Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AMPLIAÇÃO DO CUIDADO TERRITORIAL AO USUÁRIO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS A PARTIR DA INSERÇÃO DE UMA EQUIPE PET-SAÚDE NUMA UBS DO SERTÃO BAIANO
Grecia Rejane Nonato de Lima, Aléssia Silva Fontenelle, Mariany Carneiro Costa, Cilene Duarte da Silva

Última alteração: 2015-11-03

Resumo


Este relato diz respeito à inserção de estudantes do PET-Saúde – Redes de Atenção Psicossocial Crack, álcool e outras drogas numa Unidade Básica de Saúde (UBS), em Juazeiro/BA. O PET-Saúde objetiva “fomentar a articulação entre ensino e serviço na área da saúde” (BRASIL, 2008). Dividido em seis mini equipes, a linha Saúde Mental, crack e outras drogas: promoção de saúde e construção de redes sociais em Juazeiro-BA, pela Universidade Federal do vale do São Francisco (UNIVASF), foi orientada por duas tutoras, alternadamente, e cada mini equipe acompanhada por um preceptor. Fazem parte da UBS citada: duas equipes de saúde, formadas por agentes comunitários de saúde (ACSs), enfermeiras, auxiliar de consultório dentário, dentista, recepcionistas, técnicos de enfermagem e médicos. A mini equipe em questão contou com duas estudantes do curso de psicologia e uma preceptora (enfermeira). As atividades aconteceram no período de dezembro de 2014 a agosto de 2015. A metodologia utilizada para o referido trabalho foi a cartografia, como meio de guiar o trabalho em campo. Com o objetivo de contribuir com o processo formativo dos profissionais da UBS, no sentido de ampliar o cuidado territorial ao usuário de substâncias psicoativas(SPA) aconteceram: oficinas mensais; salas de espera quinzenais; visitas domiciliares e discussão de casos semanais no território e reunião de supervisão semanal com as tutoras. Objetivando problematizar o cuidado de sujeitos que fazem uso abusivo de SPA, dentre as ações da mini equipe PET, foram construídos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) a partir de casos que mais mobilizam os profissionais, sendo, portanto, considerados casos complexos. O fomento de tal dispositivo, como mostrado por Nunes (2008), vem demonstrando imensa potencialidade para articular o trabalho em grupo. Percebe-se que, para além dos momentos com a equipe PET, as equipes passaram a se encontrar a fim de discutir os casos, reavaliar os PTS’s. Nas oficinas, os temas foram acordados de acordo com a prévia indicação dos participantes, e aconteceram como uma construção coletiva, no sentido de desconstrução de ideias arraigadas a respeito de usuários estigmatizados devido ao uso de SPA’s, bem como de articulação de práticas. As visitas domiciliares aconteceram com a presença do ACS da área, e buscaram um contato mais próximo da realidade local de cada usuário ou grupo familiar visitado, com o intuito que o mesmo esteja implicado no seu projeto de cuidado. Ressalta-se que a articulação de rede que foi estruturada a partir das ações pautadas em cada caso. Nas salas de espera, os profissionais das equipes, acompanhados pela mini equipe, discutiram com a comunidade temas relacionados a problemas decorrentes ao uso de SPA’s, fornecendo-lhes informações úteis e suportes necessários ao cuidado desses. Destes espaços suscitaram casos, que muitas vezes, a própria equipe desconhecia. Conclui-se que a experiência relatada contribuiu de modo significativo para a formação, não apenas das estudantes inclusas no trabalho, bem como para os profissionais envolvidos, que têm a oportunidade de repensar suas práticas de trabalho. Dessa forma, o PET possibilitou a universidade a cumprir sua função social de articular seus pilares: ensino, pesquisa e extensão.

Palavras-chave


SPA; formção; cuidado; PET-Saúde