Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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FORMAÇÃO DE DOCENTES POR MEIO DO ESTÁGIO DE DOCÊNCIA ASSISTIDA NA FORMAÇÃO STRICTO SENSU
Diana Paula de Souza Rego Pinto Carvalho, Giovanna Karinny Pereira Cruz, Isabelle Campos de Azevedo, Priscila Fernandes Meireles, Viviane Euzébia Pereira Santos, Marcos Antonio Ferreira Júnior

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Programa de Estágio Docência na Graduação desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi instituído pela Resolução nº 100/99 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) por considerar a necessidade de envolver os Programas de Pós-Graduação da UFRN no ensino de graduação e de garantir que a atividade de assistência à docência oportunize a formação do pós-graduando para o ensino. As atividades de Assistência à Docência na Graduação são desenvolvidas por estudantes regularmente matriculados em Programas de Pós-Graduação stricto sensu, nos níveis de Mestrado e Doutorado. Essas atividades constituem parte do processo de formação de Mestres e Doutores para a docência e deverão ser realizadas sem prejuízo do tempo de titulação dos mesmos. Dessa forma, objetiva-se relatar a experiência de estudantes de pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico e Doutorado em Enfermagem no estágio de docência assistida em atividades teóricas e práticas da disciplina de Enfermagem clínica. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A inovação e a pesquisa agregam valor a uma economia baseada no conhecimento, quando a Educação Superior desempenha um papel fundamental para esse desenvolvimento. Tal valor, muitas vezes, significou uma burocratização da pesquisa e uma desvalorização da atividade docente que requer uma abordagem múltipla e complexa do processo ensino-aprendizagem (RIBEIRO, 2010). Como forma de minimizar esse problema, a Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (CAPES) determinou em 2010 a obrigatoriedade do estágio supervisionado na docência, como parte das atividades dos bolsistas de Mestrado e de Doutorado sob a sua tutela. A formação de futuros docentes acontece em duas etapas, que podem ser diferenciadas em uma preparação teórica e outra prática. A parte inicial, a preparação teórica consiste no Curso de Iniciação a Docência (CID) e a segunda parte consiste no Estágio de Docência Assistida. Curso de Iniciação à Docência O CID é de responsabilidade da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, por meio da Coordenação de Apoio Técnico e Pedagógico, em articulação com os Programas de Pós-Graduação da UFRN. É registrado no histórico escolar do estudante de pós-graduação como uma disciplina ou atividade pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação. O curso possui uma carga horária de 45 horas com frequência semanal e permite a contextualização da função social da universidade brasileira, notadamente na educação superior em relação ao projeto institucional da UFRN e permeia conteúdos desde a aprendizagem no contexto do Ensino Superior à Educação Inclusiva no contexto da UFRN com encontros teórico-vivenciais. Também prevê a elaboração do Plano de Atuação do discente referente à disciplina que desenvolverá o estágio até a construção do relatório final. Essa estrutura foi pensada ao perceber que grande parcela dos docentes do Ensino Superior não foi formada para serem educadores, não dispõe dos saberes pedagógicos. Aprenderam a ensinar ao fazê-lo, baseados no princípio de que sua competência advém do domínio da área de conhecimento na qual atuam. Diante dessa realidade, as universidades e os programas de pós-graduação reconhecem a necessidade de políticas de formação específicas para o exercício da docência (RIBEIRO, 2010). Estágio de Docência Assistida: As atividades de Assistência à Docência são aplicáveis obrigatoriamente aos bolsistas do Programa de Demanda Social da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – DS/CAPES, do Programa de Bolsas REUNI de Assistência ao Ensino e aos estudantes com bolsas concedidas pela UFRN, nas modalidades de assistência ao ensino e de apoio à Pós-Graduação. O Plano de Atuação, também chamado de Plano de Docência Assistida, consiste no planejamento semestral para atuação do estudante de pós-graduação, elaborado em conjunto com o professor supervisor da Docência Assistida. No curso de pós-graduação em Enfermagem, o plano de atuação é construído a partir de um planejamento prévio das atividades a serem desenvolvidas no semestre e inclui atividades teóricas e práticas, que vão desde atividades em sala aula, com construção de material pedagógico, em laboratório de habilidades práticas ou em campos de