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Grupo Hospitalar Conceição e Comunidades Quilombolas do RS: Através da Compra Institucional Promoção de saúde e Inclusão Social
Última alteração: 2015-11-04
Resumo
O Grupo Hospitalar Conceição - GHC que é 100% SUS, é a primeira instituição pública de saúde a aderir ao programa de aquisição de alimentos – PAA do Governo Federal, e por meio da modalidade da compra institucional, foi o primeiro a inserir na relação comercial a compra de alimentos agroecológicos das comunidades quilombolas do RS. Esta ação tem como objetivo a promoção da saúde destas comunidades, mas também autonomia econômica e social para estas pessoas que historicamente foram invisibilizadas e alijadas de seus direitos como cidadãos e cidadãs. Entendendo ser este um caminho para o desenvolvimento sócioeconômico e cultural destas comunidades rurais de agricultores familiares, que produzem seus alimentos de forma artesanal sem o uso de agrotóxico. O GHC tem capacitado através de visitas técnicas às comunidades que estão tendo esta relação comercial. A preocupação do GHC enquanto instituição pública de saúde foi repensar em como inserir estes potenciais novos fornecedores num sistema que hoje é excludente pela maneira como é estruturado. Então após se apropriar do decreto previsto em lei lançou um edital específico contemplando então as compras das Comunidades Quilombolas. Nas visitas a estes espaços os relatos são muitos dos quilombolas que informam a satisfação de poder produzir e ter para quem vender seus produtos, dentre eles o de uma senhora idosa que disse “... os parentes ficavam até com problema de cabeça por que tinham que trabaíá nas fazendas e colocavam veneno lá... agora vamos trabalhar só pra nós e vendê, por que aqui é sem veneno...”, ouvir este depoimento reforça o caminho certo que está se percorrendo. Pensar em saúde no sentido mais amplo de seu significado que é também, o bem estar social, é acreditar que a vida destas pessoas pode ficar mais digna para se viver e que gerações poderão estar seguras que não sucumbirão ou será condenada a exclusão, à qual estão submetidas até os dias de hoje. Dentro deste sistema que elimina suas tentativas de busca pelos seus direitos. Prova disto é que mesmo a sociedade sabendo que estas comunidades sempre trabalharam e que chegaram neste país trabalhando muito. Neste caso na agricultura trazendo todos seus conhecimentos e técnicas embora não reconhecida como agricultores e potenciais fornecedores de alimentos. O GHC reconhecendo isto lhes inseriu nesta relação de compra institucional. Todos ganham com a experiência desta política afirmativa, pois os trabalhadores e usuários estarão alimentando-se com produtos agroecológicos sem o uso de agrotóxicos, as comunidades quilombolas tendo oportunidades de se auto afirmar, tendo autonomia e, principalmente que podemos juntos Estado, instituições e cidadãos construir um futuro melhor em oportunidades e justiça social para todos.