Tamanho da fonte: 

Uma das premissas básicas do ensino superior é a integração entre formação, trabalho e desenvolvimento social, o que constitui um grande desafio1. A interdisciplinaridade é fundamental para atender às necessidades humanas de uma forma ampla, tarefa impossível de ser realizada de maneira uni-disciplinar. Estamos nos referindo aos diversos saberes constituídos que dão, dentro da sua construção teórico específico, uma leitura suficientemente validada que possa entender o ser humano dentro de determinado contexto2. O SUS necessita de profissionais capacitados para atuar com competência na área da saúde pública, questão trabalhada nos serviços por meio do desenvolvimento de programas de educação continuada e reuniões científicas. Entretanto, ainda é visível na rede pública de saúde o despreparo técnico-científico e político de alguns trabalhadores, concomitantemente a essa constatação, alia-se o fato das instituições de ensino superior (IES) da área da saúde seguirem uma linha de formação baseada mais no modelo biomédico do que nos paradigmas da Saúde Pública.Neste contexto, em 2002 o Ministério da Saúde cria a Assessoria de Relações com o Movimento Estudantil e Associações Científico-Profissionais da Saúde, objetivando aproximar estudantes do desenvolvimento de projetos que visam estabelecer uma política de educação para futuros profissionais do SUS. Para isto surgiram diversas propostas para que o aluno tivesse uma experiência ainda na graduação, entre elas a Vivência e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS), que teve como versão piloto a vivência no Estado do Rio Grande do Sul, sendo posteriormente ampliada para outros estados brasileiros. Foi inserido na política de Educação para o Sistema Único de Saúde (EducarSUS) concebida pelo Ministério da Saúde com a finalidade de discutir e objetivar uma formação de qualidade para o SUS, capacitar profissionais de saúde, estimular a mudança curricular na graduação e especialização dos cursos da área da saúde, bem como a educação popular em saúde, utilizando práticas inovadoras de educação na área3. A vivência é um processo de imersão teórica, prática e vivencial dentro do sistema de saúde dos territórios de abrangência. A imersão é a metodologia aplicada ao VER-SUS , neste modelo de ensino o participante fica 24h por dia, durante todo o período da vivência, disponível para atividades do projeto. É criado o espaço necessário para realização de observações e vivências frente à realidade do Sistema Único de Saúde, participando e interagindo em grupos. São previstas atividades de aprofundamento teórico, a partir de seminários e oficinas didático-pedagógicas sobre aspectos da gestão do sistema, estratégias de atenção, exercício do controle social e processos de educação na saúde e no campo. O VER-SUS possui duração de 7 a 15 dias, de forma transdisciplinar, com a participação de estudantes de graduação de diversas áreas, residentes, técnicos e movimentos sociais. Nesse período, os participantes interagem por meio de diálogo e troca de experiências relacionadas às vivências de cada dia. São disponibilizados para os participantes: hospedagem, alimentação, transporte e material didático4. O projeto VER–SUS que ressurgiu no Estado de Alagoas, em janeiro de 2015, e representou a ampliação da experiência de estágio e vivência na área da saúde, de forma interdisciplinar, agregando diferentes cursos. No ano anterior Acadêmicos da saúde que tinham criado a Liga Acadêmica de Saúde Publica - LASP da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas UNCISAL, sentiram a necessidade de elaborar práticas na realidade do SUS, principalmente no interior do estado e então se depararam com a existência de um projeto, que era  o VER-SUS. Em busca de mais informações de como fazer a adesão ao projeto foram ao 11º congresso da Rede Unida em 2014, colheram informações e contatos e com a adesão de outros acadêmicos que também tinham vontade de trazer o projeto para Alagoas. Após buscas por colaboradores foi criada uma parceria com o projeto VER-SUS de Pernambuco que disponibilizou 13 vagas para acadêmicos alagoanos vivenciarem nas cidades de Caruaru e Goiana, na intenção de que ao retornarem contribuiriam para incorporar essa experiência em nosso estado. Com o retorno iniciou-se a formulação de como faríamos a edição de Verão 2015 a qual depois de várias formações e contatos, realizamos nossa vivência em Arapiraca. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: É um estudo descritivo sobre retomada do VER-SUS no estado de Alagoas. O VER-SUS vem com a proposta interagir com vários cursos, tendo assim um caráter multidisciplinar, buscando a interdisciplinaridade e realiza uma interação as atividades formativas, utilizando como instrumento de levar conhecimento através de vivências, debates e oficinas. Com temas ligados à Saúde Coletiva e ao Sistema Único de Saúde (SUS), que são de vital importância não apenas para o crescimento profissional, mas para a própria implementação do .  Além disso, o VER-SUS trouxe uma imersão no conhecimento teórico-prático sobre a dinâmica da realidade cotidiana do SUS. Foram introduzidos 40 acadêmicos que durante oito dias no município de Arapiraca, puderam ver o quadrilátero; atenção, gestão, formação e participação, fundamental para oportunizar assim um debate de determinadas questões que são pouco priorizadas na formação inclusive com profissionais e usuários de uma realidade diferenciada do cotidiano acadêmico, pois foi principalmente a atenção primária foco das discussões dentro dos estágio de vivências. Na imersão do VER-SUS foi encontrado um sistema mais estruturado de profissionais mais comprometidos e boas experiências dando assim uma oxigenação na luta e defesa do SUS e da importância da boa qualidade do atendimento. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O VER-SUS mostrou ser um importante meio de compreensão e sensibilização colocando estudantes e profissionais da saúde e inclusive de outras áreas em geral em contato com SUS, a fim de que se entenda a abrangência e importância de funcionamento de boa qualidade uma rede de assistência a saúde tanto para a população como para os profissionais, contribuindo para o bem estar e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Aprimora o conhecimento científico e traz choque de realidade no que diz respeito à saúde pública e SUS, através das vivências e discussões . Atua em áreas onde a relação acadêmica-comunidade serve como meio de aprendizado sobre o funcionamento do nosso sistema de saúde. Desenvolvendo um espírito de militância, de luta e defesa do tanto pelo que precisa melhorar associados aos projetos de pesquisa que tem como objetivo sanar necessidades específicas da melhoria de serviços e de promoção da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por meio do programa, os viventes puderam aprimorar seus conhecimentos científicos sobre saúde pública e o SUS. Além disso, a vivência trouxe a eles o sentimento de pertencimento ao SUS, enquanto profissional ou usuário, e o entendimento da importância de uma rede de assistência à saúde de qualidade, equânime, universal e pública para garantia da cidadania do povo. Para os estudantes da área da saúde, lançou-os como construtor do sistema e aflorou sentimentos de humanização no trabalho. E principalmente, o VER-SUS proporcionou um choque de realidade, colocando cada vivente como críticos do sistema de saúde, objetivando a melhoria do serviço e da promoção da saúde.

saúde coletiva; vivências; Alagoas