Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PERFIL CLÍNICO E EPIDEMOLÓGICO DAS QUEIMADURAS: EVIDÊNCIAS PARA O CUIDADO DE ENFERMAGEM
GABRIELA OLIVEIRA PARENTES DA COSTA, Josué Alves Da Silva, Ariane Gomes dos Santos

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos, ocasionadas por agentes químicos, físicos e biológicos. Podem ser classificadas quanto à profundidade. Primeiro grau, quando as lesões atingem somente a camada epidérmica; segundo grau, quando há comprometimento da epiderme e a camada superficial ou profunda da derme; e, terceiro grau acometendo, além da pele, outros tecidos como o subcutâneo, músculos, tendões e até mesmo os ossos. Quanto maior a área corporal queimada, maior o índice de mortalidade. As causas mais frequentes das queimaduras são exposição ao fogo, água fervente, corrente elétrica, agentes químicos, solução cáustica, entre outros. No Brasil, o número de Centro de Tratamento de Queimados é desproporcional à demanda. A complexidade no tratamento de queimados requer investimentos financeiros, adequação da infraestrutura e equipe especializada e preparada. A realização desse estudo justifica-se pela necessidade de compreender o perfil de pacientes acometidos por queimaduras, bem como verificar como ocorre o trabalho da enfermagem diante dessa problemática, identificando as dificuldades encontradas na assistência ao binômio paciente e familiar. Tendo como principal objetivo verificar a importância da assistência de enfermagem a pacientes queimados. Os objetivos específicos: identificar o perfil clínico e epidemiológico do paciente acometido por queimaduras; identificar os principais desafios da equipe de enfermagem no cuidar do paciente queimado e evidenciar subsídios científicos que contribuam para assistência de enfermagem por meio da aplicabilidade do Processo de Enfermagem (PE) a pacientes e familiares de pacientes queimados.   DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura com abordagem qualitativa. Este estudo foi guiado pela seguinte questão norteadora: Quais as evidências disponíveis sobre os cuidados de enfermagem a pacientes vítimas de queimaduras? O período da coleta de dados foi de setembro 2014 a janeiro de 2015 na Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, por meio das bases de dados LILACS, SciELO, IBECS e MEDLINE. O recorte temporal foi de 2000 a 2014. Para sistematizar a coleta da amostra foram utilizados descritores controlados, todos de acordo com BIREME. RESULTADOS: Vários estudos concluíram que os indivíduos do sexo masculino são os que mais se envolvem em queimaduras e as causas prevalentes são contatos acidentais com líquidos quentes e manejo de álcool e a maioria ocorreram em ambiente doméstico atingindo principalmente os membros superiores. Em relação ao perfil epidemiológico das queimaduras em crianças e adolescentes dois estudos transversais com 182 e 382 pacientes, respectivamente, também encontraram os mesmos desfechos dos autores já citados, além da maior incidência em menores de 6 anos. Segundo a classificação, as queimaduras de 1º E 2º graus foram as mais prevalentes. O ambiente doméstico é o local onde ocorre a maioria das queimaduras sendo a cozinha o compartimento da casa com maior índice dessas ocorrências principalmente com líquidos superaquecidos e ocorrem geralmente ao se puxar panelas quentes sobre o fogão, mexer com lamparinas, velas entre outros, comprometendo na maioria das vezes os membros superiores. O álcool é um produto inflamável e de livre comercialização no Brasil, sendo utilizado para limpeza doméstica, combustão de lenha, carvão e armazenado em locais de fácil acesso. Este produto foi à segunda substância com maior envolvimento em acidentes por queimaduras. Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da Resolução Nº 46, proibiu a fabricação e a venda do álcool líquido a 96º GL (Gay-Lussac) no País, sendo permitida a venda em concentrações iguais ou menores que 54º GL e até o volume de 50 mililitros. Durante os 6 meses de proibição da venda desse produto houve a redução de 60% (90 mil adultos e 27 mil crianças) no número de acidentes com esse produto. Entretanto, uma liminar a favor de um grupo de fabricantes do produto foi concedida e os números de acidentes por queimaduras voltaram a subir. A falta de informação pode ter influência direta sobre os altos índices de queimaduras uma vez que 90% dos pacientes pesquisados possuem baixo nível de escolaridade. Um estudo em que buscou conhecer as perspectivas da equipe de enfermagem em cuidar de pacientes queimados evidenciou que os entrevistados sentem prazer em poder contribuir na evolução da melhora do quadro clinico do paciente e o êxito do empenho refletido no momento da alta hospitalar.  Os desafios enfrentados pelos profissionais segundo o estudo foram: o choque inicial ao se deparar com o paciente, a dificuldade em lidar com o julgamento de culpa do familiar, no caso a mãe em relação a como ocorreu o evento da queimadura afetando a relação da equipe com o paciente e família. Também citaram o despreparo para trabalhar com crianças, o convívio com o sofrimento do paciente e sua dor e a necessidade de maior preparo por parte das instituições de ensino na formação dos futuros profissionais para atuarem nessa área. Muitos profissionais possuem um sentimento de impotência diante da dor do paciente, além de estresse da equipe em lidar com essa situação. Para alguns profissionais o setor de queimados foi o mais difícil que tiveram que exercer durante a profissão.  Além do estresse, relataram ainda sentimento de impotência em lidar com a dor do paciente queimado e dificuldades em trabalhar com pacientes que já tentaram suicídio. Além das dificuldades físicas e emocionais com as quais os enfermeiros têm que conviver existem também as dificuldades em programar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Devido principalmente ao tempo despendido para documentar manualmente as informações e a falta de recursos tecnológicos para ajudar nesse processo. Dois autores fundamentados cientificamente, implementaram um Software (PROGQUEM) para aplicação do PE em uma unidade de queimados, esse sistema mostrou-se eficaz na organização das informações das etapas do processo, proporcionando agilidade e permitindo que o enfermeiro tenha mais tempo para cuidados diretos e individualizados aos pacientes. A inserção do prontuário eletrônico como um instrumento facilitador melhora a comunicação entre a equipe proporcionando rápida troca de informações sobre exames, necessidade de transferência internas, passagem de plantão, tomada de decisões e principalmente a otimização do tempo, permitindo ao enfermeiro maior disponibilidade potencializando a resolutividade do cuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O presente estudo mostrou a grande relevância da assistência de enfermagem a pacientes queimados. Observou-se que os fatores que causam queimaduras são evitáveis, na maioria das vezes, e que o aumento crescente de estatísticas sobre queimaduras a tornam um grave problema de saúde pública. Dessa forma, torna-se importante a realização de educação em saúde nas escolas, hospitais, unidades básicas de saúde e na própria comunidade, a fim de evitar acidentes domésticos que culminem em queimaduras, isso contribuiriam para a diminuição da morbimortalidade causada por esse agravo. Torna-se importante a realização de trabalhos educativos sobre o tema em escolas já que as crianças e adolescentes também fazem parte do perfil epidemiológico das queimaduras. Esse estudo mostrou um avanço nas publicações entre os anos de 2011 a 2014, vislumbrando, assim, a elevação do interesse pela área em questão. Porém, ainda é necessária a realização de mais estudos para fortalecer as evidências sobre a assistência de enfermagem a pacientes queimados.

Palavras-chave


Queimaduras, enfermagem, terapêutica, assistência e diagnóstico