Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA: O SIGNIFICADO DO ESPAÇO DOMICILIAR NA REORIENTENÇÃO DA FORMAÇÃO EM SAÚDE
Ramayana Rubianne Galdino, Adrine Louise Lima, Aline Maria Monteiro da Silva, Dailton Alencar Lucas de Lacerda

Última alteração: 2015-11-02

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Atenção Básica é caracterizada por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção, a proteção, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com a rede de atenção em saúde. Orienta-se pelos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde: universalidade, integralidade e equidade; além de considerar a acessibilidade, a gestão do cuidado, o vínculo, a responsabilização, a humanização e a participação social. Considera o sujeito em sua singularidade, complexidade e inserção sociocultural. Busca a promoção e prevenção da saúde e tratamento de doenças, além da redução de danos ou de sofrimentos, que possam comprometer a qualidade de vida. O projeto Fisioterapia na Comunidade atividade de extensão universitária da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa/PB. Tem como base os pressupostos teórico-metodológicos da Educação Popular em Saúde (EPS), que é compreendida como processo de prática educativa e trabalho social emancipatórios. Contribui para o protagonismo social, direcionada de forma proposital à promoção da autonomia das pessoas. Busca a formação da consciência crítica e à superação das desigualdades sociais. Tem um arranjo interdisciplinar, intersetorial e interinstitucional. Está vinculado ao Programa Mais Saúde na Comunidade da UFPB. Desenvolve parceira fundamental com a Unidade Integrada de Saúde da Família (UISF) do Grotão I, II e III. Intervém em ações conjuntas com as equipes de saúde da família (ESF) no território de sua área de abrangência. As intervenções domiciliares destacam-se como uma das principais e mais efetivas ações do projeto são consideradas estratégicas na reorientação da atuação da fisioterapia neste nível de atenção. Este trabalho tem por objetivo refletir o significado do papel da fisioterapia na atenção básica de saúde, tendo como objeto central a intervenção domiciliar e suas repercussões para reorientação da formação em saúde. Trata-se de um relato de experiência dos estudantes de fisioterapia a cerca de suas atividades dentro da extensão universitária em conjunto com acadêmicos de outros cursos e instituições. As intervenções domiciliares da fisioterapia na atenção básica de saúde fazem parte das atividades de extensão do Programa Mais Saúde na Comunidade. São realizadas semanalmente em dia e horário pactuados com as equipes, e previamente agendadas com os usuários adscritos na UISF. Os usuários são selecionados de acordo com sua condição de saúde e necessidade de atendimento fisioterapêutico, a partir de indicações da ESF. A intervenção é feita interdisciplinarmente por estudantes de fisioterapia e de outras áreas da saúde, participantes do Programa, em ações articuladas e planejadas. As intervenções feitas baseiam-se nos fatores determinantes do processo saúde - doença, considerando também aspectos psicossociais, econômicos e culturais do usuário permitindo uma abordagem integral da situação. DESENVOLVIMENTO: da experiência a atenção domiciliar é uma das estratégias do Sistema Único de Saúde para garantir de forma complementar ou substitutiva mais uma opção de cuidado em saúde e caracterizam-se por ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, visando à continuidade da assistência articulada às Redes de Atenção à Saúde. As intervenções domiciliares realizadas pelo Programa Mais Saúde na Comunidade, estão de acordo com esses princípios, permitindo, através da extensão universitária, uma experiência em que estudantes e professores ressignificam valores como humanização, vínculo, troca de afetos e saberes no espaço do cuidado. Adentrar no cotidiano do usuário proporciona reflexões sobre o sentido do cuidar do outro. O exercício da escuta permite compreender as angústias do sujeito, tornando possível acolher as necessidades do outro. Facilita a construção de vínculos através da confiança entre cuidador e usuário. A experiência criada no espaço domiciliar modifica o olhar do estudante, marcado por uma formação em saúde hegemonicamente biologicista, clínica e tecnicista. A prática do cuidado, orientada pelos elementos da educação popular onde, o olhar integral, a amorosidade, o vínculo, o afeto, as trocas de saberes permeiam as relações entre os sujeitos, reorientam e resignificam a formação em saúde. RESULTADOS/IMPACTOS: Partindo das competências gerais das diretrizes curriculares de fisioterapia em que diz que o profissional deve ter atenção à saúde sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos e, levando em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo de forma humanizada, percebe-se que nosso trabalho como futuros cuidadores em saúde têm uma dimensão mais ampla e resolutiva. As intervenções domiciliares reorientam práticas de atenção à saúde, expandindo nossa visão para além dos muros da universidade e nos colocando em contato com a realidade, onde podemos observar as dificuldades enfrentadas pelos usuários, como: falta de acessibilidade e infraestrutura, atendimento precário, entre outras. Ajudando a construir uma formação mais comprometida com uma sociedade mais justa e igualitária. CONSIDERAÇÕESFINAIS: A intervenção domiciliar faz com que haja mais entrosamento tanto entre os sujeitos envolvidos no processo (cuidador e usuário), assim como, entre usuários e a equipe da UISF. Principalmente com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e com as entidades comunitárias, ampliando nosso campo de atuação e potencializando nossas ações. O estudante tem suas fronteiras de intervenção ampliadas, tendo a oportunidade de avaliar a realidade do ambiente onde o paciente reside e obter várias informações a respeito da realização das atividades de vida diária e suas limitações, que o auxiliam nas orientações, intervenções terapêuticas e adaptações ambientais. Também fornece espaço para troca de saberes entre os estudantes, uma vez que estes pertencem a diferentes períodos e áreas, e, portanto, diferentes olhares. Além de tudo isso para nós futuros profissionais de saúde, vivemos a cada intervenção domiciliar possibilidades de reorientar nossa formação, desprendendo-nos de nossos preconceitos, analisando criticamente nossas concepções, valores e atitudes para a compreensão do outro, sendo essencial, respeitar o ritmo de cada família, sua diversidade cultural e prioridades surgidas em seu cotidiano, ou seja, estamos construindo outro jeito de cuidar do outro.

Referências



Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de atenção básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Educação Popular em Saúde / Comitê Nacional De Educação Popular Em Saúde. - Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

Fava, G. & Sonino, N. O modelo biopsicossocial: Trinta anos depois. Psychotherapy and psychosomatics. Vol. 77: pág 1-2; 2008;

Fisioterapia na comunidade / Dailton Alencar Lucas de Lacerda, Katia Suely Queiroz Silva Ribeiro (organizadores). -- João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2011. 354p. ISBN 978-85-7745-786-5