Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PROJETO DE INTERVENÇÃO: Acolhimento no SUS às pessoas vivendo com HIV/AIDS
CAREN DE LIMA TEIXEIRA

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação O projeto foi pensado para ser desenvolvido na Policlínica Antônio Ribeiro Netto (antigo PAM 13 de maio) que está situada na área programática da A.P 1.0, centro da cidade do Rio de Janeiro. Nos anos 1950 foi sede do serviço médico do IAPB – Instituto de Aposentadoria e Pensões Bancárias (IAPB), passando posteriormente a chamar-se Posto de Assistência Médica Treze de Maio (PAM 13 de maio), tendo vínculo com o Ministério da Previdência e Assistência Social e ao INAMPS até 1988, quando passa a ser gerido pelo Ministério da Saúde. O PARN tem como missão, a prestação do serviço público de saúde em regime ambulatorial usando a promoção, prevenção, reabilitação, assistência e vigilância epidemiológica dentro dos princípios do SUS – Sistema Único de Saúde. O projeto de intervenção: Acolhimento no SUS às pessoas vivendo com HIV/AIDS, que se encaixa no eixo 2 deste congresso, surgiu durante o meu período de estágio obrigatório e a partir da convivência com pacientes da clínica de infectologia da Policlínica Antônio Ribeiro Netto. Temos como estratégia a construção de vínculo do usuário com a instituição que o recebe para tratamento da doença, estabelecendo uma relação de confiança entre eles, os profissionais e serviços de saúde pública. (MS, 2012). Para a sua realização, é preciso haver o reconhecimento do usuário como sujeito de direito e a disponibilidade do profissional para a escuta de suas necessidades, avaliando a demanda e a possibilidade de priorização do atendimento dos aspectos psicossociais relacionados à singularidade e cada indivíduo e sua história de vida, considerando as vulnerabilidades e evitando julgamentos ou preconceitos. (Ministério da Saúde, 2012, p.37). O acolhimento poderá ser realizado na chegada do paciente (recém-diagnosticado portador do vírus HIV) ou poderá ser realizado também no sentido de trazer de volta ao tratamento pacientes que por algum motivo interromperam a medicação e comparecimento às consultas médicas e atividades ligadas à promoção da saúde. Desenvolvimento do trabalho Na Policlínica Antônio Ribeiro Netto, o Serviço Social participa do processo de chegada e tratamento do paciente, dando orientações, promovendo atividades de orientação quanto às políticas publicas na saúde e acesso a direitos aos pacientes e seus familiares. É também realizado o trabalho de estabelecer contato com pacientes que por algum motivo abandonam o tratamento. Neste sentido busca-se recuperar o vínculo que o paciente tinha com a unidade de saúde, trabalhando a importância de manter o tratamento médico e fornecer informações sobre acessos às políticas que possam de algum modo possibilitar a continuidade de tratamento na policlínica. A esses dois processos em que o assistente social intervém (chegada e abandono) nomeamos acolhimento, que sob uma postura ética, implica na escuta do usuário e seu reconhecimento no protagonismo nas decisões referentes à vida pessoal. É um desafio para os profissionais da saúde de um modo geral, afinal todos estão envolvidos na prestação dos serviços em saúde e tratamento dos pacientes. E a prática do assistente social, bem como a dos outros profissionais, requerer atenção na relação profissional – paciente, estar aberto ao diálogo considerando aspectos sociais e econômicos, assim como a singularidade dos sujeitos. Deste modo, vamos além do que o paciente nos coloca em sua fala, realizando mediação e análise crítica das relações socioeconômicas que esses usuários estabelecem na sociedade e que de alguma forma podem contribuir ou impedir na continuidade de tratamento e até na busca pelo tratamento. Resultados e/ou impactos: O projeto se encontra em fase de construção e implementação, pois pretendemos executá-lo em coerência com as demandas reais da unidade, sendo assim, não há até o momento dados conclusivos sobre os resultados obtidos. No entanto, já idealizamos o método avaliativo bem como indicadores de avaliação do projeto. A avaliação se constitui em uma etapa importante do processo ensino-aprendizagem e se dará com a autoavaliação, da avaliação realizada pelo coordenador e da avaliação do processo de trabalho. Em relação à avaliação do processo de trabalho os assistentes sociais e estagiários serão estimulados a avaliar se os objetivos do trabalho estão sendo atingidos ou não, o atendimento às principais demandas, quais as possibilidades e limites do processo de intervenção e como as ações se relacionam na política de saúde. Como método avaliativo, usaremos a construção do diário de campo como instrumento de memória, avaliação, relato e sistematização da prática profissional, bem como as supervisões individuais e de grupo no setor onde buscamos a troca de experiências do cotidiano do atendimento aos usuários, participações dos grupos, etc.; além também dos instrumentos comuns de estatística do setor e formulários avaliativos da unidade. Considerações finais. A garantia de efetividade nesse processo é o que explica a prática do acolhimento, pois muitos dos casos de abandono ou não buscar orientação e acompanhamento médico entre os portadores do vírus HIV acontece, pela falta de informação sobre as possibilidades de uma vida minimamente normal para estes pacientes, não adesão às medicações, pelo preconceito já historicamente construído em nossa sociedade e os estigmas já legitimados. O acolhimento no Serviço Social busca trabalhar esses fatores que impedem o acesso destes pacientes à saúde pública, trabalhando a importância do cuidado em saúde e do autocuidado do próprio paciente, das relações de preconceitos que existem na sociedade, mas que não devem ser impeditivos para a busca de uma vida melhor convivendo com o vírus.

Palavras-chave


AIDS; ACOLHIMENTO; SAÚDE.

Referências


Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepátites Virais. Atenção em saúde mental nos serviços especializados em DST/Aids. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL, Lei 8.080/90 Política Nacional de Saúde. 1990

BRAVO, Maria Inês Souza. Política de Saúde no Brasil: trajetória histórica. 2000.

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