Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PermanecerSUS: dos primeiros passos à consolidação da formação profissional da(o) psicóloga(o) para SUS
Elizabete Oliveira Santana, Elder Vargão Borges

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


Este relato de experiência trata da contribuição do Programa Permanecer SUS na formação de psicólogas (os) para o SUS, especialmente na consolidação de uma referência de comprometimento e postura ético-política enquanto trabalhador (a) da saúde púbica. O objetivo é registrar as repercussões da experiência precoce por meio de estágio multiprofissional, extracurricular e que inclui suporte de supervisão, preceptoria e educação permanente. O Programa Permanecer SUS surge em 2008, no contexto de ações de reorientação da formação profissional em saúde, através da Diretoria de Gestão do Trabalho na Saúde, da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia. Ele é orientado pelo princípio da integração trabalho-educação, inicialmente com cenário de práticas as unidades de emergências dos Hospitais Gerais. O eixo norteador é o acolhimento, dispositivo e diretriz da Política Nacional de Humanização. Este programa realiza a aproximação de estudantes com a política pública de saúde, muitas vezes promovendo o primeiro contato destes com o SUS. O Permanecer SUS busca forjar junto a seus (suas) estagiários (as) o desenvolvimento das chamadas tecnologias leves, como escuta, acolhimento e vínculo, e a interlocução entre as diversas disciplinas que o compõe (núcleos) e a saúde pública (campo). Para a psicologia, especialmente, criou um espaço complementar na formação, que preenche uma lacuna relacionada a possibilidade de atuação para além do modelo clínico individual e privatista. Esta foi a primeira experiência de trabalho interprofissional e formação interdisciplinar da (o) autor (a), que geraram competências e exercitaram habilidades, como, por exemplo, a cooperação, a colaboração, a comunicação horizontal, a reflexão e o olhar crítico sobre a prática e sobre os problemas de saúde, definição de objetivos e metas como construções de percursos para facilitar o acesso, discussão de casos, registro de ocorrências e outras rotinas. Foram vivenciados elementos impulsionantes do fazer em equipe e que nos remetem uma noção de cuidado integral e singular, que atualmente é chamado de clínica ampliada. Como resultados, reconhecemos a compreensão da humanização como referência para operar práticas de saúde, ao provocar o desenvolvimento da habilidade de escuta qualificada, acolhimento e corresponsabilização. Esta deve ser atitude ético-política de qualquer profissional de saúde, pois é um componente do processo de organização do trabalho em saúde. Propiciou também o reconhecimento do SUS como uma conquista e direito da população, reconhecimento do usuário como sujeito de direito. Tal que, aliado à tomada de consciência dos(as) trabalhadores(as) como operadores(as) da política de saúde gerou a compreensão da relevância do trabalho em redes vivas e dinâmicas, através de pactos que são também subjetivos e que vão além da necessidade imediata de saúde que o (a) usuário (a) apresenta. Por fim, conhecer e aproximar-se do serviço de saúde, junto a trabalhadores(as) e usuários(as) do SUS e suas problemáticas e potencialidades, faz reconhecer um caminho a seguir. Esta experiência garante que o SUS cumpra sua função constitucional de formar profissionais de saúde sensíveis, competentes e comprometidos com a sua efetivação.

Palavras-chave


Saúde Pública, Formação em Saúde, Política Nacional de Humanização,