Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EXAME CLÍNICO OBJETIVAMENTE ESTRUTURADO COMO MÉTODO AVALIATIVO NO ENSINO DE ENFERMAGEM CLÍNICA
Diana Paula de Souza Rego Pinto Carvalho, Giovanna Karinny Pereira Cruz, Isabelle Campos de Azevedo, Priscila Fernandes Meireles, Viviane Euzébia Pereira Santos, Marcos Antonio Ferreira Júnior

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


APRESENTAÇÃO: O exame clínico objetivamente estruturado (ECOE), do inglês Objective Structered Clinical Examination (OSCE), foi desenvolvido inicialmente na educação médica na década de 70. Hoje, o OSCE é uma ferramenta de avaliação prática usado para examinar se os estudantes são preparados adequadamente para o ambiente clínico. Trata de um método processual em que os estudantes devem demonstrar sua competência no âmbito de um cenário simulado. Por conseguinte, demonstra a competência para execução das habilidades específicas de enfermagem em condições do exame. Ao contrário de uma avaliação escrita, com conhecimentos teóricos, o OSCE é uma experiência diferente, uma vez que testa as habilidades práticas e clínicas. O OSCE é uma ferramenta de medida de competências clínicas com a adoção de casos padronizados. Este exame pode ser filmado para facilitar o processo de avaliação. Portanto, instituir a simulação de atendimento na formação acadêmica significa incluir o enfoque problematizador e auxiliar na construção do conhecimento. Estudos concluem que os estudantes que tiveram treinamento de simulação apresentam níveis de aprendizado mais elevados. Ambos os instrumentos de avaliação, o OSCE e a simulação, são incorporados em currículos dos cursos de formação na área da saúde em todas as disciplinas, como Enfermagem, Obstetrícia e Fisioterapia em universidades por todo o mundo. Portanto, tanto o OSCE quanto a simulação podem ser vistos como ferramentas importantes na preparação dos estudantes para a sua primeira experiência clínica, por se tratar de uma experiência de aprendizagem positiva. Este método permite a seleção de estudantes monitores para auxiliar a formação de seus pares, particularmente em disciplinas com bases práticas como a Enfermagem Clínica. No entanto, apreciar e avaliar as habilidades clínicas dos estudantes dos cursos de graduação em Enfermagem e mensurar seu desempenho pode constituir um desafio para os acadêmicos experientes e monitores. Embora estes possam apresentar certo grau de experiência clínica, muitos podem ter qualificações formais ou  limitadas dentro do ambiente universitário, o que pode afetar o confiabilidade das práticas de avaliação quando do uso deste método. Dessa forma, os monitores devem ser treinados e supervisionados pelos docentes responsáveis durante a realização do OSCE e atuarem como facilitadores do processo de desenvolvimento do método. Este estudo pretende relatar a experiência de uso do OSCE enquanto método para promoção do processo ensino-apredizagem no ensino de Enfermagem Clínica. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata de um estudo do tipo relato de experiência, referente à experiência educacional dos docentes do Curso de Graduação em Enfermagem de uma instituição pública de Ensino Superior do nordeste do Brasil, vinculados à disciplina de Atenção Integral à Saúde I, que fez uso do OSCE enquanto método de ensino e de avaliação em Enfermagem Clínica. Consiste numa disciplina de caráter obrigatório, oferecida no quinto período do Curso de Graduação em Enfermagem, que aborda conteúdos da e Enfermagem Clínica e Cirúrgica, com carga horária destinada à abordagem teórica, práticas em laboratório de habilidades e práticas em serviços de saúde. Para viabilizar o OSCE, os docentes da disciplina desenvolveram Protocolos Operacionais Padrão (POP) referentes aos conteúdos ministrados na disciplina, a serem aplicáveis nos campos de prática. Os POP foram estabelecidos conforme as necessidades dos estudantes percebidas pelos docentes em semestres anteriores. Dessa forma, a disciplina em questão conta com o auxílio de 09 POP, a saber: Assistência de enfermagem no pós-operatório em paciente com dreno de tórax; Administração de hemocomponentes e hemoderivados; Sondagem nasoenteral; Troca de bolsa de colostomia ou ileostomia; Aspiração de vias aéreas superiores e traqueal; Limpeza de traqueóstomos/traqueostomia; Antissepsia cirúrgica das mãos; Degermação pré-operatória da pele do campo cirúrgico; e Paramentação cirúrgica. As simulações foram desenvolvidas mediante casos clínicos preestabelecidos pelos