Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Enfrentamento de enfermeiros (as) líderes na primeira experiência profissional
Patrick Schneider, Maria Isabel Ozuna dos Santos, Ana Luísa Pedron Bona, Anna Carolina Colautti, Gisele Silva Lourenço, Priscila Rodrigues da Cunha, Mariana Mendes, Geórgia Rosa Costa

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: Diante das transformações decorrentes do quadro político social e econômico no Brasil, a Enfermagem enquanto profissão deve ser reorganizada com o intuito de avançar não apenas na formação de um novo profissional, mas, principalmente, de um indivíduo crítico capaz de contribuir para a transformação do contexto em que está inserido. A formação profissional deve ser fundamentada em conhecimentos e na ética, direcionada para a capacidade de identificar problemas, buscando alternativas para superá-los, como o desenvolvimento do raciocínio crítico, a autonomia, a criativa. Neste sentido, percebe-se que o processo de formação do enfermeiro tem como objetivo investir no desenvolvimento de competências e lideranças. Entretanto, ao egressar da universidade o enfermeiro recém-formado se depara com algumas situações nunca abordadas durante a graduação, o que gera uma sobrecarga de ansiedade e medo. Ao assumir um cargo de líder de equipe, o enfermeiro recém-formado muitas vezes tem receio de ser rejeitado, de ser demitido caso não se configure como um bom líder e até mesmo, sente-se despreparado para ocupar um espaço que é de fato seu. Isto tem gerado, na primeira experiência profissional, a necessidade de reinventar-se já que ser enfermeiro envolve o aspecto de liderança diariamente. As competências referentes ao perfil do enfermeiro foram definidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e podem ser identificadas como: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração, gerenciamento e educação permanente. Como metodologia, este estudo fez uso da revisão integrativa da literatura, que buscou evidenciar e discutir as principais características sobre o enfrentamento do enfermeiro na primeira experiência como enfermeiro recém-formado. Foram utilizados cinco artigos, indexados na base de dados Scientific Electronic Library (SCIELO), ressalta-se que os artigos foram escolhidos aleatoriamente e escolhidos de acordo com a melhor abordagem sobre a temática escolhida. DESENVOLVIMENTO: A formação na área da saúde passou por várias mudanças, que propuseram maior crescimento e conhecimentos aos futuros profissionais, a partir das Conferências Nacionais de Saúde e criação de leis orgânicas, a formação de profissionais passou a ter uma visão integral, comprometimento social e formação geral, a partir dessas mudanças ficou claro que o perfil, as competências e habilidades dos profissionais da saúde formados não correspondiam ao exigido pela sociedade da época. Os cursos de graduação em enfermagem tendem a desenvolver um programa de aprendizagem para estimular nos estudantes os valores de enfermagem como profissão autônoma, tendo como centro das atenções é o paciente. Ribeiro (1995) enfatiza a importância da introdução de alterações na formação inicial da enfermagem, tanto no que se diz respeito a conteúdos, como no que diz respeito à forma, utilizando, por exemplo, metodologias que apelem à classificação de valores, confronto com dilemas morais e tomadas de decisões. Porém, logo no início de sua vida profissional, os enfermeiros descobrem que são outras as expectativas das instituições de saúde, que enquadram estes profissionais, geralmente, em tarefas administrativas. RESULTADOS: Dos resultados encontrados, vê-se a grande dificuldade de enfermeiros recém formados em atuar como líderes de equipe. Os estudos apontaram que os maiores enfrentamentos tem ligação com a necessidade de superar o preconceito de terem pouca experiência e também pouca idade; obter credibilidade da equipe; superar as lacunas na formação, especialmente no que diz respeito aos aspectos gerenciais e de liderança da equipe, dificuldade de relacionamento interpessoal, dificuldades de trabalhar em equipe, dificuldades em trabalhar com profissionais desatualizados e escassez de recursos. Esses desafios tinham como ponto de convergência a necessidade de estabelecer um relacionamento harmonioso com todos os profissionais que faziam parte da equipe de trabalho. Ao analisar a liderança em enfermagem, vimos que ela se trata de um processo por meio do qual o enfermeiro influencia outras pessoas, motivando-as a realizar suas ações de modo a atingirem a excelência no trabalho. Outro estudo realizado com enfermeiros recém-formados buscou saber os pontos principais para um bom líder, entre eles foi citada a comunicação, pois com ela o líder pode se relacionar com os demais profissionais e com isso influenciar os outros. Os outros pontos foram: inteligência, autoconfiança, carisma, autoridade, honestidade, destreza técnica e persuasão. Mas para alcançar essa confiança dos demais profissionais, o enfermeiro tem que ter autoconfiança e conhecer o que se passa com a equipe. Foi possível observar que, realmente um enfermeiro recém-graduado não é um produto acabado, precisa de treinamento, incentivo e prática para desempenhar com segurança sua função profissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conforme a Lei do exercício profissional nº 7.498 de 1986, o enfermeiro tem como competências, gerenciar unidade em instituição pública e privada; organizar e dirigir os serviços de enfermagem e as atividades dos técnicos e auxiliares; planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os locais de assistência de enfermagem. Embora o cenário prático apresente-se de forma impactante e difícil para o recém-formado no que se refere à liderança, gerenciamento de conflitos e a tomada de decisão, a lei 7.498/86 desde a sua criação sugere um desafio ao profissional e assegura-o e o incentiva a persistir nas ações, ampliando suas perspectivas acerca da sua atuação profissional. Perceber que muitos sonhos adormecem na medida em que o profissional é devorado por um sistema institucionalizado e que isto faz com que o enfermeiro recém inserido no processo de trabalho sinta-se incapaz de liderar e executar suas habilidades nos fez refletir de forma positiva. Embora sejamos inexperientes no modo de agir, somos um novo modelo profissional, capaz de inovar-se e modificar-se conforme a exigência da situação. Estamos abertos a capacitação, queremos reflexão e ainda buscamos mentores capazes de nos direcionar na tomada de decisão. O importante é acordar, resgatar os sonhos traçados no período de formação, gerir forças que modifique e os torne realidade, somos grande parte da força de trabalho no âmbito da saúde, somos fortes, só precisamos de persistência, de atitude que fortaleça a profissão escolhida. Se somos educados durante a graduação que seremos lideres, porque temos tanto receio em ocupar um lugar que por lei é nosso? Entende-se que políticas devem ser estudadas, sejam estas com interesses políticos, ou mesmo com interesses públicos, porque se tratando de saúde o único intuito político existente deve ser o de que a saúde é um direito de todos e um dever a ser buscado, questionado e solicitado por todos.

Palavras-chave


Enfermeiros; Liderança; Emprego

Referências


AMESTOY et al. Liderança dialógica nas instituições hospitalares. Rev bras enferm, v. 63, n.6, p. 940-5. 2010.

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COSTA, D. G.; DALL’AGNOL, C. M. Liderança participativa no processo gerencial do trabalho noturno em enfermagem. Rev latino-am enferm, v. 19, n. 6, p. 1306-13. 2011.