Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO FORMA DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DO CÓLO DO ÚTERO NA SALA DE ESPERA
Jorge Lucas Teixeira da Fonseca, Polyana Leal da Silva, Silvana Portella Lopes Cruz

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Educação em saúde tem sido utilizada como uma estratégia de superação do grande fosso cultural existente entre os serviços de saúde e o saber dito científico. Atuando a partir de problemas de saúde específicos buscando entender, sistematizar e difundir a lógica, o conhecimento e os princípios que regem a subjetividade dos atores envolvidos (VASCONCELOS, 2009). Assim, a educação tem sido constituída como elemento propulsor para a transformação social. E vista como ferramenta de suma importância para a construção da consciência política, crítica para mudança de comportamento e atitudes, implicando em ações que incentivam o autocuidado, a autonomia dos sujeitos e participação social (FERNANDES, 2009). A Unidade Básica de Saúde constitui espaço relevante e, um campo potencial para a execução de atividades preventivas no campo individual e coletivo consolidando-se como estratégia para a mudança de comportamentos errôneos, construção de novos saberes junto à população (FERRAZ et al., 2009). Descrever as mudanças de conduta relatadas pelas mulheres após receberem informações na sala de espera sobre formas de prevenção do câncer de colo do útero. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Os sujeitos da pesquisa selecionados foram 18 mulheres residentes no município de Guanambi/BA, na faixa etária de 20 a 64 anos, integrantes das áreas de abrangência da Unidade Básica de Saúde Doutor José Humberto Nunes, no bairro Monte Pascal, Guanambi/BA. Vale ressaltar que a escolha pela referida unidade se deu em decorrência de que as adolescentes desta área, iniciam precocemente a atividade sexual tornando-se mais vulneráveis ao contágio com as Doenças Sexualmente Transmissíveis e em especial ao HPV. A coleta das informações foi realizada nas dependências da referida unidade,  utilizando para coleta de dados a entrevista semi-estruturada, e para a análise dos dados coletados, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo de Laurence Bardin. O presente estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética, onde a mesma foi avaliada e aprovada emitindo o CAAE: 24726013.0.0000.0057 e o Parecer nº. 472.826 autorizando o pesquisador.   RESULTADOS E/ OU IMPACTOS: As participantes do estudo foram 18 mulheres, tendo entre 20 a 64 anos de idade. Estas quando indagadas sobre qual percepção tinham sobre as informações recebidas na sala de espera e, se ocorria alguma mudança na conduta das mesmas, quanto às informações sobre prevenção do câncer de colo de útero. As usuárias relataram perceber o exame citopatológico como forma de se cuidar reconhecendo a importância do exame como possibilidade de uma vida saudável e a sala de espera como de grande valor na disseminação do conhecimento. “Teve a palestra aqui na recepção, aí depois levou um tempo e eu fiz um exame [...] depois eu sempre estou lendo eu pego os panfletos em várias clínicas que eu faço o exame.” (Acácia). “Aqui na sala no dia de quinta-feira já teve uma palestra. Ajudou e mudei. Gostei, eles falam que se tiver algum problema no útero o exame vai ajudar saber qual é o problema.” (Jasmim). “Depois da palestra fiquei preocupada. Depois disso todos os anos eu faço o exame. Antes não tinha preocupação nenhuma.” (Tulipa). “Mudei! Depois da palestra já fiz umas duas vezes o exame aqui. A enfermeira fala direto para eu fazer, mas o enfermeiro não obriga você vim. Você vem se quiser.” (Girassol). “[...] logo depois que eu vi falando, faço agora de 6 em 6 meses para ver se da alguma coisa.” (Bromélia). “A palestra muda a gente porque eu não fazia o preventivo. De certos tempos eu resolvi fazer. Eu nunca tinha feito e depois comecei a fazer. Não fazia o exame porque era descuidada mesmo.” (Azaléia). É percebido nas falas das depoentes que a atividade educativa influência positivamente na mudança de conduta. Destaca–se que o motivo para mudança de conduta resulta na sensibilização da usuária, através das palestras na sala de espera da Unidade Básica de Saúde e suas orientações na consulta de enfermagem. As falas das depoentes evidenciam claramente. De acordo com Reis et al. (2010), a mudança de conduta acontece de forma contínua. Assim, a educação em saúde é vista como uma estratégia de promoção à saúde, onde se efetivam práticas pedagógicas promovendo a autonomia dos sujeitos. Silva et al. (2011), afirmam que a sensibilização das mulheres sobre o câncer e o estímulo às mudanças de comportamento são ações fundamentais para a prevenção primária. Em seu estudo realizado em uma Unidade de Saúde da Família, envolvendo 246 mulheres no município de Orobó/PE, notou- se que a motivação das mulheres em participar das ações de educação em saúde foi conhecer com mais detalhes sobre a prevenção do câncer. Portanto, segundo Germani; Barth; Rosa (2011), a sala de espera pode funcionar como um espaço em que as práticas de educação em saúde e promoção da saúde, sejam maximizadas. Potencializando discussões acerca dos processos do cotidiano das pessoas, criando espaços para reflexões e posicionamentos críticos frente às ações destes na constituição de uma qualidade de vida, bem como na manutenção da saúde, efetivando de fato a participação ativa de todos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Verificou-se que as usuárias compreendem as informações passadas através das ações educativas na sala de espera e esta influência positivamente na mudança de conduta. Destaca-se que o motivo para mudança resulta na sensibilização da usuária, através das palestras na sala de espera da Unidade Básica de Saúde e suas orientações na consulta de enfermagem. Sendo assim. foi possível evidenciar bons resultados em relação à educação em saúde. Podendo afirmar que os diálogos entre os profissionais da saúde e as usuárias, na realidade estudada foram realizados de forma horizontal proporcionando ações que visem à prevenção, promoção e recuperação de agravos, garantindo a troca de informações entre ambos, o que resulta em um serviço mais humanizado. Nota-se ainda que aconteceram mudanças de conduta, após o recebimento das informações e que está possui relação direta com os motivos que levaram à realização do exame, bem como pela participação nas práticas educativas desenvolvidas. Sendo assim pode- se perceber que a sala de espera, esta muitas vezes esquecida pelos profissionais, pode sim ser um facilitador na prevenção de agravos.

