Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Aproximações da história de vida de usuários do CAPS II do Paranoá: vivências para a compreensão do fazer e do ser
Bianca Melo Bastos, Dalila Machado Botelho Oliveira, Daniel Fernando Martin Catoira, Gustavo Henrique Mendes de Oliveira, Letícia Lobato Braga, Mariany Fiúza Braga Pires de Melo, Wando Francisco de Andrade Júnior, Muna Muhammad Odeh

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O presente trabalho busca compreender a realidade vivida pelas usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) no Distrito Federal e também avaliar o serviço e sistema de saúde ofertado a eles. Para isso, foi realizada a sistematização de relatos sobre a vivência dentro dos serviços, contextos e interações sociais, descrevendo as relações entre os usuários, os vínculos entre os profissionais de saúde e usuários, além de dimensionar a relação entre instituições de saúde mental e usuário. A metodologia deste estudo é do tipo qualitativo, tendo como referência a compreensão da dimensão interpretativa dos sujeitos sociais acerca da realidade vivida. Fundamenta-se na perspectiva de que o fazer, isto é, o processo de trabalho mapeia e caracteriza o modo em que o CAPS opera, fornecendo elementos para compreender e avaliar o serviço de saúde.  De modo igual, conhecimentos sistematizados sobre o Ser, que reflete o conjunto das experiências de usuárias no seu processo de tratamento no CAPS que nos informa sobre este ambiente o grau de efetivação dos princípios dos dispositivos substitutivos em conformidade com a Reforma Psiquiátrica que orienta nossas políticas públicas em saúde mental. O estudo evidenciou que o CAPS representa uma ferramenta crucial que apóia essa população nas variadas necessidades de saúde, auxiliando-a a superar o sofrimento causado pelo transtorno mental e pelo estigma. Os usuários são bem instruídos quanto à proposta do CAPS, no que se refere à valorização do que eles já sabem fazer como forma de reinserção social a partir de sua autonomia. Essa autonomia que eles possuem, no âmbito das oficinas, pode levar tanto à organização de suas tarefas, com divisão dos afazeres, quanto à hierarquia entre os próprios usuários, mas, no âmbito social, externo ao CAPS, o medo de perdê-la é fator intrínseco aos indivíduos. Eles têm medo de não voltar a trabalhar, de perder seus amigos, de não ter mais o amor de sua família. É através do fortalecimento que passam no CAPS, ou seja, do aperfeiçoamento de suas habilidades, que eles percebem a chance que têm de voltar à sua condição anterior: mostra-se um processo gradual, do interior para o exterior.

Palavras-chave


História de vida; Centro de Atenção Psicossocial; Reinserção Social

Referências


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