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EXPERIÊNCIA DE CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO EM UM CURSO DE ENFERMAGEM POR MEIO DE METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Última alteração: 2015-11-12
Resumo
APRESENTAÇÃO: as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem (DCN-Enf), desde 2001, expressam que o perfil do formando e egresso profissional deve ter uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado para atuar com responsabilidade social e senso de cidadania como promotor de saúde integral em diversos cenários de práticas, entre os quais, citamos a educação em saúde em nível de ensino fundamental e médio. Para tanto, entre os conteúdos curriculares é estabelecido no ensino de Enfermagem os conteúdos pertinentes a capacitação pedagógica do enfermeiro para educação em saúde. Frente a essas prerrogativas, ao longo dos quase 15 anos de existência do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), os diferentes professores e estudantes que pensaram e propuseram mudanças nas matrizes, tiveram o cuidado de sempre manter as prerrogativas das DCN-Enf nos currículos. Na atual Matriz Curricular IV, as ações que dialogam e promovem a capacitação pedagógica para educação em saúde para os futuros enfermeiros estão estabelecidas, mais especificamente, na 2ª fase do Curso, nas disciplinas de Integralidade e Saúde Coletiva I (ISC-I) e Seminário Integrativo II (SI-II). Assim, o objetivo do presente estudo é relatar a experiência de mobilizar a integração entre ensino e extensão, por meio de uma proposta metodológica diferenciada, buscando processos de ensino-aprendizagem dialógicos entre professores e estudantes sobre a interseção dos temas: educação, saúde e integralidade, visando compreender a construção do conceito de educação em saúde e a relação com a saúde de escolares e família. DESENVOLVIMENTO: o presente relato de experiência, expressa a construção pedagógica das disciplinas de ISC-I e SI-II da 2a fase do Curso de Graduação em Enfermagem, a fim de implementar uma aproximação inicial e compreensão de referenciais pedagógicos problematizadores junto a acadêmicos da graduação, bem como mobilizar a construção de uma proposta ativa de integração entre projetos de extensão e o Plano de Ensino (PE) das disciplinas. Ainda, cabe destacar, a busca pela interdisciplinaridade ao inserir em alguns momentos da disciplina a participação de profissionais de diversas áreas da saúde inseridos no Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Estratégia de Saúde da Família, ligados a Unidade Acadêmica de Saúde (UNASAU). Resultados: as disciplinas ISC-I e SI-II, possuem seus Planos de Ensino interligados, pois estão organizados de modo que ao longo do semestre mobilizem os estudantes a compreenderem as diferentes concepções pedagógicas que estruturam a formação em saúde e Enfermagem e, por conseguinte, influenciam a postura ética-social-política que assumem no processo de trabalho em saúde. Ainda, foi possível desde 2014.1 alinhar os PE as ações ligadas ao projeto de extensão – Escola de Pais: educação em saúde, desenvolvido no Território Paulo Freire, sendo que o território trata-se de uma locorregião adstrita a universidade formada por 13 bairros/comunidades, em que ocorrem 16 projetos de extensão. Ainda, ao longo das disciplinas da 2ª fase de Enfermagem é possível mobilizar atividades interdisciplinares e de pesquisa por meio da participação da residência multiprofissional. A disciplina de ISC-I organiza-se a partir dos seguintes momentos: 1. inicia com o reconhecimento do grupo de estudantes e professora responsável pela disciplina, buscando a formação de vínculo, nesse momento a professora expressa a proposta de ensino-aprendizagem apresentando os PE e indaga a turma se pactuam desenvolver as propostas ao longo do semestre, firmando os acordos necessários para que isso ocorra e compondo a divisão de grupos de trabalho que desenvolverão atividades ao longo do semestre; 2. no segundo encontro de aprendizagem, os estudantes são mobilizados em grupo a expressarem seus conhecimentos sobre os conceitos saúde, educação e integralidade, apresentando para a turma em cartazes e fixando os mesmos na sala de aula; 3. nos dois encontros subsequentes são dialogados as correntes de pensamento sobre diferentes pressupostos pedagógicos e, os estudantes individualmente, são convidados e fazer sínteses crítico-reflexivas de artigos relacionados aos temas saúde, educação e integralidade. A partir das leituras e diálogo no coletivo, os estudantes são incentivados ao longo do semestre a completarem informações nos cartazes que compuseram no 2o encontro; 4. no sexto encontro em grupos de 4 a 6 membros, os estudantes estudam as obras do educador Paulo Freire e são convidados a apresentarem de forma criativa aos colegas e professora as principais ideias e conceitos do autor, ainda de forma individual entregam uma síntese crítico-reflexiva de um dos capítulos estudado pelo grupo; 5. do sétimo ao nono encontro, os estudantes são instrumentalizados a elaborar e apresentar um projeto de educação em saúde para escolares do ensino fundamental e médio, estruturados a partir de referenciais problematizadores, com uma construção que segue as normas de elaboração de projetos de intervenção, sendo que para tanto fazem: o reconhecimento das escolas, deixam caixas para levantar a necessidade dos estudantes e professores. Após o levantamento e definição dos temas que serão abordados por cada grupo, realizam uma revisão de literatura sobre os conteúdos que serão desenvolvidos e na metodologia expressam em detalhes os procedimentos que irão utilizar para compartilhar as informações de modo, criativo, ético e que desperte o interesse dos participantes. Cumpre destacar que nesse momento há a inserção dos residentes da residência multiprofissional para auxiliar os estudantes a estruturarem os projetos e esclarecerem temas que são específicos de cada área, ao final da disciplina de ISC-I apresentam os projetos aos colegas e professora. Na disciplina de SI-II, os estudantes desenvolvem inicialmente em sala de aula todas as atividades propostas nos projetos apresentados, sendo que com isso os colegas e professores fazem considerações e sugestões de melhorias. Depois os grupos com o acompanhamento dos professores e residentes vão desenvolver em escolas as atividades junto aos escolares. Cumpre destacar que essa atividade, trata-se de uma das ações previstas no projeto de extensão Escola de Pais, sendo que no PE das disciplinas tais ações estão alinhadas para que possam ser vivenciadas no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes no ensino de graduação. CONSIDERAÇÕES FINAIS: percebemos que os objetivos das disciplinas são alcançados com êxito, promovendo a compreensão e implementação na prática dos conceitos de saúde, educação e integralidade interrelacionados a partir de ações de educação em saúde elaboradas e desenvolvidas junto a escolares pertencentes as escolas municipais que participam do projeto de extensão, sendo com isso atendido um dos momentos propostos nesse projeto que é o desenvolvimento de tais atividades entre escolares e acadêmicos de Enfermagem. A avaliação final realizada das disciplinas sempre expressa a satisfação e reconhecimento dos estudantes de graduação sobre o processo de ensino-aprendizagem mobilizado e o quanto amadureceram pessoal e como grupo ao realizarem as ações propostas por meio dessa metodologia.
Palavras-chave
Educação em Saúde; Saúde Coletiva; Enfermagem; Promoção da Saúde; Saúde Escolar.
Referências
1. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. Resolução CNE/CES n. 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União. Brasília, 2001. Disponível em: http://www.mec.gov.br. Acesso em: 16 de set.2015.
2. UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE. CURSO GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM. Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem – Matriz 4. Criciúma: UNESC, p. 260, 2014.
3. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 34 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2011, 79 p.