Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR UM GRUPO TUTORIAL DO PET SAÚDE - VIGILÂNCIA /REDE CEGONHA
Jenniffer Francielli Sousa Alves, Bruce Daniel Queiroz, Juliane Ferreira Andrade da Fonseca, Lívia Alves da Silva, Ludmilla Campos Fernandes Silva, Rafaella Villa Moraes, Valéria Carvalho Araújo Siqueira

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETSaúde) tem como proposta a integração ensino-serviço-comunidade, tendo ações direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS). O PETSaúde da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) é resultado de parceria entre o Ministério da Saúde, a UFMT e Secretarias Municipais de Saúde. Tem como proposta fomentar grupos de aprendizagem tutorial, atuando em áreas estratégicas dos serviços de saúde, proporcionando ao grupo a iniciação da vivência profissional e formação dos estudantes de cursos de graduação na área da saúde, podendo contribuir também para a produção de conhecimento e produção científica para a UFMT, os serviços de saúde e comunidade. O PET Vigilância em Saúde (VS) é uma área do PETSaúde, e dentre os subprojetos, temos a Rede Cegonha, o qual trata-se esse estudo. O conceito de Rede Cegonha tem como marco legal a criação da Portaria Nº1.459/2011, consistindo assim uma rede de cuidados que visa assegurar às mulheres o direito ao planejamento familiar e atenção de forma humanizada durante a gravidez, o parto e posteriormente o puerpério, assegura também a criança o direito a um nascimento de forma segura, ao crescimento e desenvolvimento saudáveis, trazendo ainda como princípios a garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes. O objetivo do estudo foi relatar a experiência no planejamento e execução do projeto de intervenção proposto pelo grupo tutorial do PETSaúde-VS/Rede Cegonha. Este relato é um produto concernente a esta atividade, que foi realizada na Equipe de Saúde da Família (ESF) João Bosco Pinheiro localizada na periferia do município de Cuiabá, MT com a duração de 24 meses entre junho de 2013 a maio de 2015. Atualmente a unidade atende uma população aproximada de 1040 famílias cadastradas (2013), com cerca de 3 a 4 mil pessoas e com 1.419 mulheres em idade fértil-15 a 49 anos. Esta ESF foi o espaço de vivências do grupo de discentes da graduação do curso de Enfermagem, Saúde Coletiva, Psicologia, Biologia sob a orientação da preceptora, enfermeira da equipe e da tutora, docente da UFMT, onde puderam dialogar com os usuários e os profissionais, possibilitando a observação de toda a rotina do processo de trabalho e das atividades desenvolvidas. Para a construção do projeto de intervenção utilizou-se a metodologia da problematização que incorpora o esquema de Arco de Maguerez. Tal arco parte da realidade social e após análise, levantamento de hipóteses e possíveis soluções, retorna à realidade. As consequências deverão ser traduzidas em novas ações, desta vez com mais informações, capazes de provocar intencionalmente algum tipo de transformação nessa mesma realidade. Para o desenvolvimento dessa metodologia, é necessário seguir alguns passos: (1) observação da realidade (levantamento do problema); (2) pontos chaves; (3) teorização; (4) hipóteses de solução e a (5) aplicação à realidade (prática). Após a utilização da metodologia adotada observou-se os problemas reais da ESF em relação às diretrizes da Rede Cegonha, foram: baixa adesão das mulheres ao exame de colpocitologia oncótica (CCO); diagnósticos por vezes tardio de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) na comunidade, incluindo gestantes, sendo este agravo ainda não notificado no sistema de informação (subnotificação); ausência de atividades educativas voltadas as adolescentes, mulheres e gestantes e, programa de planejamento familiar ineficiente. O projeto de intervenção foi nomeado como Vigilância à saúde sexual e reprodutiva da mulher e as atividades foram divididas em 3 etapas, sendo elas: 1ª etapa – realização de oficina de sensibilização da equipe de saúde, realizando 3 encontros, sendo um semanal com a equipe da ESF e o Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF), com o objetivo de integrá-los no projeto e promover a realização das ações de vigilância em saúde da mulher, conforme os problemas já identificados. Posteriormente, foi realizada uma atividade dividida em duas etapas aos profissionais da equipe, com o objetivo de discutir as temáticas apresentadas como problemas e inseri-los no processo, ressaltando a importância do papel deles enquanto profissional de saúde; 2ª etapa – criação de um grupo de mulheres na comunidade, com o objetivo de trabalhar com temáticas relacionadas a saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar, controle de IST’s e sensibilizá-las sobre o empoderamento de seus direitos sexuais e reprodutivos. Nessas rodas de conversas do grupo de mulheres foram aplicadas dinâmicas relacionadas ao tema, instigando-as a participarem ativamente, compartilhando experiências pessoais, expondo suas dúvidas e as sensibilizando da importância da realização de exames preventivos e do planejamento familiar do que tange ao seu conceito da opção de escolha do momento de ter ou não ter seus filhos. E, a 3ª etapa – realização de oficinas sobre a temática da sexualidade na adolescência na escola da área de abrangência, com o objetivo de sensibilizá-los e realizar uma reflexão no que se refere a saúde sexual e reprodutiva com o auxílio da caderneta do adolescente. Estas oficinas foram divididas em duas etapas, sendo a primeira realizada em cinco turmas do ensino médio (14 a 18 anos), já a segunda foi realizada com as turmas do ensino fundamental (11 a 13 anos), sendo realizadas rodas de conversas com seis turmas em dias distintos. Nessas oficinas, os adolescentes participavam ativamente das discussões e tiravam dúvidas. Na escola ainda ressaltou-se a importância da imunização contra o Papilomas Vírus Humano (HPV) que passou a ser disponibilizada na rede pública de saúde em 2014, fazendo parte hoje do calendário vacinal de meninas de 9 a 11 anos. Além disso, ao longo do desenvolvimento do projeto, realizou-se busca ativa de mulheres na comunidade para a realização do exame de CCO, o grupo de sala de espera de gestante, a melhoria dos dados de registrados nos relatórios, a busca pela notificação a cada caso do IST diagnosticado, a referência para outros serviços nos tratamentos de resultados com alterações celulares significativas, e ainda, a melhoria na qualidade da assistência prestada pela equipe no cuidado à mulher. No que concerne a produção científica, este projeto gerou 4 resumos expandidos apresentados em congressos nacionais e 2 em congressos regionais. Ainda, caminha com a produção de 3 manuscritos para serem submetidos para apreciação em periódicos da área da saúde. Essa vivência trouxe um enriquecimento único na formação do discente e um aprendizado para profissional da equipe de saúde, o que possibilitou melhorias significativas na atenção à saúde da mulher, além da aproximação da tríade ensino-serviço-comunidade, sendo o SUS espaço prioritário para que isso se efetive. As atividades propostas neste projeto incentivam e orientam para a continuidade das ações desenvolvidas no local.

Palavras-chave


Vigilância em Saúde; Saúde da mulher; Educação para a saúde.