Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O Acolhimento em Saúde: Concepções e Práticas dos Profissionais da Estratégia Saúde da Família
Érika Andrade e Silva, Júlia Borges Figueiredo, Amanda Silva Cardoso Estevão, Deíse Moura de Oliveira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: O acolhimento é descrito pela Política Nacional de Humanização (PNH) como uma diretriz operacional necessária para a implementação de um novo modelo de atenção a saúde, capaz de gerar possíveis mudanças na produção de saúde. Acolher é entendido como uma tecnologia leve, que diz respeito à qualificação da relação profissional-usuário a partir da humanização e corresponsabilização. Este ato em saúde é relacionado a um atendimento mais digno e resolutivo que emerge diante de uma demanda dos usuários no serviço de saúde. Tal intento remete a necessidade de garantia ao acesso universal do usuário ao serviço de saúde, de maneira a resgatar a dimensão cuidadora dos profissionais, dando forma e de fato implementando tal diretriz. Objetivo: o presente estudo teve como objetivo compreender as concepções e práticas dos profissionais da equipe interdisciplinar com relação ao acolhimento no cotidiano da Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir da significação e prática de tal diretriz, assim como as dificuldades e facilidades para sua efetivação. METODOLOGIA: Pesquisa qualitativa realizada com 15 profissionais, sendo um médico, duas enfermeiras, duas técnicas de enfermagem e 10 agentes comunitários de saúde, de duas equipes da ESF de um município da Zona da Mata Mineira, referência em acolhimento. A coleta de dados ocorreu através de entrevista, com questões abertas, no mês de junho 2015. Os dados estão sendo analisados à luz de Bardin e serão interpretados e discutidos em consonância com a literatura pertinente à temática. Cabe ressaltar que o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, inscrito sob o Parecer nº. 1.054.871. RESULTADOS PARCIAIS: a pesquisa, ainda em fase de categorização, permite preliminarmente evidenciar que alguns profissionais ainda têm dificuldades em visualizar o acolhimento como uma estratégia para o alcance da universalidade no SUS e relacioná-lo à resolutividade, sendo este ainda muito associado ao fato de somente receber o usuário dentro do serviço. Além disso, sua prática é fortemente relacionada à prática médica. Referem ainda que os desafios para a efetivação dessa prática estão intimamente ligados às dificuldades de encaminhamento a especialidades na rede, falta de insumos e de entendimento por parte da população, assim como a falta de transporte, principalmente no que se refere à zona rural. Como fatores que viabilizam as ações referentes ao acolher em saúde, esses profissionais referem um bom relacionamento com usuários e entre a equipe. CONCLUSÃO: os achados apontam que a diretriz do acolhimento ainda tem muito que avançar e que é necessário transformar as práticas de saúde para que estas sejam capazes de atuar em consonância com os princípios do SUS. Sendo assim, é necessário a criação de espaços de consideração da autonomia e valorização do sujeito, onde o acolhimento é implantado com um dispositivo que interroga os processos intercessores que constroem as práticas de saúde e nos permite ouvir os ruídos existentes nesta estrutura.

Palavras-chave


Acolhimento, Estratégia Saúde da Família

Referências


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