Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
Tuberculose e alcoolismo: características sociais, clínicas e epidemiológicas
Aguinaldo José de Araújo
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: A tuberculose (TB) é uma doença que assola a humanidade desde antiguidade e ainda permanece como problema no âmbito da saúde pública, devido às dificuldades existentes para controlar a infecção. Tais dificuldades estão plenamente postas às desigualdades sociais e iniquidades em saúde, as quais afetam diretamente as populações mais vulneráveis. As desigualdades sociais interferem no processo saúde-doença da população, e muitas vezes coloca as pessoas em contextos desfavoráveis e condições de vida precárias, como a violência, pobreza, desemprego e uso de drogas. Nesse contexto, considerando o alcoolismo um problema de determinação social do processo saúde-doença, assim com um importante fator de risco para o desenvolvimento da TB, e consequentemente um entrave para a adesão do tratamento, este estudo objetivou identificar as características sociais, clínicas e epidemiológicas dos doentes de TB que tiveram como agravo associado o alcoolismo, no município de Campina Grande - PB, período de 2002 a 2012. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Estudo epidemiológico-descritivo, de abordagem quantitativa, realizado no município de Campina Grande/PB/Brasil. A população foi constituída pelos casos de tuberculose notificados no período de 2002 a 2012 no Sistema de Informação de Agravos e Notificação, que possuíram associação com o alcoolismo. A análise das informações coletadas foi realizada utilizando-se os programas Tabnet e Tabwin do Ministério da Saúde, onde os dados foram submetidos a cálculos de frequência absoluta e relativa, considerando-se as variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária e nível de escolaridade), clínicas (forma da doença, baciloscopia de escarro 1ª e 2ª amostras) e epidemiológicas (Tipo de Entrada, Tratamento Supervisionado e Situação de Encerramento). RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Foram notificados 166 casos de TB em alcoólatras, com predominância do sexo masculino (87,34%), faixa etária de 18-39 anos (49,40%), baixa escolaridade (54,21%) (cursaram no máximo o ensino fundamental), TB pulmonar (91,60%) e casos novos da doença (74,09%). Em relação às baciloscopias para auxílio do diagnóstico, 68,70% foram positivas na primeira amostra, e 30,72% foram positivas na segunda amostra. No tocante ao tipo de entrada, 145 (87,73%) foram casos novos. As taxas de cura (59,03%), abandono (25,30%) e realização do TDO (53,61%) não atingiram as metas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde. Considerações finais: Os resultados encontrados possibilitaram identificar características importantes entre a associação TB-alcoolismo, o qual se configura como um dos entraves para o controle da tuberculose, implicando em dificuldades na adesão ao tratamento, tendo como resultado as taxas altas de abandono. Espera-se que esses resultados possam fortalecer as ações de trabalho em saúde, ao permitir reflexões de que a TB vai além da clínica, é um fenômeno de determinação social e que necessita desta visão para compreender os fatores agravantes, para então, aplicar as medidas de controle com maior efetividade.
Palavras-chave
Tuberculose; Alcoolismo, Determinação social
Referências
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