Palavras-chave


Educação em Saúde. Sala de Espera. Neoplasia do Útero.

Referências


REFERÊNCIAS

FERNANDES, José Veríssimo et al. Conhecimentos, atitudes e prática do exame de Papanicolaou por mulheres, Nordeste do Brasil. Rev Saúde Pública, v.43, n.5, p.851-8. 2009 Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102009005000055>. Acesso em: 03 mar. 2014

FERRAZ, Fabiane et al. Cuidar-educando em enfermagem: passaporte para o aprender/educar/cuidar em saúde. Rev. bras. Enferm, v.58, n.5, p. 607-610.2005. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672005000500020>. Acesso em: 12 dez. 2014

GERMANI, Alessandra Regina Müller; BARTH, Priscila Orlandi; ROSA, Jonathan da. A sala de espera no agir em saúde: espaço de educação e promoção à saúde. Rev. Perspectiva, Erechim. v.35, n.129, p. 121-130, março 2011 Disponível em: <http://uricer.edu.br/new/site/pdfs/perspectiva/129_160.pdf>. Acesso em: 16 set. 2013

REIS, Deise Moreira et al. Educação em saúde como estratégia de promoção de saúde bucal em gestantes. Ciênc. saúde coletiva, v.15, n.1, p. 269-276. 2010. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000100032>. Acesso em: 02 set. 2013

SILVA, Andréa Rosane Sousa et al. Educação em saúde para detecção precoce do câncer de mama. Rev. Rene, Fortaleza,v.12, n.3, p.952-9.2011. Disponível em: <http://www.repositorio.ufc.br/ri/bitstream/riufc/4621/1/2011_art_cmrmsouto.pdf>. Acesso em: 18 mai.2013

VASCONCELOS, Eymard Mourão. Espiritualidade na educação popular em saúde. Cad. CEDES, v.29, n.79, p. 323-333. 2009. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32622009000300003>. Acesso em: 08 out.2013