabalhar com uma pluralidade de perspectivas frente aos processos de saúde, pois no cotidiano o que se percebe são disputas profissionais para legitimar conhecimentos e muito pouco se vê de relações baseadas na horizontalidade. Por outro lado, apesar das dificuldades, ainda é possível criar espaços de atuação coletiva que teçam outras redes de relações entre os profissionais que produzam novas formas de acolher e cuidar dos usuários. Em alguns momentos, quando as disputas entre os saberes cedem lugar para um olhar coletivo para a atenção aos pacientes, produziram-se práticas em que existiram corresponsabilização, humanização, informação, protagonismo do usuário como preconizado nas políticas de atenção do SUS. Além disso, trabalhos como esse, quando aconteceram, refletiram positivamente na saúde do usuário e de seus familiares, ademais de terem causado um impacto na forma de atuar da equipe técnica, mostrando ser possível transformações que modifiquem o processo do cuidado em instituições tão cristalizadas como é, por exemplo, um hospital.

Considerações finais: Durante o período de vivência na pós-graduação, com muita dificuldade, mas com compromisso, foi possível aprender e desenvolver algumas ações da ordem de uma multidisciplinaridade de conhecimentos. Contudo, pensa-se que essas vivências seriam menos conflitantes se a formação tanto da Psicologia, como de outras disciplinas que fazem parte desses campos oportunizassem mais momentos práticos que suscitassem discussões e reflexões a esse respeito.


Palavras-chave


Formação; Multidisciplinaridade; Psicologia.