Tamanho da fonte:
APLICAÇÃO DO CUIDADO AMIGO DA MULHER: EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DO RECIFE, PERNAMBUCO
Última alteração: 2015-10-28
Resumo
APRESENTAÇÃO: A Organização Mundial da Saúde juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância em 1990 instituiu a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, que tem como critério para adesão das instituições o Cuidado Amigo da Mulher. O critério consiste na garantia de direitos as parturientes como a presença de acompanhante a sua escolha, oferta de líquidos e alimentos leves, a movimentação e adoção de posições de sua escolha (salvo as com restrições médicas), garantia de ambiente tranquilo e acolhedor, disponibilização de técnicas não farmacológicas de alivio da dor, assegurar cuidados que reduzam procedimentos invasivos e a autorização da presença de doula comunitária ou voluntária. Este trabalho teve a finalidade de avaliar o cumprimento dos cuidados contribuindo assim para que os objetivos sejam alcançados e que sejam reconhecidos os direitos da saúde da mulher. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: A pesquisa caracterizou-se como um relato de experiência vivenciado por discentes de Enfermagem da UPE de abril a maio de 2015, em uma maternidade pública do Recife. As discentes foram divididas em grupos distintos e cada uma permaneceu na sala de parto da maternidade durante três dias fixos (segunda, terça e quinta-feira) no turno da tarde, totalizando quinze dias. RESULTADOS: Das 21 situações acompanhadas, 81% tiveram presença de acompanhantes e 19% não tiveram. No que diz respeito à oferta de alimentos, percebeu-se que em 90% das mulheres não foram contempladas e que apenas 10% das mulheres tiveram a oferta de líquidos. No quesito da movimentação durante o trabalho de parto e adoção da posição de escolha da mulher durante o parto, 52% das mulheres tiveram incentivos a deambular e 29% tiveram a livre escolha da posição de parir. Do total das situações acompanhadas, 19% não tiveram incentivo a deambulação e a escolha da posição do parto. Não houve garantia de ambiente tranquilo e acolhedor, como também não existiram privacidade e iluminação suave para as parturientes. Quanto a disponibilidade de métodos não farmacológicos de alívio da dor é cabível observar que apenas 19% das mulheres tiveram acesso a esses métodos, sendo 81% delas não beneficiadas pelo uso de tais métodos. Em 76% das situações não foram presenciados a realização de cuidados que reduzam a necessidade de procedimentos invasivos no parto. No quesito relacionado à presença da doula no trabalho de parto e/ou parto, apesar da maternidade possuir um programa de doulas comunitárias voluntárias, apenas 24% das situações foram contempladas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através da análise das situações presenciadas antes, durante e após o parto, percebeu-se fatores que contribuíram para o descumprimento dos cuidados como a dificuldade de comunicação, resistência em adotar a assistência humanizada e a dinâmica de trabalho do setor, prejudicada pela alta demanda e a quantidade de recursos materiais e humanos disponíveis. Foi observado que as mulheres desconhecem os seus direitos, o que impede que elas os exijam durante o atendimento. Dessa forma, consideramos fundamental o cumprimento do que está previsto em lei, de modo a tornar o atendimento integral e humanizado em sua totalidade.
Palavras-chave
Saúde da Mulher; Parto Humanizado; Direitos da Mulher
Referências
1- UNICEF, 2005. O município e a criança de até 6 anos: direitos cumpridos, respeitados e protegidos/Halim Antonio Girade e Vital Didonet (coordenadores). – Brasília, DF: UNICEF, 2005. [acesso em 2015 jun. 7]; Disponível em: http://www.unicef.org/brazil/pt/municipio.pdf