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APRESENTAÇÃO: A hanseníase é considerada um problema de saúde pública no Brasil, sendo uma doença milenar, infectocontagiosa, de evolução crônica, e que tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae. Pode acometer pessoas em qualquer idade, raça ou gênero, provocando sinais e sintomas dermatoneurológicos, além de ter um poder incapacitante. Entretanto, observa-se que há uma relação entre sua endemicidade e baixos índices de desenvolvimento humano. Tem como principal meio de transmissão as vias aéreas superiores. Os pacientes acometidos são classificados operacionalmente em paucibacilares e multibacilares, e tratados de acordo com sua classificação com um esquema poliquimioterápico padronizado pela Organização Mundial de Saúde. Para que se tenha um controle com vistas à eliminação desta patologia, se faz necessário o diagnóstico precoce e tratamento adequado, realizado por profissionais capacitados, em especial os que se encontram inseridos nas equipes de atenção primária à saúde. Nessa perspectiva, destacam-se intervenções de cunho multiprofissional e interdisciplinar que desmistifiquem a doença, favoreçam o diagnóstico precoce e realizem o acompanhamento de cada indivíduo, antes, durante e após o tratamento, assim como sua família e comunidade, para que se interrompa a cadeia de transmissão da doença e sua estigmatização. OBJETIVO: Descrever a vivência de discentes e docentes em um projeto de extensão e demonstrar os resultados parciais deste. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a respeito da atuação de discentes e docentes da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), além de colaboradores externos no projeto de extensão universitário intitulado “Realizando Busca Ativa e Exame Dermatoneurológico para o Controle/Eliminação da Hanseníase”, iniciado em maio de 2015 e que é desenvolvido na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde São José/Posto de Assistência Primária à Saúde (PAPS), em Cajazeiras - PB. O projeto foi idealizado a partir da preocupação sobre os altos índices de hanseníase na região, com diagnóstico tardio e presença de incapacidades, e no intuito de colaborar com a Unidade Básica de Saúde (UBS) para a detecção mais precoce possível do indivíduo com hanseníase. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: A priori, foi realizado um treinamento com os discentes e em seguida uma reunião com a equipe da UBS para sensibilizá-la sobre o projeto, em especial, para solicitar o apoio direto dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na realização das atividades planejadas.  Posteriormente, os discentes, em duplas, realizaram uma visita técnica com o ACS em sua microárea de atuação, no intuito de conhecerem melhor as peculiaridades da comunidade e do ambiente, bem como seus limites territoriais. Após este momento, foi iniciada a busca ativa em domicílio com a supervisão direta dos ACS e indireta da coordenadora e orientadora do projeto. Os casos considerados suspeitos foram encaminhados para a realização de exame dermatoneurológico na UBS e, quando necessário, no próprio domicílio pelas docentes e profissionais enfermeiras e médicas inseridas no projeto. Durante as visitas domiciliares, os discentes realizaram educação em saúde sobre a temática, inclusive para obter o consentimento livre e esclarecido da avaliação dermatológica de todos os membros que compõem a família. Mediante a confirmação do diagnóstico de hanseníase, o caso era repassado para a equipe da UBS para a devida notificação e acompanhamento integral do indivíduo, providenciando-se, simultaneamente, todas as medidas profiláticas referentes aos contatos intradomiciliares. Esses casos foram apresentados também nas reuniões da equipe do projeto a fim de promover a discussão e contribuir para a qualificação dos envolvidos e interação entre os profissionais e estudantes. RESULTADOS: Em dois meses de atuação, cento e noventa e duas famílias foram visitadas, localizadas em sete das nove microáreas que abrangem a UBS, compreendendo um total de trezentos e noventa pessoas avaliadas até o momento. Partindo desse total (100% das avaliações), noventa e sete (24,9% das avaliações) pessoas apresentaram lesões suspeitas, destas, quarenta e cinco (46,4% do total de pessoas identificadas com lesões suspeitas) compareceram ao exame dermatoneurológico, resultando em sete (15,6% do total de pessoas com lesões suspeitas) casos de hanseníase confirmados. IMPACTOS: Pode-se constatar que mesmo em curto período de execução do projeto, 15,6% das pessoas que apresentaram alguma lesão suspeita foram diagnosticadas com hanseníase, dado de extrema relevância no processo de controle/eliminação da hanseníase. Vale ressaltar ainda, a imensurável colaboração do projeto na educação em saúde na comunidade, minimizando preconceitos e instigando-a ao autocuidado e à maior interação com a equipe de saúde local. Mostrou-se relevante também, o trabalho multiprofissional e interdisciplinar que está sendo desenvolvido entre as equipes do projeto e da UBS, onde ocorrem trocas de saberes, complementação de práticas, elaboração de intervenções em conjunto e implementação de educação em serviço, funcionando como mais um instrumento de educação permanente e repercutindo positiva e diretamente no controle/eliminação da hanseníase. Contudo, muitas pessoas ainda apresentam resistência à participação no projeto, não permitindo a realização da avaliação dermatológica, alegando falta de tempo em vista de afazeres domésticos e laborais. A ausência de membros da família no domicílio, durante os turnos da visitação, também compreende um tipo de resistência. Há, ainda, os que não comparecem à realização do exame dermatoneurológico agendado previamente em comum acordo com as partes. Todos esses casos são repassados para a coordenadora do projeto e para os membros da equipe da UBS a fim de serem discutidos para então haver a elaboração de estratégias de sensibilização-envolvimento destas pessoas com o projeto e a efetivação do exame em tempo hábil. CONSIDERAÇÕES FINAIS: os resultados apresentados são parciais, visto que se referem a apenas dois meses de execução do projeto, interrompido em decorrência de greve, porém com atividades serão reiniciadas após término desta. Frente ao relato, observa-se o quanto são necessárias e importantes ações articuladas pela Universidade com a sociedade, inclusive para a efetivação do dever social que essa instituição possui, cooperando positivamente para a melhoria da saúde da população, com minimização de preconceitos e estigmas; para o apoio aos profissionais de saúde em sua atuação e prática da educação permanente; e, em especial para capacitação dos discentes, preparando-os para o cuidado prestado ao indivíduo, família e comunidade de forma multi e interdisciplinar, sistemático, equitativo, humanizado e holístico, fazendo-os entender a complexidade do processo saúde-doença na prática dentro da comunidade, vivenciando plenamente o que é ser um profissional da saúde comprometido com as suas atividades laborais em prol de uma sociedade mais saudável física e mentalmente. 

Hanseníase; Diagnóstico Precoce; Educação em Saúde.