atividades práticas específicas da formação. Uma vez realizado o plano de atuação, com uma carga horária entre seis e doze horas semanais, os estudantes iniciam suas atividades. Neste relato serão abordadas as atividades desenvolvidas na área de Bloco Operatório ofertada aos alunos do quinto período do curso de graduação em Enfermagem, pelo Componente curricular Atenção Integral à Saúde I. Uma primeira atividade proposta no plano foi a elaboração de material didático, em que estudantes de pós-graduação ficam responsáveis por ministrarem algumas aulas na turma de graduação sob a orientação do professor supervisor. Para tanto, realizam um aprofundamento teórico prévio relacionado aos temas de Bloco Operatório, que inclui o Centro Cirúrgico, a Central de Material de Esterilização (CME) e a Unidade de Recuperação Pós-Anestésica (URPA). As atividades de monitoria que fazem parte de projetos específicos dos docentes vinculam alunos de graduação como monitores bolsistas para o componente curricular  em questão. Nesse caso, os estudantes de pós-graduação mediaram a realização dessas atividades de monitoria semanalmente com discussões teóricas sobre o conteúdo, discussões a partir de estudos de casos previamente estabelecidos e simulações de alguns casos realísticos. As atividades práticas supervisionadas em unidades hospitalares, próprias para a formação de enfermeiros, permitiram uma aproximação maior com os estudantes de graduação. No contexto do bloco operatório, houve a inserção dos estudantes de pós-graduação no Centro Cirúrgico, na URPA e na CME do Hospital Universitário, com participação ativa em todas as atividades dentro destes setores, junto à equipe médica e de enfermagem. Após o estágio de docência, os estudantes em docência assistida elaboraram um relatório semestral de atividades a fim de finalizar suas atividades no componente selecionado, a deve ser avaliado pelo docente supervisor e pela coordenação do Programa de Pós–graduação. A concepção de prática docente no estágio de docência busca ampliar a dimensão científica da formação em nível de Pós-Graduação stricto sensu e dos saberes inerentes à profissão de enfermagem, na tentativa de se afastar do “quem sabe fazer, sabe ensinar”, para ancorar no conhecimento pedagógico propriamente dito. EFEITOS PERCEBIDOS DECORRENTES DA EXPERIÊNCIA: Por muito tempo foi possível detectar algumas evidências que decorreram da compreensão inequívoca de que a qualidade da Educação Superior estaria dependente da relação de indissociabilidade do ensino com a pesquisa e dessas duas dimensões com a extensão. Para tal, o lugar da formação para o exercício do magistério superior seria a pós-graduação stricto sensu. Logo os Programas de Pós-Graduação se identificaram exclusivamente com a dimensão da pesquisa, com a valorização da produção do conhecimento em detrimento da sua socialização por meio das novas gerações de estudantes. Estabeleceu-se uma profunda dicotomia entre graduação e pós-graduação, com ênfase no prestígio dessa última que, além de merecer uma formação exclusiva, qualifica, com seus insumos, a carreira do professor. Nesse contexto, se destaca a importância do CID e do Estágio de Docência na formação dos futuros professores. As discussões das propostas de ensino, a leitura aprofundada das teorias de ensino, do processo de ensino-aprendizagem e  os métodos aplicados aos objetivos são necessários para desenvolvimento do compromisso e maturidade intelectual do estudante de pós-graduação enquanto professor. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O Estágio de Docência Assistida permite ao estudante de pós-graduação vivenciar situações de aprendizado contínuo, mediante o exemplo do docente supervisor, a responsabilidade direcionada ao estudante, o compromisso que o mesmo deve ter para com a formação de enfermeiros qualificados, e principalmente a postura ética e profissional.

Palavras-chave


Educação em saúde; ensino; enfermagem.

Referências


Ribeiro, M.L., cunha, M.I. University teaching pathways in a postgraduate public health program. Interface - Comunic Saude Educ. v.14, n.32, p.55-68. 2010.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Resolução Nº 063/2010-CONSEPE, de 20 de abril de 2010.

Oliveira MLC, Silva NC. Estágio de docência na formação do mestre em enfermagem: relato de experiência. Enfermagem em Foco. N.3, v.3, p.131-134. 2012.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (BR). Portaria n.º 76, de 14 de abril de 2010. Regulamento do Programa de Demanda Social – DS. CAPES; 14 abr 2010.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (BR). Portaria n.º 52, de 26 de setembro de 2002. Regulamento do Programa de Demanda Social – DS. CAPES; 26 set 2002.