docentes de acordo com cada conteúdo ministrado em sala de aula. Dessa forma, os estudantes monitores foram previamente treinados pelos docentes e ofereceram aos estudantes matriculados na disciplina horários que permitiram o treinamento dos POP e discussão dos casos clínicos. Dessa forma, percebeu-se que o OSCE é preparado durante todo o semestre, à medida que os estudantes monitores treinaram os POP e discutiram casos clínicos associados ao conteúdo teórico. O OSCE enquanto método de avaliação é apresentado ao estudante como parte do processo avaliativo, que conta com atividades teóricas e práticas. Ele é desenvolvido nos laboratórios de habilidades práticas do Departamento de Enfermagem, geralmente com três etapas, ou três estações de simulação distintas. Essas etapas contemplam pelo menos um caso clínico e duas técnicas da assistência de Enfermagem direcionadas ao caso. A fim de proporcionar qualidade em processos de avaliação é importante que os avaliadores tenham critérios definidos, pois isso reforça o respeito à avaliação objetiva e equitativa dos estudantes (EAST, 2014). Dessa forma, o estudante foi avaliado pelos docentes por meio de check-list previamente determinados. Esses casos simularam situações realísticas e permitiram ao estudante desenvolver habilidades de raciocínio, de condutas de decisões próprias do Enfermeiro e de aprimoramento de técnicas e procedimentos. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Os docentes identificaram nos estudantes melhorias relacionadas ao domínio de conceitos e técnicas referentes ao desempenho nas atividades práticas e melhor desenvoltura nas condutas que envolveram pacientes, familiares e a equipe profissional. Estudos apontam a ansiedade como um fator presente no momento que antecede o OSCE, quando alguns identificam como um problema para os estudantes de cursos de Graduação, outros sugerem que a ansiedade poderia ser uma influência positiva para equipar os alunos com mecanismos de enfrentamento adequados e ensiná-los a lidar com situações estressantes. No OSCE realizado na disciplina aqui relatada, alguns estudantes apresentam alto nível de ansiedade no momento que antecedeu sua aplicação. Entretanto, ao encerrar a atividade, relataram a importância do mesmo para a formação dos enfermeiros, principalmente como instrumento facilitador das atividades em campos de prática. Dessa forma, é necessário que os docentes estejam  uniformizada em sua linguagem e condutas avaliativa durante a realização do OSCE de forma a esclarecerem dúvidas e anseios. Os estudantes ressaltaram a importância dos cenários para a experiência clínica, tanto para a execução de habilidades técnicas quanto para a tomada de decisão referente a condutas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O OSCE foi considerado uma ferramenta para promoção do ensino e avaliação em Enfermagem Clínica, que contribui para a formação de enfermeiros, uma vez que favorece maior aproximação do docente com o estudante  e propicia a redução de barreiras que poderiam existir no processo de ensino-aprendizagem. Também favorece o desenvolvimento do equilíbrio emocional, por diminuir a ansiedade do estudante acerca das atividades práticas e estimula a autoconfiança nas decisões de condutas relacionadas a procedimentos e avaliações diretamente relacionadas à assistência de enfermagem a ser prestada ao paciente. Os principais desafios encontrados para o desenvolvimento do OSCE foram relacionados a sensibilização dos docentes quanto a importância de todas as etapas, desde o treinamento dos monitores até a avaliação dos estudantes por meio de check-lists e a formulação dos casos clínicos.

Palavras-chave


educação em saúde; avaliação; enfermagem.

Referências


STUNDEN Annette, HALCOM Elizabeth, JEFFERIES Diana. Tools to reduce first year nursing students' anxiety levels prior to undergoing objective structured clinical assessment (OSCA) and how this impacts on the student's experience of their first clinical placement. Nurse Education Today. v. 35, p.987–991. 2015.

GALATO Dayani, ALANO Graziela Modolon, FRANÇA Tainã Formentin, VIEIRA Ana Cristina. Exame Clínico Objetivo Estruturado (ECOE): uma experiência de ensino por meio de simulação do atendimento farmacêutico. Interface Comunicação e Saúde. v.15, n.36, p.309-19. 2011.

EAST Leah, PETERS Kathleen, HALCOMB Elizabeth, RAYMOND Debra, SALAMONSON Yenna. Evaluating Objective Structured Clinical Assessment (OSCA) in undergraduate nursing. Nurse Education in Practice. V.14, p,461-467. 2014.