Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Formação para o Trabalho em Saúde: Vivências no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)
Eliziê Pereira Pinheiro, Tatyane Oliveira Rebouças, Francisco Edilson Ferreira, Gabriela da Silva Santos, Caroline Batista de Queiroz Aquino, Valéria Jane Jácome Fernandes, Joyce Hilario Maranhão, Sarah Benevides Falcão Melo

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tem como objetivo chegar precocemente à vítima após ter ocorrido alguma situação de urgência ou emergência de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras, que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo a morte. Destaca-se neste serviço a relevância do trabalho da enfermagem na prestação de cuidados aos pacientes, visto que está presente nos atendimentos realizados, tanto em unidades de suporte básico (USB), pela atuação dos auxiliares técnicos de enfermagem, quanto nas unidades de suporte avançado (USA), pela atuação do enfermeiro. Neste sentido, o programa de estágio extracurricular PROENSINO-SESA, tem a proposta de facilitar o processo de formação de acadêmicos para atuar em diversos cenários do Sistema Único de Saúde (SUS). Representa a construção e troca de saberes sistematizados entre serviço e instituição de ensino, visando contribuir com a formação dos futuros trabalhadores do SUS, para que estes conheçam a complexidade da rede de Atenção e suas diretrizes no processo de organização dos serviços de saúde. Assegura um espaço à comunidade acadêmica, que no contexto da rede de serviços, permite uma prática reflexiva, contribuindo na formação de alunos e educação permanente dos trabalhadores supervisores enquanto atores deste processo rede hospitalar, rede básica e comunidade. O desenvolvimento de atividades de estágio, foi regulamentado pelo Ministério da Educação (MEC) através da Lei 6494/77 e do Decreto 8797/82, possibilita o contato direto do estudante com o usuário, conferindo uma oportunidade singular de aplicar seus conhecimentos teóricos bem como de contribuir no desenvolvimento de habilidade e destreza nas ações de enfermagem. Dessa forma, acreditamos que as atividades de estágio, principalmente o extracurricular, são de suma importância para a formação deste profissional e por isso devem ser realizadas da maneira sistematizada e orientada, uma vez que o estágio é um processo pedagógico de formação profissional que tenta criar um elo entre a formação teórico-científica e a realidade do meio, é o momento de vincular a teoria à prática. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo descrever uma experiência de estágio extracurricular no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, enfatizando a importância deste para a formação dos acadêmicos de enfermagem.  METODOLOGIA: Estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, desenvolvido no período de março de 2013 a setembro de 2014, durante a participação como bolsista de um programa de estágio extracurricular, não obrigatório, no SAMU-Ceará. As vivências aconteciam de forma sistematizada e tinham carga horária de 20 horas semanais, sendo 12 presenciais e 8 dedicadas à produção e pesquisa científica. OS SETORES ONDE O ESTÁGIO ERA REALIZADO: Núcleo de Educação Permanente (NEP), central de regulação e ambulância, todas as atividades eram realizadas sob a supervisão de um enfermeiro. RESULTADOS: Em algumas situações, os profissionais que atuam em unidades de atendimento as urgências, demonstram de imediato, importante preocupação com a estabilização dos parâmetros fisiológicos do indivíduo que é cuidado, sem considerar os demais aspectos, contribuindo para a prestação de um cuidado muitas vezes fragmentado. Estes fatores podem de forma direta ou indireta interferir no cuidado prestado pela equipe de enfermagem, visto que algumas ações são por vezes negligenciadas em detrimento da prestação de atendimento rápido e eficaz durante as emergências. Em algumas situações, a falta de conhecimento técnico e até mesmo erros durante a realização da assistência interfere significativamente no prognóstico de um paciente. Neste sentido, a inserção em diferentes setores do serviço possibilitou uma aproximação da acadêmica com rotinas pouco estudadas em ambiente universitário.  Vivência na central de regulação: aconteceu em curto período, de um mês, sendo as atividades focadas na observação do atendimento de chamados e o direcionamento dado para cada um deles. Neste setor pode ser observado o quanto é importante a coleta de informações precisas e seguras para agilizar todo o atendimento, melhorando o tempo de resposta. VIVÊNCIA EM AMBULÂNCIA: o ambiente da ambulância gera inúmeras preocupações no acadêmico, visto que os processos de trabalho diferem em muitos aspectos do contexto hospitalar, divergem também de outras atividades práticas que o acadêmico desenvolveu na universidade. Uma questão importante é a da formação do enfermeiro para o trabalho em cenários de emergência, pois infelizmente, o ensino de primeiros socorros em alguns cursos de graduação além de ser deficitário, não está na grade curricular obrigatória dos cursos de enfermagem, o que provoca insegurança no acadêmico que tem a necessidade ou interesse de inserir-se neste contexto. Daí a importância de cada vez mais ampliar o acesso de graduandos aos serviços de saúde, para que a partir de experiências no serviço, este possa tornar-se um profissional preparado para lidar com públicos e situações específicas. Neste sentido, as vivências no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência permitiram à acadêmica participar das etapas de um atendimento pré-hospitalar, desde o momento do chamado, até a prestação da assistência de enfermagem propriamente dita. Realizando check-lists de materiais e equipamentos, medicações, punções venosas, auxiliando em procedimentos invasivos, e participando de treinamentos e cursos de atualização para a prestação de assistência em urgências clínicas, traumáticas, pediátricas, obstétricas, dentre outras. Vivência no Núcleo de Educação Permanente (NEP): o programa também trouxe como experiência positiva a oportunidade de atuar equipe multiprofissional de saúde, contribuindo para o desenvolvimento de competências e um processo de trabalho diferenciado em enfermagem. Nesta etapa, vale ressaltar que a atuação como parte da equipe, foi importante para formação da acadêmica, pois ratificou a relevância da atuação do enfermeiro neste contexto, partindo da necessidade da realização de procedimentos baseados em protocolos, mas compreendendo por outro lado, a importância de oferecer um suporte humanizado e qualificado ao paciente em situações críticas. Ainda sobre a atuação neste núcleo, foi incentivada a participação em processos seletivos, juntamente com a equipe de avaliação do NEP, realizados para os profissionais que desejavam ingressar no SAMU, somando-se a esta atividade, também a organização cronogramas, projetos e cursos a serem realizados pelo núcleo.  CONCLUSÃO: Entende-se que a experiência do estágio extracurricular é valiosa, tendo em vista que insere o acadêmico no serviço, incentivando-o a observar a realidade na qual está imerso e construir críticas reflexivas acerca de sua formação e seu papel como profissional enfermeiro, sendo uma experiência relevante não só para o acadêmico, mas também para a equipe de saúde, que compartilha o seu saber e seu fazer. As atividades realizadas durante o estágio e a vivência no SAMU contribuíram de forma importante para a formação técnica, cientifica e reflexiva da participante do programa, pois oportunizou um olhar crítico sobre a atuação da enfermagem neste cenário especial, rompendo com o modelo tradicional de formação em saúde, orientando-se por um aprender a fazer reflexivo da realidade. Vale ressaltar que a realização deste trabalho é, também, uma forma de dividir uma experiência positiva em um contexto carente de pesquisas científicas e inserção acadêmica. 

Palavras-chave


Atendimento Pré-Hospitalar; Serviço de atendimento Móvel de Urgência; Estágio em Enfermagem