Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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A Aprendizagem Baseada em Problemas e o ensino em saúde: Relato de experiência
Débora Sakamoto Silva, Luciana Contrera, Patrícia Moita Garcia Kawakame, Rafaela Palhano Medeiros Penrabel

Última alteração: 2014-11-08

Resumo


Introdução: O ensino de enfermagem no Brasil passou por várias fases ao longo dos anos, refletindo o contexto histórico da enfermagem e da sociedade brasileira. Assim, as metodologias ativas aparecem como opção e tendência, destacando-se a Problematização e a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP ou PBL)1. Na metodologia da Problematização os problemas são extraídos da realidade pela observação realizada pelos alunos. No PBL, enquanto proposta curricular, os problemas de ensino são elaborados por uma equipe de especialistas para cobrir todos os conhecimentos essenciais do currículo. Com o aprendizado centrado no aluno, o PBL possui como aspectos a valorização dos conhecimentos prévios dos estudantes, a indissociabilidade entre teoria e prática, o respeito à autonomia do estudante, trabalho em grupo, educação permanente e avaliação formativa2. Esta proposta curricular vem sendo adotada por vários cursos, inclusive pelo curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), contribuindo para formação de profissionais com capacidades cognitivas e operacionais, sustentadas pela ética e comprometimento. Descrição da experiência: Trata-se da experiência das autoras egressas da primeira turma formada pelo PBL no Curso de Enfermagem da UFMS, no período de 2009 a 2012. A adoção do PBL permitiu que os alunos iniciassem suas vivências práticas já no primeiro ano e durante todo o curso foram instituídos momentos de discussão em pequenos grupos, onde os problemas e potencialidades encontrados eram discutidos, buscando aliar teoria e prática. Os docentes se caracterizaram não como transmissores de conhecimentos, mas sim como facilitadores e fomentadores da busca pelo aprendizado. Os Estágios Obrigatórios permitiram uma experiência única, onde foi possível colocar em prática todo o conhecimento adquirido anteriormente durante as Práticas Específicas e Interdisciplinares. Realizados no ambiente hospitalar e em Unidade Básica de Saúde, os mesmos foram compostos por momentos que contemplaram diagnóstico da situação, planejamento, intervenção e análise dos resultados alcançados. Esta proposta curricular permitiu, assim, melhor aproveitamento da carga horária das práticas e dos estágios, uma vez que a sua forma de condução, nos responsabilizando pelo nosso próprio aprendizado, esclareceu nosso verdadeiro papel nos serviços de saúde, agregando-o em nosso dia a dia e contribuindo para uma formação crítica voltada para a resolutividade. Impactos: O novo profissional formado a partir do PBL possui uma visão concreta do que se define como saúde, conhecendo e intervindo com facilidade na realidade da população. Apresenta maior autonomia, muitas vezes assumindo a liderança da equipe e tornando-se referência para os demais profissionais, que passam a respeitar e valorizá-lo, reconhecendo sua capacidade em buscar e solucionar os próprios problemas, a qual é incentivada durante todo o curso, incorporando-se no indivíduo após o seu egresso. Além disso, forma um profissional crítico e reflexivo, capaz de propor mudanças e contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento à população. Considerações finais: A adoção da nova proposta curricular permitiu a diversificação dos cenários de prática e a construção de um processo ensino aprendizagem gradativo e reflexivo, seguindo um eixo transversal que permeou todo o curso, desde o início dos módulos até os Estágios Obrigatórios.

 

 


Referências


  1. Mitre SM, Siqueira-Batista R, Girardi-de-Mendonça JM, Morais-Pinto NM, Meirelles CAB, Pinto-Porto C, Moreira T, Hoffmann LMA. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência e Saúde Coletiva. 2008; 13 (Sup2): 2133-2144.
  2. Berbel NAN. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface comunicação, saúde, educação. 1998; 2(2): 139-54.